Capítulo 11

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Continuo olhando para meu celular, sem acreditar no que estava lendo. Será que ele não consegue me deixar em paz nem quando estou longe do Texas e da minha vida antiga? Que merda. Que ele fique lá, com a vadia de sua ex namorada e os amigos babacas dele. Chega de babacas na minha vida. 

Que ironia da minha parte estar pensando numa coisa dessas, considerando minha situação na Califórnia... 

Escuto uma batida fraca na porta. Não é possível que minha mãe tenha expulsado o seu noivo para vir falar comigo. Fico quieta perto da janela, esperando que ela vá embora, mas logo escuto outra batida, mas mais forte desta vez. 

-- Mãe, agora não. Por favor. -- digo para a porta.

-- Adoraria ter um útero. Mas o destino quis que eu tivesse um pênis, então... 

Solto uma gargalhada alta para as palavras de Drake, que claramente não se sentiu ofendido com o meu erro. Vou até a porta e a abro, e sou recebida com um largo sorriso e um olhar de quem está se divertindo.  

-- Posso entrar? -- pergunta ele, parecendo um pouco mais tímido. 

-- Não vai se acostumando. Não é educado entrar no quarto de uma garota, sabia? -- falo e lhe dou espaço para entrar. 

-- A gente quebra as regras hoje. -- ele sorri de lado, e então fica sério novamente, mas com o olhar ainda divertido. -- Você está bem?

-- Minha mãe pediu para você vir? -- falo e sento na cama atrás de mim.

-- Sim, ela pediu. Mas, não, não fui forçado. Queria mesmo ver se você está bem. -- ele cruza os braços enquanto fala. 

-- Eu estou bem. 

Ele olha para mim com um olhar acusador, e eu reviro os olhos e junto minhas pernas contra o corpo, em cima da cama, me sentindo exausta. 

-- Eu estou bem, de verdade. Eu só... Eu não sei. Califórnia não é nem um pouco com eu imaginava. E... -- olho para ele, me sentindo um pouco desconfortável. 

-- Estou ouvindo, não pare. Quero ser seu amigo, de verdade. -- ele parou um pouco para pensar, depois abriu um sorriso de lado, antes de falar. -- Sabe, quero ser um diferencial. Todos te chamam de Cami. Agora você vai ser Mille para mim.

-- Não faz muita diferença, você só...

-- Para mim faz, cala a boca e continua. -- ele falou e sentou no chão, encostado na parede. 

-- Tá bom, tá bom. -- respiro fundo antes de continuar -- Eu sempre imaginei que eu viria para Califórnia, me formaria no ensino médio, na faculdade e voltaria para Round Top...

-- Não seria muito inteligente da sua parte se formar e...

-- Se você quer que eu realmente fale como eu me sinto, você tem que calar a boca e me escutar. -- falo, o encarando com oque, acredito, seja uma expressão séria. 

Ele levantou as mãos, como quem se rende e assente discretamente com a cabeça, me dando permissão para continuar. 

-- Obrigada. Enfim, esses eram meus planos. Seria uma coisa bem fácil, pelo menos na minha cabeça. -- vejo uma careta discreta em seu rosto, e sei de sua reprovação, mas continuo. -- Achei que não faria amigos, e fiz. Achei que não faria ninguém me odiar, e fiz. Achei que seria alguns anos de estudo e voltaria para casa. Mas não é assim. Eu só quero ir para casa. 

Quando percebo, estou soluçando. Eu estou chorando. Na frente de Drake. Qual o meu problema? 

Não consigo encarar Drake. Eu me sinto frágil, como uma criança que precisa da mãe, porque não é forte o suficiente para cuidar de seus próprios problemas, porque é fraca. Vejo, mesmo não olhando para ele, que está com uma expressão tensa. Eu entendo. Nem eu esperava desabar assim tão fácil. Mas, dizer tudo o que eu sinto, mesmo que eu esteja fingindo indiferença... dói. 

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⏰ Última atualização: Mar 30, 2017 ⏰

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