Deus não cuidou de mim! (Três)

11 2 0
                                    

Em minhas coxas, novas marcas roxas, e doloridas aparecem. Há alguns círculos em minha barriga, bem vermelhos. Meus pulsos têm marcas avermelhadas, como se algo muito apertado, tivesse ficado neles por algum tempo.

Choro, choro muito. Tenho medo do que estou vendo. Estou ficando dodói. E minha mamãe não está aqui para, me dar alguns dos seus xaropes.

... Sinto tanta saudade de você mamãe!
Choro...

Lia, bate à minha porta. Me visto apressadamente. E a digo que pode entrar.


- Oi meu querido. Como você está dormindo hein!? - Ela diz trocando a roupa de cama.

Não respondo. Seco as lágrimas e tento sentar, mas a dor que tenho no bumbum, está me impedindo. Fico em pé, olhando, além da janela do meu quarto. Penso em como é bom empinar pipa com o meu papai, e isso me faz lembrar de que ele e a mamãe, parecem ter me abandonado aqui.

Não entendo muito, dos assuntos dos adultos. Mas eu sei que quando os pais deixam os filhos com os outros, é porque não os querem mais.

Fico triste ao imaginar isso.

- Bob meu amor, por que está chorando? - Lia pergunta, roubando-me os pensamentos.

Não respondo. Pois não sei fazer isso. Apenas a vejo se aproximando. Lia se abaixa, ficando à altura dos meus olhos.

- Querido o que foi, fala pra mim, quem sabe eu possa ajudá-lo? - Ela diz, com os olhos também cheios.


- Lia, será que você não tem algum xarope como os que a minha mãe me dava?

- Xarope? Pra quê você quer xarope meu amor? Ela pergunta, fazendo uma cara estranha.

- Estou ficando dodói Lia. E sempre que eu ficava assim, a minha mamãe me dava algum xarope. E eu juro pra você, que eu melhorava rápidinho.

Lia me olha por um bom tempo. Até que seus olhos enxergam as marcas avermelhadas em meus pulsos.

- Querido o que é isso aqui? - Ela aponta para as marcas.

Balanço a cabeça de um lado pro outro, indicando que eu também não sei.

- Bob querido, como você não sabe meu amor? Vem aqui deixa eu ver isso.

Ela me puxa, pela mão direita, e me pede pra sentar na cama.

- Lia, eu não consigo sentar.

- Como você não consegue sentar querido? O que houve?

Não sei o que é. Mas ela está diferente, com uma expressão mais séria.
Lia vai até a porta de meu quarto, e a fecha. Fico olhando-a, simplesmente em pé ao lado da cama.

- Dê-me os pulsos aqui. Deixe eu ver isso. - Ela pede, e eu os mostro.

Lágrimas escorrem de seu rosto. O que será que houve?

- Bob meu amor, você lembra onde fez essas marcas?

- Não. Eu já acordei assim. Estou ficando dodói Lia. Por isso preciso de um xarope. - Falo esperando que agora ela compreenda.

- Estão doendo querido? - Ela pergunta franzindo a testa.

- Sim. E as outras também. - Digo fazendo careta.

- Outras? Tem mais dessas? - Lia parece surpresa.

Balanço a cabeça, afirmando que sim. Ela pede pra que eu as mostre. E eu obedeço.

- Meu Deus!! O que é isso!? - Lia leva as mãos à boca, num gesto de surpresa, acho.

- Não sei. Já te falei que acordei assim. - Falo impaciente.

- Bob meu amor, vamos mostrar agora para os seus avós. - Lia diz chorando.

- Eu já mostrei pro meu vovô. Ele me disse que não é nada demais, que logo mais, vão sarar.

Lia leva às mãos ao coração. Chorando ainda mais. Não compreendo, é claro.


- Tem certeza de que seu avô te disse isso? - Ela senta na cama, chorando bastante.

- Sim. Ele ficou irritado comigo, porque eu estava chorando.

- Oh Bob meu querido!! O que fizeram com você? - Ela bate a mão na cama, me convidando a sentar.

Balanço a cabeça de novo.

- Eu não consigo Lia. Tem algo em meu bumbum doendo.

Lia me olha, com mais lágrimas escorrendo.



** Oh Bob querido. Quem dera existissem xaropes pra essas dores.

♡Beijos estalados na alma!♡

Bob BobbeOnde histórias criam vida. Descubra agora