A corrida intensa na grande, escura e longa Av.Champs-Élysées chegava causar certo pânico e insegurança. Sem saber o que lhe aguardava, Charlotte ofegava, em busca de um ar que lhe custava passar pelos seus pulmões, que se encontravam enfraquecidos pelos longos dias sem se alimentar e muitas noites frias sem ter o que lhe aquecer.
Seu pequeno, magro e pálido corpo estava trajado com apenas uma camisola de seda, na cor do mais puro e deleitoso vinho, dando a impressão que ela perambulava pelas ruas mais belas de Paris como se fosse um espírito, vagando sem rumo algum, apenas querendo encontrar um refugio no qual pudesse descansar.
Num rumo frenético, Charlotte apenas corria sem olhar para trás, com medo de que algo ou alguém a alcançasse. Não estava sendo fácil fugir no meio da madrugada sem que ninguém a notasse. Com certeza já haviam sentido a falta dela em sua cama, afinal, em um orfanato sempre existem os vigias noturnos que perambulam pelos quartos.
Seus pés estavam descalços e já imploravam por descanso. Devido aos machucados e a dor, ela já não aguentavam mais correr pelo asfalto irregular e áspero, que começava a provocar uma forte ardência nas solas de seus pés.
Continuando em seu rumo incerto, Charlotte se viu infiltrada em um possível parque, que parecia ser bem longe de onde ela havia fugido. Então se escondeu atrás de uma árvore e começou a se sentir um pouco mais calma.
Acho que finalmente consegui me livrar daquele lugar, ela pensou.
A árvore possuía uma casca muito rígida e grossa, fornecendo um suporte, o qual ela poderia escala-la e se esconder em seus galhos.
Sem pensar duas vezes, ela subiu e se deitou em um resistente galho, que dava a cobertura necessária para que não fosse encontrada, então suspirou aliviada.
Estava segura, mas apenas por hora.
Deitada, ela aproveitou para tirar um breve cochilo, que não durou muito tempo, pois ao ouvir um barulho suspeito, Charlotte despertou rapidamente. Logo abaixo, avistou a sombra de um possível homem, que caminhava em direção a árvore em que estava deitada.
Assustada demais, ela se viu parada como se fosse uma pedra, sem saber o que fazer. Bastando apenas analisar o que a possível homem iria fazer ali.
Então quando se aproximou, a sombra do desconhecido se sentou no chão e encostou suas costas na árvore.
Por conta da escuridão que a noite provocava, Charlotte não conseguiu ver claramente como poderia ser a aparência de quem estava ali, apenas enxergando melhor quando a luz provocada pela lua atingiu a árvore, que parecia muito mais alta do que ela havia percebido ao escala-la.
A árvore possuía galhos cada vez mais longos e com folhas mais vivas, verdes e elegantes, o que a deixava fascinada por sua beleza.
Por um momento, ela se esqueceu que havia um ser sentado abaixo dela, só realmente se tocando quando ouviu um barulho estranho, a fazendo olhar para baixo e dando de cara com um homem, ou possivelmente um.
Não sabia ao certo o que poderia ser aquela "coisa".
O medo a invadia por dentro, aos poucos tomando conta de todo o seu corpo. Ela tremia ao pensar o que poderia acontecer se esse homem a visse ali encima. Talvez ele a ajuda-se, ou não. Tudo o que ela não queria, era voltar para o orfanato, então mediante do que fosse ocorrer ali, Charlotte teria que ser esperta e rápida.
Ela só precisaria se manter quieta e não fazer nenhum movimento que entregasse a sua presença.
Não faça barulho, Charlotte, pensou enquanto tentava parar de tremer, ele não vai perceber que estou aqui.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Opium [PAUSADA]
RomanceLIVRO 1 DA TRILOGIA "A PROFECIA" . Charlotte Harper é uma jovem francesa, cujo em seus dezesseis anos resolveu fugir do orfanato em que viveu sua vida toda, se refugiando em um parque desconhecido nas ruas de Paris. No meio de sua fuga noturna, ela...