Chapitre 1

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O sol já havia nascido.

Os pássaros cantavam, os carros vagavam pelas ruas e avenidas, enquanto as pessoas corriam para seus devidos trabalhos. Apressadas para que não se atrasassem, sem se importarem em quem esbarravam, iam para seus objetivos.

O parque de Tuileries encontrava-se um pouco movimentado, como de costume. Nada fora do padrão, apenas famílias fazendo suas corridas pela manha, aproveitando a bela vista da Torre Eiffel.

Charlotte começava a abrir seus olhos lentamente, que se viam incomodados pela grande Claridade do dia. Logo coçando-os para enxergar melhor tudo a sua volta. 
Sua visão estava quase totalmente acostumada com o ambiente, quando um grande susto tomou-a por dentro.

Onde estou, perguntava-se ela, não me lembro de ter chego aqui.

Tudo parecia diferente, algo havia acontecido e ela não conseguia saber ou lembrar o que era. A última coisa que se lembrava, era que ela havia fugido do orfanato, onde viveu em todos os seus dezesseis anos.

Tentando formular mais alguma coisa, aos poucos ela lembrou-se do sonho que havia tido. Não era um tão diferente dos que ela geralmente tinha, mas aquele com certeza era esquisito.

Aquele homem, o qual havia sonhado, que ficou ali, junto a ela, fumando seu cigarro em silêncio, não era algo considerado um humano normal. Ela nunca havia visto aquele ser em lugar algum ou uma única vez. Poderia ser apenas algum fruto criado pela sua própria imaginação.

Ela ainda conseguia sentir o doce aroma daquele rapaz se fechasse seus olhos e respirasse fundo, se perdendo loucamente naquela fragrância viciante, que poderia fazê-la esquecer de tudo que a afligia naquele momento.

Charlotte poderia ficar horas ali, apenas presa em seus pensamentos, mas ela estava perdida. Nunca havia saído do orfanato uma vez se quer, aquela era sua primeira vez longe de tudo e todos.

Sentindo um vazio em seu peito, agarrou-se em seu braço, sentindo que havia algo a mais consigo, encontrando uma jaqueta preta de couro, a qual não a pertencia, colocada por cima dela, como se estivesse a cobrindo para que não se resfriasse.

—Isso não é meu— afirmou para si mesma— Como ela veio parar comigo?

A jaqueta parecia ser muito cara, pelos detalhes prateados em que se encontravam envolta dela. Os spikes nos ombros chegavam a dar certo charme, entrando em contraste com o couro preto.

Olhando para a estilosa jaqueta, Charlotte a aproximou mais perto de seu rosto e a cheirou, sentindo a mesma fragrância daquele rapaz de seu sonho. Tendo um leve flashback de tudo que havia sonhado.

—Ele realmente é real?—perguntou-se— Então tenho que devolvê-la para ele!— decidiu-se ao olhar a jaqueta em suas mãos.

Levantou-se devagar com a jaqueta em seus braços e olhou outra vez em volta. Não fazia ideia para onde ir, não sabia onde aquele estranho rapaz se localizava, onde ela estava e para quem pediria ajuda.

Tudo iria depender de sua própria sorte, onde ela iria ter que se virar em um mundo onde desconhecia. Apesar de estar perdida, se via livre de todos os problemas em sua vida. Agora ela poderia seguir seu próprio caminho e deixar tudo para trás.

Indo para qualquer direção desconhecida, Charlotte vestiu a jaqueta, fechando seu zíper e saindo do parque Tuileries.

Preciso encontra-lo, pensou. Não importa como, não posso ficar com sua jaqueta... Mas essa jaqueta é dele, né? Tem que ser dele, ela possui o cheiro dele.

Com essa linha de raciocínio, se viu determinada a encontrar o suposto rapaz, andando pelas ruas desconhecidas de Paris. As horas passavam e nada surgia para que pudesse leva-la a alguma pista do homem que procurava.

Opium [PAUSADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora