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18 de Setembro de 1995

Querido Diário, 
   Não sei bem a quem me devo dirigir quando escrever em ti, mas por agora vai ser assim. Isto foi ideia da minha mãe. Encontrou-te numa das caixas das mudanças ainda por arrumar. Disse-me que irias apenas fazer pó, assim pelo menos poderia utilizar-te como a minha "segunda memória". Tudo isto porque nos últimos dias tenho andado frustrada por não me lembrar bem do que se passou no dia anterior.
   É difícil de explicar, sinceramente não há uma explicação específica para estas perdas de memória. Assim que me deito é como se me estivesse a submeter ao esquecimento do dia seguinte. Quando era mais pequena não me apercebia tanto deste meu problema. A minha mãe foi sempre a única que me fez entender o que se estava a passar comigo.
   Faz uma semana que me mudei para a escola nova, e comparando com os outros anos, acho que me estou a sair melhor. Não sei se é suposto poder dizer que já somos amigas, mas tenho passado imenso tempo na escola com uma rapariga da minha turma, a Brenda, e com a Mel, uma amiga sua de outra turma, mas com a mesma idade que nós. Pouco me lembro das conversas que tenho com elas, mas hoje a Mel confessou ter uma pequena paixoneta por um rapaz um pouco tímido que entrou este ano para a sua turma.
   Pronto e é com isto que ocupo a tua primeira página. Talvez amanhã volte a escrever algo que ache ser suficientemente importante para me lembrar.

Boa Noite,
Nicole.

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