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A tempestade caia forte lá fora e os relâmpagos eventualmente iluminavam o quarto escuro formando sombras nas paredes. Eu não conseguia dormir, pensar naquela estátua de palhaço no andar de baixo me impedia de fechar os olhos. Sabia que era irracional mas o medo daquilo de alguma forma ganhar vida me apavorava e não me deixava dormir. Me ajeitei melhor embaixo das cobertas tentando manter os olhos fechados mas sempre que tentava a imagem de palhaço vinha à minha mente me obrigando a abri-los novamente então passei a contar o tempo entre os trovões e os relâmpagos pra ver se aquela tempestade estava se afastando mas parecia que não.

De repente passei a ouvir passos vindos do corredor o que fez meu coração acelerar de medo e passei a encarar a porta com os olhos arregalados, os passos eram sutis como se quem estava andando no corredor não quisesse ser percebido mas eu ouvi mesmo assim. Os passos estavam bem mais próximos agora e, de repente, pararam bem em frente a porta do meu quarto, um relâmpago iluminou o corredor me permitindo ver a sombra de alguém parado em frente à minha porta. A maçaneta começou a girar lentamente e eu já podia imaginar um palhaço assassino pulando em cima de mim com uma faca. Uma fresta foi aberta na porta e alguém olhou através dela me fazendo conter um grito e, logo em seguida me sentar na cama furiosa.

_Tá querendo me matar do coração é?_Grito baixo ao ver Lucas entrando no quarto._O que veio fazer aqui?

_Bom eu... achei que talvez... você estivesse com medo e_ele gaguejava a cada palavra me fazendo rir internamente apesar de manter a expressão séria e irritada. Era óbvio que ele estava com medo.

_Ora, então quer dizer que você ficou com medo e decidiu que quer companhia é?_cantarolei rindo fazendo-o ficar irritado o que só me fez rir mais.

_Eu não estou com medo, só achei que você poderia estar afinal aquela estátua de palhaço ainda está lá embaixo._disse me provocando o que não funcionou afinal eu estava com a vantagem.

_Ah, vai! Admite logo que está morrendo de medo.

_Isso não é você verdade eu... _ele ainda tentou argumentar mais percebeu que não adiantaria nada então decidiu desistir._Quer saber, dane-se chega pra lá._Disse me empurrando pro lado e se deitando do meu lado na cama.

_O que está fazendo?_perguntei irritada.

_A culpa é sua por ter me mostrado aquele livro._respondeu me fazendo rir. Deitei também me ajeitando nas cobertas de frente pra ele.

_E olha que eu só te mostrei uma. Imagine se eu tivesse mostrado a do Slender Man que enlouquece sua vítimas antes de levá-las e elas nunca mais são vistas, ou a da Salli que te convida pra brincar mas a brincadeira dela acaba em morte e desmembramento, ou do Jef que fica escondido no canto mais escuro do seu quarto e, quando você nota a presença dele ele te coloca pra dormir, definitivamente! Ou..._Notei que ele ficava assustado a cada palavra, apesar de disfarçar.

_Ok, já entendi. Você só pode ser louca mesmo! Como consegue dormir à noite?_Disse me fazendo rir dando de ombros, eu já li tantas história de terror que já me acostumei.

Um trovão muito alto quebrou o silêncio assustando a nós dois que nos aproximamos mais ainda contendo um grito. Talvez ficar falando de histórias de terror não fosse uma boa idéia. Especialmente quando se tem um palhaço no andar de baixo.

_Porque tem medo daquela estátua? Sabe que esse medo é irracional não é?_perguntou curioso.

_Medos não precisam ser racionais, eles simplesmente existem. Não posso controlar pensar que a qualquer momento aquele coisa pode ganhar vida e matar todos nós. Quase entrei em pânico quando ouvi seus passos no corredor._Ele riu um pouco mas depois nós dois olhos em direção à porta como se estivéssemos esperando alguma coisa, como um palhaço assassino. Mas o que soou foi o som alto de um trovão. Levei o maior susto na hora e nem sequer pensei, apenas o abracei. Normalmente eu costumo gostar de tempestades, mas essa estava me dando medo. Estava prestes a me afastar quando o senti me abraçando pela cintura me deixando ainda mais perto, levantei a cabeça para olha-lo quando ele disse:

_Desculpe por te assustar._Me surpreendi, ele estava sendo legal? O que aconteceu com aquele idiota?_Tempestades sempre me assustaram._Não me afastei, apenas me ajeitei em seus braços pondo a cabeça em seu peito.

_Eu gosto, mas hoje as circunstâncias a deixaram assustadora. Conheço um truque pra saber se a tempestade está se afastando. Quer saber?_Ele afirmou com a cabeça._Veja._disse quando a luz de um relâmpago iluminou o quarto._Agora é só contar o tempo que leva entre o relâmpago e o trovão._Logo após isso o som do trovão ecoou.

Esperamos outro relâmpago e continuamos contando o tempo, o medo pouco a pouco indo embora junto com a tempestade. Os sons do vento e da chuva se tornaram distantes enquanto senti sua mão acariciando meu cabelo, ele deu um beijo leve em minha testa e sussurrou um boa noite, pensei em responder mais fui levada pelo sono. Não tinha mais medo, me sentia completamente seguro dentro de seu abraço.

O PALHAÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora