Bye bye 2004

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Sheffield- 31 de dezembro de 2004.
Alex pov.

Desde quando havia terminado com Lizzy, eu não a via. Não porque eu não queria, mas porque algo dentro de mim não me permitia.

Algo dentro de mim tentava se convencer de que seria mais fácil se não visse ela.

Mas estava errado.

O afastamento não iria diminuir e muito menos anular o que eu sentia por ela.

Mas sinceramente, não iria mais ficar me lamentando por isso.

Eu não podia.

O ano, dentro de poucas horas, se romperia e tudo seria novo. Pelo menos esperava que fosse assim.

Estava de bobeira, escrevendo qualquer coisa quando o meu celular começou tocar.

Ligação on:

-Fala moleque! Tudo bem?

Era Matt.

- É cara, estou levando.

- É o seguinte: hoje à noite, tem um barzinho no qual podemos romper o ano, eu, você e os caras, com muito álcool correndo em nossas veias! - ele falou tão animado que pude sentir a sua vibração através da linha telefônica.

- É, acho que pode ser uma boa. - falei, sem muita animação.

- Uma boa? Vai ser ótimo! Estaremos passando para te buscar umas 22:30.

- Não Matt. Prefiro ir no meu carro.

- Porque Turner? Vai pegar gatinhas por ai, tigrão?

- Você e essas suas brincadeiras.

- Enfim, Turner. Encontre-nos ás 23:00 nesse bar.

E me passou o endereço.

Ligação off.

É, talvez não fosse tão ruim acabar o ano de 2004 em um bar, nada sóbrio.

                          *

Havia me arrumado. Estava pronto para ir.

Mas será que estava realmente pronto para fingir felicidade?

Havia decidido não ficar parado, pois não iria acontecer nada se eu permanecesse no quarto.

Então entrei no carro e sai dirigindo.

O vento batia em meu rosto, me trazendo uma paz de espirito e frescor.

As ruas estavam iluminadas e as pessoas estavam felizes.

De certa forma aquilo me atingiu, como uma onda súbita de alegria.

Dirigia descontraidamente, em direção ao meus amigos. Em direção ao ano novo.

Cheguei no bar e os caras já estavam animados, bebendo shots.

-Fala, cara!- Jamie bateu em minha mão, já em um estado meio alterado.

- Vai devagar ai, cara- falei.

E pedi uma cerveja no balcão.

Ficamos conversando diversos assuntos e sobre o futuro de nossa banda (que decidimos chamar de "Arctic Monkeys") até todos começarem a contagem regressiva em uma só voz.

- 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1 ... FELIZ ANO NOVO!

Todos comemoravam, estavam felizes. E eu estava me divertindo.

Talvez a ideia de ter vindo à esse bar não tenha sido ruim.

                         *

Por volta da quatro da manhã, eu sai sozinho do bar.

Havia estacionado o meu carro um pouquinho longe por não ter vaga, por isso tive que andar um pouco.

Ao andar, abaixei um pouco minha cabeça para acender um cigarro, vício esse que Lizzy havia me passado.

Ao levantar a cabeça, uma loira andava na minha frente.

Apesar de estar de costas, o corpo daquela mulher era idêntico ao de Lizzy.

Era Lizzy?

Não podia ser...

Mas e aquele corpo? Eu conhecia e havia dedilhado aquele corpo como a minha primeira guitarra.

Estava levando em consideração o fato de já estar meio alto, mas mesmo assim, optei por chamar o seu nome.

- Lizzy?

E ela virou e me encarou.

Em seu olhar eu vi a mistura de surpresa e tristeza. E eles cintilavam de lágrimas acumuladas.

- Alex... - ela sussurrou e eu pude sentir o seu corpo se contrair.

- Você pintou o cabelo... - foi a primeira coisa e mais tosca que eu consegui falar.

- Claro, você não está vendo? - ela soltou um riso irônico.

- Lizzy, pare com ironia- falei calmamente.

- O que você quer, Alex? - ela estava se alterando.

- Eu quero te ajudar...

- Me ajudar? - outro riso irônico - então sai de vez da minha vida, TURNER!

Aquilo fez o meu coração doer demais.

- Ou melhor, Turner- ela se aproximou e bateu com o seu dedo indicador em meu peito - acaba de vez como a minha vida! Vai em frente, Turner! - ela abriu os braços - Você não queria me ajudar?

- Você sabe que eu não faria nenhuma das duas opções, Lizzy...

- Faz o seguinte: SE FODA! EU QUERO QUE TUDO SE FODA, QUE TUDO VÁ À MERDA!

Ela andou até meu carro e chutou o retrovisor,quebrando ele. O pegou do chão, tirou um batom do bolso e passou em seus lábios. E continuou caminhando.

- LIZZY, VOLTE AQUI!

- Se foda, Alex!

Não pude impedir ela de ir e muito menos pude impedir de me magoar mais uma vez.

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