Latina

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"Talvez um dia tenhamos um mundo em que os adultos aprendam a resolver seus problemas com amor em vez do odio, um mundo em que as criancas possam crescer sem jamais ouvir os sons aterradores de bombas explodindo e metralhadoras disparando, sem medo que seus bracos ou pernas sejam dilacerados por estranhos sem rosto."
Sidney Sheldon




Miguel já tinha encontrado Angie na UNB algumas vezes, pele bronzeada com diversas tatuagens, cabelos negros que lhe cobriam as costas e terminavam.na cintura fina e curvílinea, olhos levemente puxados e uma boca pequena e delicada, ela era o tipo de beleza rara que deixa qualquer um de queixo caído. Mas naquela ocasião Miguel não conseguiu imaginar outra coisa a dizer além de:

-- Uow! Você está magnífica!

Angie estava com seus longos cabelos soltos, bastante rímel, um casaco de couro com a blusa listrada branca e preta,calça jeans escuras e tenis Vans preto. Miguel ainda estava tentando se decidir se ela parecia mais com uma princesa lúgubre ou uma estrela do rock quando ela respondeu.

-- Obrigado. - disse ela sorrindo.

Ela caminhou em direção pegando o capacete das mãos de Miguel e subindo na moto.

-- Segure-se bem moça. Eu costumo andar bem rápido. - disse com tom de zombaria

-- Tenho certeza que sim. - respondeu a garota ironizando.

Sairam rapidamente da propriedade dos Vazquez e tomaram o caminho do plano piloto mais especificamente para o setor comercial norte um complexo de edifícios que possui diversas lojas com toda sorte de coisas que se possa imaginar.

Ao cruzar a ponte JK pode sentir Angie passar as mãos em torno de sí e se agarrar com força.

-- Está tudo bem ai? Perguntou Miguel.

-- sim, só estou com um pouco de frio. - respondeu ela.

Lucky os aguardava sentado em uma lanchonete cercado de sacos de doritos.

-- Olá muchacho. - disse Angie e piscou o olho esquerdo para ele.

-- Olá chica. - respondeu sorrindo - To vendo que o Miguel não te matou no caminho.

-- Podemos dizer que ele me manteve o mais confortável possível. - disse olhando no fundo dos olhos de Miguel.

Ele sorriu, mas sua face denunciou seu constrangimento.

-- Ele fica ainda mais bonitinho com vergonha. Não acha Lucky? - perguntou ela ainda provocando-o com o olhar.

-- Concordo plenamente

-- Eu sempre soube que você tinha uma quedinha por mim. - disse entremeio um sorriso irônico - Agora vamos procurar um presente pra Bianca.

Miguel saiu na frente a caminho das imensas galerias, se distraiu observando um artista de rua que tocava saxofone em um ponto movimentado, se assustou com a pequena mão que se entrelaçou a sua e a voz doce a suave que sussurrando ao seu ouvido.

-- Não vai escapar tão fácil de mim pão de queijo.

Naquele momento Miguel queria ser um avestruz pra enfiar a cabeça em um buraco qualquer no chão, mas a raiva foi mais forte.

-- Você é literalmente um otário, não acredito que contou isso a ela.- disse calmamente o que demostrava que estava furioso.- Com um amigo como você ninguém precisa de inimigos.

Relaxa gatinho, pão de queijo e minha comida favorita.- disse Angie apertando sua mão e sorrindo.

Caminharam todos juntos naquele clima desconfortável até que Lucky quebrou o gelo.

-- Foi mal cara só disse para ela te chamar de pão de queijo,  não contei o motivo.

-- Foi mesmo gatinho.- disse Angie- Mas agora fiquei curiosa, me conta?

Miguel olhou no fundo dos olhos dela, para ele era impossível não estar constrangido e por trás da vergonha as palavras foram saindo.

-- E que na minha infância lá em Minas eu era um tanto quanto protuberente. - disse quase a ponto de explodir - Me chamavam de pão de queijo porque eu era gordo e branco, e até a sétima série esse apelido atormentou.

-- Desculpa, se eu soubesse que era algo tão intimo eu não tinha perguntado. - disse Angie apertando com força sua mão

-- na boa, isso já me incomodou bastante mas faz parte do passado. - respondeu e retribuiu o aperto em sua mão.

Lucky esta parado em frente uma enorme loja de departamentos olhando fixamente para uma lingerie.

-- O que acha Angie? - perguntou Lucky

Angie puxou Miguel pela mão até chegarem perto de Lucky, pegou no bolso um maço de marlboro e acendeu um cigarro.

-- É bem bonita, mas não se deve dar isso de aniversário para uma garota que se namora apenas a poucas semanas muchacho.

Então o que sugere ? - perguntou Lucky confuso  mas sem tirar os olhos da lingerie.

-- Vem comigo e deixa que eu escolho, afinal é pra isso que me ligou. - Falou virando os olhos para cima e saindo pela enorme galeria novamente arrastando Miguel pela mão.

-- Ok, desta vez você venceu, mas na próxima data especial ela concerteza vai ganhar aquela lingerie. - disse Lucky - Talvez no natal.

-- Cala a boca ! - gritaram os dois ao mesmo.

-- Uow, calma gente eu só pensei.

-- Então pense menos e ande mais. - disse Angie jogando fora e pegando Lucky com a mão livre  literalmente arrastando-o galeria a dentro.

Pararam na porta de uma loja com estilo roots*, Angie largou as mãos dos garotos e foi logo entrando reconheceu o cheiro doce de insenso misturado a essências de narguile, vários objetos estavam colocados em uma vitrine para amostra, ela apontou um deles para o vendedor pedindo que o pegasse.

-- Prontinho ! Aqui está o presente da Bia. - disse ela mostrando o objeto para lucky.

Um incensário na forma de um dragão chinês verde escuro com um pequeno furo na boca que deixava o incenso completamente sobre seu corpo completamente escamado e termina em uma calda dourada com formato semelhante ao de uma folha.

-- Perfeito ! É super a cara dela. Não acha Miguel?

Miguel se encontrava novamente perdido em pensamentos mas a pergunta de Lucky o trouxe de volta.

-- Claro,  a Angie tem um ótimo gosto para presente.

-- Obrigado gatinho.

Ela saiu por um instante e logo voltou com um colar simples com apenas uma pedra redonda lisa e totalmente negra presa apenas por algumas amarrações do barbante. Ela amarraou-o no pescoço de Miguel e falou ;

-- Presente pra ti.

Miguel pensou em recusar pois suspeitava que a garota esta afim dele e ele não se sentia preparado para nenhum tipo de relação com outra garota, sua última experiêcia já tinha sido frustrante, mas por outro lafo Angie era uma garota linda que provavelmente desmarcou vários compromissos para ajudar Lucky, ela concerteza era uma garota super legal e além do mais poderia ser apenas uma gentileza e ele estava exagerando a situação o que não era novidade se tratando dele.

-- Obrigado, não precisava. -Disse enquanto acompanhava os dois ao caixa para pagar.

-- É claro que não precisava, mas você é um fofo. Eu não resisti. - disse ela sorrindo convidativamente para ele

-- Caralho ! Eu vou passa o resto do mês liso. - reclamou Lucky enquanto caminhavam.

-- Quem te disse que namorar era mais barato mentiu muchacho. - Angie falou enquanto acendia um cigarro

Se despediram na porta da galeria pois Angie estava atrasada para jantar com seus pais em um famoso restaurante da capital, Miguel insistiu em leva-la mas ela preferiu ir de táxi, seguiram os três de volta para a Asa Norte; Lucky Miguel e "Raimunda".

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