Depois de quatro dias desde o primeiro jogo de quadribol do ano (cujo resultado fora 350x90 pra Grifinória), Silena começou a sentir coisas estranhas. Calafrios, principalmente. Em momentos furtivos todos os pelos de seu corpo se eriçavam como os de sua gata Jade ao ver uma serpente, um rato, ou uma aranha.
O clima em Hogwarts foi lentamente ficando mais sombrio. As vestes negras dos alunos e da maioria dos professores pareciam vultos a caminhas rapidamente pelos corredores. Aos olhos da garota, os fantasmas que antes eram divertidos agora pareciam assustadores.
Mas nada a assustava mais do que os sussurros. Ela os ouvia o tempo todo. Eles não paravam e tentavam fazer com que Silena executasse mal feitios. Certa vez, quando ela e seus amigos desciam as escadas e ela era a última deles, a voz diz-se para que ela empurrasse Ester. As mãos da menina já estavam nas costas da garota antes que Silena acordasse do transe, assustada.
Apenas Diego sabia sobre o que Silena estava passando. Nem mesmo seu avô sabia. Mas ela achava que ele estava ouvindo as vozes também. Ela o pegou falando sozinha uma vez.
Diego propôs algo que fez Silena se encher de esperança. Talvez aquilo funcionasse. Eles esperaram até o fim de semana para que pudesses fazer aquilo que fora proposto por Diego.
Eles esperaram até depois do almoço, quando ele gostava de tomar seu chá da tarde.
Silena foi quem bateu. Ela olhava ansiosa para Diego e ele retribuía da mesma maneira. Se o que Silena tem sentido estivesse relacionado ao que eles achavam que estava... A escola poderia fechar para sempre.
O grande e velho homem abriu a porta, distraído, mas sorriu ao ver as duas crianças.
-Olá, Hagrid!-Disse Silena. Ela e Diego sorriram para o velho senhor.
-Olá crianças!-Ele sorriu.
-Nós estávamos pensando se você se importaria de tirar uma dúvida nossa.-Falou Diego Malfoy.
-Claro, claro! Entrem e tomem um pouco de chá.-Ele disse, ainda com um sorriso. Seu sobretudo velho e esfarrapado conseguia se arrastar no chão, mesmo com Hagrid sendo tão alto. Era impossível não se perguntar onde ele havia comprado aquilo.
As duas crianças entraram na pequena cabana, antes de ouvirem a porta se fechar atrás de suas costas. Eles se sentaram e duas das quatro cadeiras em volta da mesa, onde um bule velho de porcelana descansava.
Hagrid encheu as xícaras dos dois antes de perguntar:
-Pois bem, o que têm pra me perguntar?
O grande homem se sentou numa das cadeiras, a maior de todas, observando o casal de crianças a sua frente.
-Bem... Nós queremos saber... O que significa ouvir vozes. Sabemos que nem mesmo no mundo bruxo, é comum algo assim acontecer. E também sabemos que meu avô ouviu vozes uma vez.-Falou Silena, ligeiramente envergonhada.
Os olhos de Hagrid pareceram faiscar de espanto por um momento. Ele desviou o olhar das crianças para um grande cão que descansava perto da lareira.
-Está acontecendo o que eu temia. Da última vez em que isso aconteceu, Você-Sabe-Quem tinha retornado e reaberto a Câmara Secreta. Isso, se nós realmente sabemos qual foi a última vez. -Disse Hagrid, baixo.
-E-então, isso quer dizer que...?-Diego começou a perguntar, de olhos arregalados, antes de ser interrompido por Hagrid.
-Não necessariamente. Pode significar muitas coisas. Mas é melhor ficar atento de agora em diante. Nunca se sabe.-disse Hagrid.
As duas crianças assentiram em resposta e foram embora logo depois. No caminho devolta para o Salão Comunal da Sonserina, nenhum dos dois falou nada. Ambos estavam com seus próprios pensamentos. Silena estava temerosa, pois ela sabia que esperariam ainda mais dela se a Câmara Secreta estivesse realmente reaberta. Já na cabeça de Diego, a determinação crescia e se espelhava por todo o seu corpo. Ele iria descobrir se aquilo era o que eles imaginavam e ele iria encontrar o culpado.
Em poucos dias, o clima sombria fora notado por outros alunos e até por alguns professores. O professor Flitwick, por exemplo, sempre liberava seus alunos do último tempo cinco minutos antes, para que ninguém perambulasse pelos corredores vazios. (O que não era exatamente uma desculpa válida, visto que o jantar acontecia logo depois). E o professor Potter pulou algumas unidades para ensinar a todos os alunos de todos os anos feitiços de proteção simples.
Cada vez mais, Silena achava que tinha razão, juntamente com Diego e Ester, que acabara incluída em toda história depois de um tempo.
Mas foi quando a primeira aluna fora encontrada petrificada no caminho para o Salão Comunal da Corvinal foi que a certeza penetrou no coração de Silena, juntamente com medo e angústia.
Afinal, se aquilo realmente fora um basilisco (e não uma brincadeira extremamente infantil de algum dos alunos) quem seria teria aberto a Câmara Secreta? Quem seria o Herdeiro de trevas tão escuras e perigosas? Quem possuiria tal poder tão irrefutavelmente desastroso, porém grandioso?
Naquele fatídico dia, Silena e o resto dos alunos de seu ano foram liberados da aula de poções do professor Malfoy, para que a situação fosse resolvida e o suposto responsável por aquela brincadeira fosse pego.
Silena, Ester e Diego estavam sentados num canto do Salão Comunal, discutindo a questão.
-Se isso não for algum tipo de brincadeira hedionda, todos nós estaremos encrencados. Principalmente você, Sil.-Disse Diego, encarando o tapete em que estavam sentados.
-É verdade. O herdeiro de Você-Sabe-Quem irá logo atrás de sua família, aquela que causou a destruição do antepassado mais cruel que se poderia ter.-Completou Ester, olhando para sua amiga.
-Então temos que descobrir a verdade. Temos que descobrir se a Câmara realmente fora reativada, ou se fora algum idiota que lançou um Petrificus Totalis.-Falou Silena, com toda a pouca determinação existente dentro dela.
-Quem vocês acham que é o herdeiro?-Perguntou Ester, olhando para seus dois amigos dispostos um na frente do outro.
-Bem, certamente é um Riddle que não usa esse nome, afinal, só chamaria um pouco de atenção, não é mesmo?-Respondeu Diego, sarcástico.
-Provavelmente é alguém que não tenha sangue trouxa. Vocês sabem, que o Lorde das Trevas abominava qualquer alma trouxa que viesse a existir. Foi por isso que ele abriu a Câmara Secreta nas duas vezes em que aconteceu.-Observou Silena, encarando os amigos.
-Então temos que fazer uma lista de todos aqueles que não têm sangue trouxa.-Falou Ester.
-Pois bem, mãos à obra.-Disse Diego, se levantando para pegar um pergaminho é uma pena. Seriam muitos nomes para anotar.
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Silena Potter e o Herdeiro das Trevas
FanfictionSempre se esperou muito de Silena. Como uma Potter, a fama de sua família a acompanhava por onde quer que fosse, e os feitos de seu avô, Harry, lhe eram ditos a todo tempo. Assim que completa onze anos, é impossível para ela não esperar ansiosa pela...