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Os dias passavam tranquilos, apesar dos frequentes sustos e das brincadeiras irritante as coisas prosseguiam normalmente. Eles tinham a mania de deixar aquela coisa em lugares diferentes da casa só pra me assustar e ainda se faziam de desentendidos dizendo que não tinham feito nada. Como se eu fosse cair nessa. Mamãe ainda aproveitava para ficar tirando fotos constrangedoras sempre que tinha chance e postava no grupo da família só pra irritar. Me perguntava se ela tinha algum sensor de momentos constrangedores porque só assim pra estar sempre por perto com uma câmera na mão.

Era um dia normal, estávamos sentados na mesa tomando café como todas as manhãs. Eu olhava a estátua de palhaço que naquele dia estava, convenientemente, virada pra mim, me encarando com aquela cara pintada e o sorriso alegre que me dava arrepios.

_Porque não somem com essa coisa?

_Esquece o palhaço._Disse mamãe revirando os olhos.

_Não dá pra esquecer, ele tá bem ali me encarando com aquele sorriso assustador como se a qualquer momento fosse atacar.

_Olha nós moramos aqui a anos e ele nunca fez nada, não acha que se fosse pra matar alguém ele não já teria feito?_Perguntou Carlos como se aquilo fosse óbvio.

_O quarto de hóspedes ficava trancado?

_Sim, porque?_Perguntou Lucas.

_Tá aí a sua resposta, antes ele ficava no quarto sem poder sair e agora está solto na sala de estar.

Todos reviraram os olhos, ok eu sou paranóica, e daí? Levantei da mesa indo em direção ao meu quarto e Lucas veio atrás de mim entrando no quarto e trancando a porta em seguida. Revirei os olhos.

_O que está fazendo?

_Apenas estava pensando que,_ele fez uma pausa sorrindo_Aquela noite foi bem divertida, talvez pudéssemos repetir!_Disse se aproximando mais. Ótimo, mais uma vez está sendo um idiota. O comportamento dele oscila entre ser legal e um completo idiota, depois eu que sou bipolar.

_Vai embora antes que a mamãe encontre mais oportunidades para tirar fotos._Disse ignorando sua sugestão.

_Relacha, eu tanque a porta._Disse próximo ao meu ouvido, ignorei um pequeno arrepio que a proximidade causou, revirei os olhos novamente e segui em direção a porta destrancando e abrindo em seguido dando de cara com o que? Se você disse uma estátua de palhaço, acertou! Parado ali, bem em frente a minha porta estava aquela coisa me encarando. O susto foi tão grande que eu dei um passo atrapalhado para trás tropeçando nos meus próprios pés e quase fui ao chão, só não cai porque o Lucas foi mais rápido e me amparou antes de eu cair no chão. Quando me dei conta estava em seus braços, ele envolvia minha cintura de forma protetora apesar de não ter mais risco de eu cair. Corei muito e me afaste dele disfarçando meu constrangimento com irritação, olhei para ele irritada.

_Não teve a menor graça!

_O que? Acha que eu o coloquei aí? Eu subir com você ou esqueceu? A propósito de nada._Disse cruzando os braços e olhando pro lado como se estivesse ofendido. Suspirei vencida.

_Obrigado por não me deixar cair._Ele sorriu voltando a me encarar se aproximando novamente.

_Sabe, você pode ter esse jeito irritado mas eu sei que isso é só fachada._Disse me encurralando contra o batente da porta segurando minha cintura para que eu não pudesse sair.

_É mesmo?_Disse entrando em seu jogo enquanto pensava em como sair dessa situação.

_É claro, não precisa fingir, eu sei que você gosta de mim!_Me encolhi em seus braços o olhando timidamente com as bochechas levemente coradas e um olhar que dizia que ele estava certo. Ele sorriu com a confirmação de suas suspeitas e se aproximou lentamente olhando para meus lábios com a intenção de me roubar um beijo. Ao ver seu olhar e perceber sua intenção sorri. Um sorriso largo e sapeca enquanto aproveitava sua distração e, segurando uma de suas mãos, o girei empurrando através dá porta o fazendo bater contra a estátua de palhaço caindo com tudo em cima dela. Cai na gargalhada, não acredito que ele caiu nessa. Me abaixei ao seu lado, ele ainda estava se dando conta do que tinha acontecido, seu rosto estava a centímetros do rosto do palhaço,peguei o celular e tirei uma foto.

_Não fique se iludindo porque comigo você não consegue nada. Você tem mais chances com esse palhaço, a foto ficou linda!_Entrei no quarto ainda rindo, trancando a porta atrás de mim antes que ele tivesse a chance de levantar ou dizer alguma coisa. Cai na cama ainda rindo olhando a foto no celular. Talvez a mamãe tenha razão e ter um celular por perto preparado para tirar foto é sempre útil! Deixei o celular de lado olhando para o teto parando de rir aos poucos. Meu sorriso debochado desapareceu do meu rosto e fechei os olhos ao lembrar de suas mãos em minha cintura e seu rosto tão próximo ao meu. Abri os olhos novamente espulsando esses pensamentos e me levantando da cama para continuar meu dia.

O PALHAÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora