Capítulo 4

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Aletha acordou rapidamente. Na porta da casa, se ouvia um punho a bater. Dormia abraçada a maga, que estava sorrindo como se tivesse bons sonhos. Ela sacudiu a outra levemente em poucos segundos, sem alterar respiração ou fazer barulho, Sarah se levantou. Olhou para a porta e abriu a boca como surpresa. Ajudou Aletha a levantar e apontou para uma das portas abertas: Um quarto escuro cheio de roupas. Se esforçou para fazer uma cara de sono e se dirigiu a porta enquanto a outra andava sem produzir barulhos até o outro cômodo. A maga abriu a porta e viu seis soldados e sete soldadas. A do meio tirou o capacete emplumado dela e se revelou a mesma que tinha vindo ontem. Disse com uma voz tristonha e apreensiva:

- Terminou a poção?- Ela murmurou, com uma voz de fadiga e peso no coração. Sarah assentiu e colocou as poções organizadas em duas caixas de madeira e as lacrou. Olhou para o grupo e sentiu a falta de alguém.

- Cadê o Gegeis? Doente? - Ela perguntou, soltando um leve arroto em seguida. Olhou para os olhos acinzentados da moça. Então viu, lá no fundo, uma dor se revolvendo. Lágrimas brotaram de suas pálpebras. Ela teria caído aos prantos naquele momento se não fosse pelo treinamento dela. Pegou as caixas e colocou em uma mula que eles tinham trazido juntos, cada caixa de um lado presa por um acessório de couro. Sarah tocou o lábio inferior e desenhou no ar um círculo, em frente a testa. Era o símbolo da Resistência Negra, que era contra o sistema controlador imposto pela Rainha Escarlate. A soldada assentiu e retribuiu. Se virou e montou em seu cavalo.
Sarah se virou e falou com Aletha:

- Vamos treinar magia.

Floresta de Norftsvill, Clareira Azul

- Cajado ou varinha? - Perguntou Sarah. Aletha gaguejou então disse "varinha". Em suas mãos surge um livro branco e vazio com uma varinha de salgueiro simples estampada.
- Esse é o seu Faham. - O livro brilhou. - Um Faham se caracteriza por um livro composto por magia Carmínea, ou seja, sentimentos e ideias. O livro vai se modificando de acordo com você. Quanto mais escura a cor principal, mais misteriosa você está se tornando e mais imaginativa. Quanto mais claros os detalhes, mais amarga é você. Quanto mais claro o principal, mais claramente você se mostra e mais tem pé no chão. Quanto mais escuro a secundária, mais você é persistente. Quanto mais chamativas as letras, mais determinada você é. - Ela falou tudo isto sem respirar. Tirou o livro dela da bolsa e mostrou: Um livro negro, de detalhes brancos e letras grandes e reluzentes. - Coloque seu livro entre as palmas da mão.

Aletha colocou o livro entre as mãos. O mundo começou a se revolver. O livro brilhou e se revelou em tons azul cinzentos meio termo entre preto e azul claro, com detalhes roxos e letras da mesma cor, de tamanho moderado. Não tinha aparência muito boa, mas ela sentia que o livro era feito para ela.
- O Faham é o que te dá magia. Se você tem o Faham, você tem um canalizador. Para praticar magia, o Faham tem que de algum modo estar com você. E quanto mais tempo você anda com ele, mais ele entra em afinidade com você. Se você se separa dele por muito tempo, ele esquece de você... e quando um deles esquece você, você perde parte de seu ser não podendo usar outro Faham até recuperar o seu antigo... Xamãs poderosos conseguem tomar o Faham dos outros praticantes de magia... e quanto mais deles eles tem - Ela olhou para o próprio livro - Mais perigosos e poderosos ficam.

Depois de alguns segundos olhando para o livro, ela levantou o olhar.
- Pegue a varinha da estampa - Ela apontou.
Aletha olhou com cara de "Hã?" Para a outra.
- Pegue!
Aletha encostou a não na estampa. Sentiu uma sensação estranha nos dedos, como se estivessem sendo congelados e picados com agulhas. A varinha se materializou na mão dela. Era reluzente.
- Nem demorou tanto... Parece que você já praticou magia. Eu demorei mais de treze horas para fazer esse truque.

Ela suspirou e abriu a mão. Um boneco de pano e palha se materializou ele tinha uma cara feliz.
- Eu não vou machucar ele! - Aletha reclamou.
Sarah olhou com uma expressão vazia.

- Prefere enfrentar algo de verdade?

- Sim.

Sarah tirou de dentro do Faham uma estatueta de pedra branca. Posicionou a mesma sobre um tronco e sussurrou algumas palavras. A estatueta cresceu, ao tamanho de um humano. A pedra parecia pele e carne. O ser vestia uma armadura de aço, e em suas mãos tinha uma espada de cobre. Ele atacou.

- Se defenda.

Aletha não precisou de mais ordens. Segurou em uma mão seu livro e em outra a varinha. Ambos brilharam em cor dourada. Um feitiço se conjurou do nada, uma parede branca de força, que ao ser tocada pelo ser, se desintegrou junto com ele.

- Magia etérea branca.

Sarah começou a se interessar pelos poderes de Aletha.

- Vamos fazer uma outra coisa. - Sarah pegou a varinha em uma mão e um cajado na outra. Sorriu. - Me ataque.

Castelo Lunar
- Senhora Lunar, tem certeza que...
- Sim! Mande todos os cavaleiros para a cabana e liberte as duas! Elas são essenciais!

- Senhorita Lunar? - Falou uma voz - Aletha voltou?

- Sim Melia! - Lunar foi até a parede onde estavam penduradas várias espadas intocadas de enfeite. Ela escolheu uma delas, uma feita de ouro e jóias.

- Minha senhora, o exército ainda está ferido por causa da última batalha...

- Então Vou eu sozinha!

- Você é a única proteção desse reino Lunar!

- E ELA É A SALVAÇÃO DO MUNDO!

- Você acha que escarlate sacrifica o povo dela? Não! Por mais maligna que ela seja, para ela o povo é insubstituível!

- PARA MIM, O MUNDO É INSUBSTITUÍVEL! EU NÃO VOU DEIXAR ELA OBTER PODER ABSOLUTO SOBRE TODAS AS CRIATURAS DESSA TERRA.

- PELO MENOS ELES TERIAM UMA RAINHA FIEL.

Lunar se calou. Ódio aflorou em sua expressão. Ódio puro.

- Então... Não sou uma rainha fiel ao meu povo?

- Senhora Lunar, eu não quis dizer isso...

- Eu fiquei malditos cento e treze anos pela queda de escarlate. Eu esperei vinte e dois anos pela volta de Aletha Aalis. Cuidei por trezentos anos do Reino Lunar. Carreguei essa coroa por trezentos anos, nunca falhando com meu povo. Passei três séculos da minha vida milenar com esse mesmo povo. Reagi com temperança ao me deparar com rebeliões. Eu enchi o povo de DETERMINAÇÃO...

- Lunar...

- Eu não sou uma rainha fiel?

As duas se encararam por momentos. A dama branca se virou e correu com lágrimas nos olhos.

- Negra e Cinza, protejam o reino.

Ela colocou a espada no coldre.

- Eu vou lá.

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