As vezes quando você repete a mesma coisa várias vezes ela se torne real. Se você repetir a mesma coisa em frente ao espelho muitas vezes talvez você acredite naquilo.
Quantas vezes disse o quanto eu era durona.
Muitas.
Muitas vezes.
Não me abalo por isso, não me afeta. Todos sabiam que era assim. Eu era assim, eu sou assim. Inabalável. Dessa vez não se tornou real. Apenas um escudo para o que eu queria que as pessoas achassem que eu sou.
Desce a primeira lágrima e você tenta sufocá-la. Ela é seu segredo, ninguém pode saber que um dia ela veio a cair. Ninguém esperava isso de você. Você é durona, certo? Você se olha no espelho, mergulha dentro da sua íris e se pergunta?
"Eu um dia acreditei nisso?"
E a resposta é um lípido "não".
Desce a segunda lágrima e você é pega de surpresa, vê olhos arregalados te encarando, seus olhos, não tenta sufocá-la, está curiosa como o efeito daquilo tem sobre você. Como parece um pouco como a chave de um cadeado. Libertador.
Não tenta mais segurar. E descobre que não importa quantas curiosidades e sufocamentos deslizem por sua bochecha, você continua durona. Porque esse é o segredo, as vezes todos os seus sentimentos ficam ali trancados, escondidos, submersos e só precisa de um estopim para você sofrer um tsunami.
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Tsunamis
PoetryTextos sobre o inevitável. Sobre a vida, experiências, decepções. Tudo que está enjaulado.