Parasita

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Parasita

Nunca pensei que só eu tivesse boca, meus hospedeiros
Sempre tem sido mudos aos meus ouvidos,
Adoraria ouvir dizer o quanto minha presença vos encomoda,
Adoraria ouvir dizer o quanto me acham reles,
O quanto me acham Intruso,
Penetra,
Acomodado,
Adoraria que me jogassem fora mesmo contra minha vontade,
Que tivessem alma,
Sentimento,
Veracidade.
Adoraria que nem mesmo deixassem eu entrar,
Que nem mesmo deixassem eu te-los como sombras anciãs,
Te-los como companhia,
Como anfitriãs,
Mas não!...
Preferem calar
e quando não calam
Preferem dizer o quanto eu sou admirável,
batalhador,
Vencedor,
Afável,
preferem ser sinicos, bando de cínicos, Cínicos que calados tem sido mas cínicos ainda,
Pois quando calam se mostram através de gestos,
Gestos ridículos,
Gestos que ferem minha alma,
Gestos que se chocam contra seus próprios ecos,
gestos de pura arrogância
Quanta discrepância.
E eu?
Eu fico me encaixando nisso tudo e sempre caiu como uma ameba Insistente,
exigente,
fico preso tentando sair,
Tentando ter no mínimo um pouco de  liberdade,
Mas bem maior que meu ego,
E o tamanho de minha necessidade.

(Cosme Teixeira)

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