Expresso Carioca

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O dia raiou preguiçoso. Ainda caía uma chuva fina, preguiçosa, que escorria pelas calhas e caía gotejando no chão asfaltado. O crepúsculo trouxe consigo uma manhã gelada, apesar da estação do ano ser a primavera.

LuHan não soube explicar o porquê, mas não conseguiu dormir por sequer dez minutos durante a noite inteira - o que era surpreendente, afinal, era só deitar na cama que já pegava num sono profundo, que nunca durava menos do que nove horas.

Mas não. Naquela noite, algo o inquietava. Não sabia explicar o que lhe causou olheiras pequenas na fina e pálida pele abaixo dos olhinhos cansados.

Talvez a mensagem que YiFan tivera o mandado, depois de inúmeras chamadas recusadas pelo chinês, dizendo que precisava conversar consigo algo de suma importância.

Ou talvez pela imagem do coreano da casa ao lado imerso em pensamentos enquanto digitava algo vagamente no seu notebook e sorria como um bobo sonhador.

Ou talvez apenas o barulho da chuva o irritasse.

O chinês apoiava a cabeça na mão, o cotovelo estava apoiado no braço do sofá e o tronco, torto. A expressão de tédio era evidente. Os olhinhos lacrimejavam devido ao cansaço da noite não dormida e o a claridade da televisão ligada em um canal de desenhos animados - vale ressaltar que o desenho era um de seus preferidos, O Pica-Pau.

E o som de passos leves se aproximava. Aos poucos, a imagem de um ZiTao sonolento e cambaleante descia a escada e ia de encontro a LuHan.

- Meu Deus, parece um zumbi... - murmurou, bocejando.

- E você parece um panda psicopático, estranho - rebateu.

- Não conseguiu dormir, maninho?

- Não que lhe diga respeito, mas, sim, não consegui dormir, Tao. E por que está acordado tão cedo num domingo?

- Vou sair com alguns amigos.

- Você tem amigos?

O chinês mais novo não respondeu, apenas mostrou a língua para o outro. LuHan riu.

O mais novo - porém, mais alto - dos dois andou até a cozinha, se arrastando, e LuHan continuou na sala, assistindo o desenho.

Até que, uns sete minutos depois, ZiTao voltou.

Trazia duas xícaras: uma branca, comum, e uma outra de tom vermelho escuro, beirando o marrom, com a frase "I Feel So Magic" escrita, com alguns detalhes icônicos de bruxos espalhados, como chapéus longos e varinhas.

Entregou a lisa a LuHan e ficou com a outra.

LuHan segurou a asa da xícara, trouxe-a para mais perto de seu rosto, deu uma golada e sorriu.

Chocolate quente com marshmallows, ótimos para dias friozinhos como aquele.

E a bebida quentinha e gostosa trouxe, a LuHan, uma certa curiosidade.

- Tao... Você gosta de café?

Nunca tinha reparado esse detalhe no irmão. Na verdade, raramente reparava alguma coisa no irmão. O conhecia realmente mal.

Tao pensou um pouco. Também nunca tinha reparado nesse detalhe.

- Não sei. Acho que um pouco. Eu bebo café as vezes, acho gostoso, mas não tanto quanto um bom chocolate bem quentinho! - sorriu, bebendo do líquido morno da xícara e sorrindo em aprovação ao gosto - Mas por que pergunta?

Coffee 『♠』HunHanOnde histórias criam vida. Descubra agora