Capítulo XIX

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Após aquela noite perfeita ao lado de Soraia, voltei para casa como se andasse em nuvens.

Eu estava muito feliz, parecia ter encontrado um tesouro perdido.
Soraia me fazia tão bem que me vi cantarolando Backstreet Boys enquanto voltava para casa.

Sabe quando você gosta de alguém e esse sentimento é correspondido? É simplesmente indescrítivel!

Eu me sentia o único homem na face da Terra, literalmente, já que naquela hora as ruas estavam desertas.

Era tarde da noite. Eu andava tranquilamente, até que a algumas quadras de casa tive uma ligeira sensação de alguém estar me seguindo.

Olhei para trás, olhei para os lados, mas não vi ninguém.

Continuei andando tranquilamente, porém, aquela sensação de estar sendo observado voltara a me incomodar.

Tornei a olhar para trás. Meus sentidos não estavam enganados. Havia um homem atrás de mim. Ele estava distante, por isso não dava para ver o seu rosto, devido ao capuz que usava na cabeça.

Apertei o passo para tentar me distanciar dele, mas ele resolveu fazer o mesmo.

Sem pensar duas vezes, comecei a correr. E corria como se dependesse disso para viver - ou talvez fosse isso mesmo.

Então, o tal homem também começou a correr.
Ele era alto, de grande porte. Parecia não saber ao certo o que estava fazendo.

Eu, desesperado, resolvi cortar caminho. Entrava em vielas, pulava muros de terrenos baldios...

Mas para todo lugar que eu corria, o cara ía atrás.

Até que avistamos uma viatura policial próximo a minha casa...

- Parado aí, vagabundo! - gritou o policial.

- Graças à Deus! - falei. - Policial, tem um homem atrás de mim correndo feito louco...

Eu tentava falar enquanto um deles me revistava...

- Tá fugindo de quê, moleque?

- Tem um cara me perseguindo, senhor!

- Ah, é? E cadê esse cara que eu não tô vendo?

- Eu juro, senhor, ele estava bem atrás de mim. Não sei se era um ladrão ou um maníaco, mas estava correndo atrás de mim...

- Sei. E tu tá fazendo o que essa hora na rua?

- Estava com minha namorada. É sério! Eu moro bem ali, naquele prédio, senhor! Se quiser, eu chamo me minha mãe...

- Tá, tá, tá... Já falou demais. Vai pra casa, moleque.

- Sim, senhor.

- Vai logo, moleque, antes que eu me arrependa!

Voltei para casa com o coração na boca. Aliviado por encontrar com aqueles guardas, mas intrigado com aquele homem misterioso que me perseguia.

Quem era aquele homem? O que ele queria de mim? E por que estava me perseguindo?

Em Petraneves isso nunca teria acontecido, pensei.

Foi então que me lembrei que eu estava em São Paulo. Se coisas estranhas não acontecerem com você na terra da garoa, é porque você não está lá.

Cheguei em casa mais calmo, feliz por finalmente estar ali. As luzes estavam todas apagadas, minha mãe já estava dormindo. Entrei em seu quarto e me deparei com ela, ilhada por lenços de papel usados agarrada a um retrato do meu pai. Provavelmente pegara no sono após uma longa crise de choro.

Não era preciso ser um gênio para saber que minha mãe estava infeliz, e por saber disso, eu também ficava mal.

O Homem Da Minha MenteOnde histórias criam vida. Descubra agora