011-O que foi aquilo?

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-Viola! O que foi aquilo?

Mathias ja havia ido embora com um pacote de ervilhas no rosto e Melissa não parava de me encher o saco, pulando eufórica porque achava que eu e o ferrugem iríamos nos beijar.

-Nada! Ele apanhou numa briga e me pediu ajuda!- me fiz de idiota

-Não isso, to te perguntando "o que foi aquilo?" no sentido de: "por que você estava tão perto do Mathias, sem parecer que queria matar ele?"

-Olha, não aconteceu nada ali! Você mesma viu, agora vamos dormir que já são 3h.

-Mas amanhã é domingo!

-Ah é... Eu tinha me esquecido, então vamos ligar a tv. A noite é uma criança viciada em seriados!

Enquanto assistíamos os últimos episódios de supernatural, eu acabei me perdendo em devaneios, esses, do tipo que te fazem olhar pra um lugar fixo e não enxergar mais nada além do que tem na mente. Naquele momento, a minha mente gritava freneticamente: "MATHIAS, MATHIAS, MATHIAS!" E a imagem que eu via era a do quase beijo... Se é que ele iria mesmo me beijar!

-Vi?...- Melissa abanou a mão na frente do meu rosto

-Oi!

-To te chamando faz um tempo já.

-Desculpa! O que foi?

-Sabe o Arthur?- balancei a cabeça em afirmação- Ele está sendo um fofo comigo... e eu acho que quero ficar com ele.

-O Arthur? Fofo? Essa é nova!- ri

-Eu sei, mas aquela personalidade que ele aparenta ter, não é real, ele é o cara mais fofo que já conheci.

-Mas você ainda não ficou com ele?

-Não, porque queria saber sua opinião.

-Se você achar que ele é bom pra você, eu apoio.

Ela deu um gritinho agudo e me abraçou. O dia amanheceu e finalmente fomos dormir.

[...]

Mamãe e John não estavam em casa (como sempre), isso me deu a melhor ideia de todas: chamar a galera pra passar o dia vendo filmes e comendo besteiras.

A campainha tocou e logo quando abri a porta, entraram: Mathias, Dylan, Jacob, Arthur, Glenda e Carmina. Cada um com alguma coisa na mão, comida, filmes e etc.

-Bom dia, gente!

-Oi! Onde fica a cozinha?-Carmina perguntou.

-Pra esse lado.- Mathias apontou e ela o seguiu enquanto me olhava estranho.

Uma coisa que nunca parei pra pensar é que, a Carmina é um pouco esnobe... Eu não costumo andar com ela no colégio, porque ela fica com umas loiras falsas que se acham as três últimas bolachas do pacote, o pior é que por ela ser ruiva, se acha mais importante do que todos. Mas é claro que isso não vem ao caso agora, pois a maratona de Star Wars nos espera!

Se tinha alguém que amava Star Wars, esse alguém era eu! Não que Dylan, Mathias, Jacob e Glenda não fossem super fãs, mas eu, definitivamente era a maior deles! Mel e Arthur nunca tinham visto mais de um filme da saga, o que era uma vantagem pra eles, que, com certeza, iriam se beijar em um canto da casa durante o filme! Carmina nem ligava pra esse tipo de coisa, então estava tudo bem.

Dito e feito! Após todos se sentarem no chão e no sofá, os dois fugiram pra algum lugar e todos fingiram que não viram.

O tapete da sala era bem fofo, era o meu lugar preferido! Eu e Mathias ficamos sentados no chão, um ao lado do outro, Carmina logo se sentou ao lado do ruivo com um pote de batatas fritas com ketchup, enquanto os outros três estavam sentados no sofá, comendo pipoca.

-Ei! Ninguém tá preocupado não?

-Preocupado com o que, Viola?-Glenda pergunta

-A Mel e o Arthur ainda não voltaram! E se aconteceu alguma coisa?

-Calma, Vi! Eles estão dentro de casa, não vão morrer... No máximo se trancar num quarto e só sair amanhã!

Eles riram.

-É, abelhinha! Fica fria...

Ferrugenzinha de merda! Ainda me olhou com um sorriso torto, me sacaneando! E a ruiva do lado dele não dispensou caretas, como se estivesse com inveja.

Glenda me cutucou num sinal de "eu saquei hein" e eu a olhei com um sinal de "não teve nada pra sacar" e ela deu risada. Imaginei que em cima do sofá deveria estar um clima meio tenso, porque Dylan e Jacob pareciam dois chicletes abraçados enquanto Glenda tentava se manter o mais longe possível (ela odiava casais grudentos, principalmente se uma das pessoas desse casal, fosse seu irmão)

Acredite! Assistimos três filmes seguidos e a galera decidiu ir embora, somente o Mathias ficou, e eu não vi o Arthur sair, mas isso não conta.

Decidi subir as escadas e Mathias foi atrás de mim, na porta do meu quarto ele segurou minha mão, me olhou profundamente nos olhos, parecia que tentava me decifrar. Não era mais como se estivesse perdido, mas sim, como se estivesse descobrindo, talvez estivesse enganada, mas eu via que o seus olhos estavam totalmente vidrados nos meus.

-Viola- hesitou- ontem... Eu...

-Eu sei!

-De uma hora pra outra você se tornou tão importante pra mim! Só não sei o porquê disso. Minha cabeça está uma bagunça!

Não falei nada.

Ele continuava segurando minha mão, eu não sabia o que fazer, então a cena da cozinha se repetiu.

Mathias colocou a mão em minha cintura, sua outra mão repousou na minha nuca, seu rosto estava tão perto que juro ter visto todos os detalhes de seus olhos e lábios.

-Matty...- eu tentei falar algo, mas parei.

Fui puxada para perto e em um segundo eu estava com os lábios colados aos de Mathias, entorpecida pelos seus braços. Segurei seu rosto e mal pude me aguentar!Fiquei fraca, vulnerável, mas me sentia protegida.

MATHIAS

Eu não podia mais! Eu precisava beija-la.

A puxei para o beijo e senti que Viola se entregou, percebi que eu precisava cuidar daquela garota, mas também, que ela teria que cuidar de mim!

Por impulso, abri a porta do quarto dela e entramos.

-O que está fazendo?- ela perguntou clama.

-Entrando no seu quarto!-respondi e ela sorriu contra o meu lábio.

A encostei na escrivaninha, fazendo alguns CDs caírem, o beijo estava calmo, quase conseguia sentir o que ela sentia.

Mas aí ela me empurrou furiosa, não entendi nada!

-O que estamos fazendo? Por que estamos fazendo? Quando foi que sequer estávamos querendo fazer algo assim?-ela gritou

-Vi! Calma...- merda! Nunca mande uma garota ficar calma, Mathias!

-Olha- ela se levantou da escrivaninha chegando mais perto-o que foi que passou pela sua cabeça pra achar que eu queria te beijar?

-Bom... Eu percebi que quando fiz isso-coloquei a mão na cintura dela novamente- você reagiu bem- ela bateu no meu braço- que quando eu fiz isso- acariciei sua nuca- você também reagiu bem... e que quando eu fiz isso- lhe dei um selinho- você reagiu melhor ainda!

-Eu te odeio- ela disse quase rindo, mas continuava irritada.

Percebi que era a minha deixa. Cheguei bem perto de seu rosto, mas não a beijei, sorri vitorioso ao perceber a vulnerabilidade dela.

-Tchau, Abelhinha!- corri pra janela e fui pro meu quarto.

-Idiota!- a ouvi gritar.

Entre janelas e telhadosOnde histórias criam vida. Descubra agora