poemas sociais

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"Lixo em linha reta"

De longe dos privilegiados
Dos que comem onze e meia,
Que tomam banho e trabalham
E que dormem de barriga cheia,
Avisto eu a ceu aberto uma
multidão que cambaleia.

Mas o que fazem lá
Largados ao vento?
Parecem zumbis em
constante Movimento.

Que disposição não param
Um so instante,
Mas o que fazem lá
abaixo desse sol escaldante?

Enfadonho de dúvidas Preciso ver de perto,
Vamos passos largos cubram esse deserto.

Mas o que vejo eu?
lixo de ponta a ponta
Que cenário orrendo
Que o mal cheiro toma conta.

Que visão amargurante se desenha a cada passo,
Homens e abutres dividindo o mesmo espaço!

Moscas a voar,
cachorros a latir,
Gente a chorar,
Gente a sorrir,
Nem posso acreditar
Que vive gente ali.

Que quadro das amarguras.
Quem será que o faz?
Aqui nem mesmo se difere
homens de animas.

Meu Deus,
Meu Deus,
que horror!

Homens que nem parece homens
Homens que vivem em lamento,
Com passos tristes e cansados
que se deixam levar com o vento.

O corpo é cheio de marcas, marcas visíveis qualquer parte
São como material sem uso, sem limpeza, que so serve pra descarte.

As unhas encravadas recheadas de sujeira,
A Pele é queimada e coberta por poeira,
Oh! vida ingrata não os destes uma cadeira.

Não os destes nem mesmo
o direito de escolher,
ser visível ou invisível
De poder se esconder.

Esconder se dos olhares sorridentes, que ferem na alma como a ponta de um arpão,
Esconder se do sol escaldante que fere na pele como as larvas de um vulcão.

O que tapa suas vergonhas é um mísero roupão,
Que velho e rasgado certamente ja usado é retirado do lixão.

Ja deu quatro e a fome aperta
Mas o caminhão lixoso ja está logo a frente,
Alimenta urubus, alimenta cachorros e toda aquela gente.

A cada passo, diminui o espaço
e aumenta a luta pela vida,
Agora é cada um por si
e pelos restos de comida.

Mas que tamanho desespero,
mas Que maldita guerra,
Legiões de homens sujos
Como a terra.

Crianças magruças, crianças
Que rodeiam o sofrimento,
Que também entram no show
pela busca de alimento.

Cachorros latem,
crianças choram,
Homens se ferem,
a fome devora.

Já nem importa dali ninguém sai
A miséria é irmã,
é mãe,
é pai.

Neste mato sem cachorro é tamanha a judiação,
Não vivem aqui por que querem
Mas por falta de opção.

vivem nesse sistema
Que não liga pra ninguém,
Onde poucos tem muito
e muitos pouco tem.

Sistema corrupto,
Sistema desleal,
Salve! salve! salve!
A bandeira nacional.

(Cosme Teixeira da silva)

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