̶ Da próxima vez que quiser ir á biblioteca, peça a mim, esta entendido, garota? ̶ perguntou Vincent aparecendo na frente de Charlotte, com apenas uma toalha envolta de sua cintura. Ele havia acabado de sair do banho depois de uma longa noite que passara com ela. Seus cabelos úmidos estavam jogados para trás e despenteados, assim como seu peitoral cheio de tatuagens se encontrava molhado, com algumas gotículas de água escorrendo em direção ao seu umbigo.
Ela assentiu, cansada, o fitando brevemente, logo em seguida virando sua cabeça para o lado, para que pudesse desviar o olhar. Se continuasse a olha-lo, não conseguiria parar de analisar aquele abdômen levemente definido e com tatuagens psicodélicas que ele possuía. Ela não queria manter contato visual com ele por muito tempo, muito menos talvez cair na tentação de quase "come-lo" com os olhos.
Se Charlotte não estivesse dolorida, despedaçada e com nojo de toda aquela situação que havia ocorrido naquela noite, ela ate diria que achara Vincent completamente bonito e chamativo aos seus olhos naquele exato momento. Mas aquilo não era o que estava acontecendo ̶ ela se sentia completamente suja. Ela ainda conseguia se lembrar de como havia agido igual a uma mulher vagabunda, e aquilo era demais para ela. Em toda sua vida ela havia sido criada em um orfanato religioso, apesar de que os próprios integrantes de lá não fossem nada ligados a Deus. Mas ela tentava ficar mais perto de Deus que conseguia, pedindo perdão por todos os pecados que ela cometia. Vezes ou outra pedindo forças para conseguir aguentar aquela situação e poder arranjar uma fuga daquilo tudo.
Naquela época ela ainda se considerava uma menina forte. Não era fácil passar pelo o que ela passava sem estar psicologicamente abalado. Não que ela não estivesse, mas Charlotte sempre foi à única no orfanato a lidar melhor com aquela situação do que todas as crianças e jovens de lá. Afinal, ela era a mais velha, e se sentia no dever de pagar o papel de "irmã" mais velha, cuidando dos mais novos e pegando toda a dor e frustração que eles sentiam totalmente para ela.
Mas agora ela havia ido embora do orfanato e todos estavam sozinhos, sem ter alguém que pudesse lhes confortar a não serem eles mesmos. Aquilo de certo modo doía dentro dela, por ter ido embora e não ter aguentado até o final, ou ter bolado alguma fuga no qual pudesse livrar todos os seus pequenos ̶ era como ela os chamava ̶ , daquela situação.
Agora tudo estava feito. Ela não era mais uma menina forte, muito pelo contrário. Havia fugido, sido sequestrada e vendida a um bilionário extremamente arrogante, insano, cruel e todos os adjetivos ruins que ela pudesse pensar em relação a ele. Sua vida havia descido pelo ralo. Ainda mais depois da ultima noite que ela passara ao lado de Vincent. Ele havia a usado nem nenhuma dó ou preocupação. Apenas preocupado em se satisfazer e descontar todo o seu estresse nela.
Já eram sete horas da manhã e ela estava ali, deitada na cama do quarto de seu mestre, nua e totalmente acabada, mal conseguindo ficar em pé. Seu ombro doía pela mordida que havia recebido dele. Suas pernas estavam fracas e bambas, devido ao cansaço. A noite que tivera com Vincent havia sido exaustiva, já que ele a possuíra até o amanhecer, sem ao menos se importar como ela havia se sentido horas atrás e como se sentia no momento.
Ela estava faminta, mas em uma intensidade que seu estomago chegava a doer por estar vazio. O que ela mais desejava naquele momento era uma enorme bandeja com um delicioso café da manhã cheio de frutas, café sem açúcar, torradas com manteiga, iogurte e tudo que pudesse ter de direito de comer.
Sua atenção estava tão focada em pensar no quanto que poderia comer naquele momento, que ela não percebeu Vincent se sentar ao seu lado direito na cama, totalmente nu, alisando sua coxa numa caricia leve. Ela ainda estava com a cabeça virada para o outro lado, para que não pudesse olha-lo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Opium [PAUSADA]
RomanceLIVRO 1 DA TRILOGIA "A PROFECIA" . Charlotte Harper é uma jovem francesa, cujo em seus dezesseis anos resolveu fugir do orfanato em que viveu sua vida toda, se refugiando em um parque desconhecido nas ruas de Paris. No meio de sua fuga noturna, ela...