Capítulo XV

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Desde aquele dia travei uma batalha sangrenta para provar a Soraia que nem todos os homens... Ou melhor, nem todos os caras são iguais.

Ela já tinha sua ideia de homens, meninos, mininos e minimínimos; só tinha que mostrar à ela que eu era digno de ser chamado de homem.

Comecei a levá-la todos os dias até sua casa, mesmo ela deixando bem claro que não queria. Me comportava como um perfeito cavalheiro: abria a porta, sedia assento, dava-lhe o meu casaco quando sentia frio, carregava sua mochila estupidamente pesada... Mas tudo o que ela me dizia era:

- Qualquer um pode fazer isso...

Descobri que ela não era muito fã de flores, exceto os lírios brancos. Que não gostava de qualquer tipo de música, mas se derretia ao ouvir Backstreet Boys. Que amava filmes dos anos 80, mas detestava ir ao cinema. Que gostava de fotografar paisagens, mas odiava ser fotografada. Que era apaixonada pela noite, que gostava de ficar em casa, que cozinhar era seu hobby favorito, que não era muito fã de doces, que não chorava com facilidade... Mas tudo o que ela me dizia era:

- Qualquer um pode fazer isso...

Então parti para a artilharia pesada: flores, chocolates, cartões românticos, presentes significativos... Mas tudo o que ela me dizia era:

- Qualquer um pode fazer isso...

Eu quebrava a minha cabeça para tentar impressioná-la, mas ela sempre dizia a mesma coisa:

- Qualquer um pode fazer isso...

Eu já estava ficando sem ideias, então resolvi pedir conselhos a quem realmente entende da coisa...

- Mãe, do que as mulheres gostam?

- Mulher gosta de homem, não de moleque! - respondeu meu pai tentando me agredir psicologicamente para compensar os dias que consegui fugir dele.

- Para de graça, Breno! - disse minha mãe. - Mulher gosta de ser paparicada, de receber mimos, de um romance com gostinho de quero mais...

- Tá bom, mãe. Já entendi.

Mulheres... É só falar de amor que elas ficam alvoroçadas!
Vá entender...

- Quem é ela? Eu conheço?

- É o quê?!

- A garota que te deixou assim. Eu conheço?

- Assim como, mãe? Não tem garota nenhuma. Só perguntei por perguntar...

- Ahã... sei...

Por que as mulheres são tão desconfiadas?

De repente o telefone toca. Minha mãe se levanta e vai atendê-lo. Era o seu chefe. Minutos depois ela volta com péssimas notícias...

- Quem era? - perguntou meu pai.

- Charles. Teremos uma reunião importantíssima em Curitiba, e ele disse que eu não posso faltar. - respondeu minha mãe. - Mas desta vez você não poderá ir...

- Quando você vai?

- Hoje. Mas não sei quando volto...

- Tudo bem, querida. Pode ir em paz.

- Vocês vão ficar bem sem mim?

- Claro, querida.

- Certo. Vou fazer minhas malas.

Meu pai me encarou com seu olhar "agora que eu te pego". E quer saber de uma coisa? Ele vai acabar comigo!...

O Homem Da Minha MenteOnde histórias criam vida. Descubra agora