Capítulo 10

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Ele sumiu. Tipo, de uma hora para outra. Procurei-o por todos os corredres dessa maldita escola e não o encontrei. Steve é bom nisso. Ele está me escondendo alguma coisa. Ele conhece a minha mãe, isso é obvio, mas como e aonde? É Vizinho do tal homem que fez o que fez com a minha mãe? Já odeio esse homem desde já, e mal o vi na minha frente uma vez sequer, e agora ficará mais difícil ainda com a minha mãe no meu pé.

Entrei na sala, onde a professora de literatura espera pontualmente os alunos entrarem na sala de aula. Enquanto ela falava, ficava pensando em como a minha mudança para aquela cidade estava ficando mais complicada do que imaginei. A aula acabou em um piscar de olhos, até porque não lembro de nada do que ela disse na aula.

Mais três aulas se passaram, e eu não estava muito a fim de ficar ali, não com minha mãe com aquele homem enquanto estou aqui, e se acontecer mais alguma coisa coisa com ela, não respondo por meus atos. Saio da aula a caminho da saida.

- Pocahontas! - alguém gritou atrás de mim, e logo reconheço a voz.

- Oi Vic. - digo.

- Bom dia para você também. Tá, oque aconteceu?

- Dia ruim.

- Não diz isso em voz alta, pode ter certeza que os caras dessa escola vão fazer de tudo para piorar o seu dia se escutarem isso. - diz Vic enquanto brinca com uma bolinha que está em sua mão.

- Esse é o problema. Eu estou odiando Califórnia. Achei que seria legal sair da minha cidade mas...

- Você só precisa se acostumar com nosso ritmo aqui. Vem, vamos comer alguma coisa.

Enquanto, caminhamos para o refeitório, minha cabeça está a mil com tudo. O que vai acontecer hoje a noite lá em casa? Do que o Drake estava falando? Pego meu sanduíche com bastante katchup e vou a uma mesa do lado de Vic e outra garota, que deve ser uma amiga dela. Eu preciso arrumar uma desculpa para falar com Steve, mas qual? Ele é um babaca, me dispensaria na hora, mas ele é tão misterioso, - se esta é a palavra correta - que aflora algo em mim que quer saber mais.

Quando ele entra no refeitório, está rindo alto com mais dois garotos, que devem ser seus amigos. Um deles, que reconheço da aula de matemática, é Cameron e o outro nunca vi na vida, até agora. Com a coragem que nem sei de onde veio, levanto da cadeira e vou em direção dele. Não sei nem o que estou fazendo, só que tenho que fazer.

Ao chegar perto, ele nem notou que estava do seu lado. Ou ele atuava muito bem, ou realmente não me notou. Babaca.

- Eu... Hm... - gaguejo, quando os três olham para mim. - Queria falar c-com você, é...

Enquanto me esperavam falar, os dois garotos ficaram sérios, tentando entender o que eu estava tentando dizer, enquanto Steve fez a expressão mais entediada do mundo para mim.

- S- sobre o trabalho de teatro, sabe?

- Não vou fazer aquela merda. - ele diz, e vira as costas para mim.

- Espera... Sério?

Quando ele vira, está com uma expressão cansada no rosto, como se quisesse que eu fosse embora... Mas ele realmente quer isso.

- Prefiro ser suspenso a fazer aquela merda. Se manda. - ele ordena.

Continuo lá, sem saber o que fazer. Me livrei de ter que fazer alguma peça com aquele babaca, ótimo, mas não quero que ele vá suspenso.

- Não precisa fazer isso, sabe? Ser suspenso por minha causa. - digo baixinho.

- Que isso gata, não quero comer você no banheiro feminino. - ele diz bem alto, o suficiente para o refeitório inteiro ouvir.

Louco SentimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora