Coffee 『♠』HunHan

Americano

"Onde você está? Estou te esperando..."

"Desculpe, Hannie... A chuva está muito forte, não pude sair de casa."

"Não acredito... Você vai mesmo me deixar sozinho numa cafeteria?"

"Qual o problema?"

"O café é o problema."

"Você aguenta... E só se manter longe dos viciados em cafeína, haha!"

"Você 'tá me devendo uma, Kris! E eu vou cobrar!"

"Tenho que desligar, tchau!"

Tu... Tu... Tu...

LuHan desligou o celular e deitou a cabeça sobre a mesa. Tão amargurado o quanto os grãos moídos de café usados para preparar as bebidas daquele estabelecimento.

Podia sentir no peito que a chuva não era o que lhe separava de YiFan. Tinha mais alguma coisa. Mais alguém. Tinha certeza de que o mais novo tinha se cansado de si, e lentamente, estava o retirando de seu coração para ocupar o espaço com outra pessoa.

Contudo, LuHan não estava com raiva ou mágoa por estar sendo abandonado e substituído, e sim por ter sido largado em um lugar rodeado por tudo o que mais odiava: café.

E YiFan sabia disso. Sabia o quanto ele odiava a bebida. Mesmo assim, insistia em marcar encontros em Cafeterias, Coffee Shops, e tantos outros lugares semelhantes. Parece que o fazia para irritar. Para debochar do rosto bem-dormido de LuHan.

- Com licença... Posso sentar aqui?

LuHan levantou o rosto, encarando a figura à sua frente. Um homem alto, bem vestido, de cabelos escuros e olheiras levemente profundas. Lábios rosados, olhos fundos, escuros, marcantes. Vestes e rosto parcialmente respingados do forte temporal. Na mão esquerda, um guarda-chuva completamente encharcado.

- Isso é um não?

Referiu-se ao silêncio e a expressão levemente confusa de LuHan. Mas seu tom de voz não indicava uma piada.

- Não... Pode se sentar.

"O Kris-shi não vem mesmo..." - pensou, olhando pelas portas de vidro do lugar e vendo que a chuva ainda caía impiedosa.

Olhou em volta, vendo o quanto o local estava cheio, e percebendo que a única mesa que tinha uma cadeira livre era a mesa para dois em que estava sentado. Não mais livre, já que o rapaz de olheiras estava, agora, ocupando aquele lugar.

- Esperando alguém?

- Sim... O sol...

Ouviu o outro à sua frente rir, só então percebeu que a sua voz era suave, contradizendo sua aparência e vestes serias.

O homem chamou um dos funcionários do local. Um rapaz de face jovial. Cabelos tingidos de um tom vivo de vermelho, baixo, lábios avermelhados e o crachá apregado sobre o tecido branco-navajo da camiseta que cobria seu peito indicava o nome "BaekHyun".

Pediu um Americano.

- O que o traz aqui?

LuHan o encarou. Percebeu que, apesar de tentar puxar conversa consigo, o moreno tinha uma expressão indiferente, neutra, como se não ligasse, como que tentasse encerrar uma conversa, e não iniciá-la. Ficou confuso.

- O que o leva a conversar comigo?

- Não sou fã do silêncio.

E, ironicamente, o silêncio se fez, com LuHan tentando decifrar a expressão vazia nos olhos do estranho simpático, e o estranho simpático batucando os dedos da mesa de vidro e esperando a seu pedido chegar.