Part 15

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   Mark estava em algum lugar entre o estado consciente e inconsciente completo. Ele ouvia o que as pessoas diziam e sentia quando o tocavam, mas de forma alguma conseguia se mover ou até mesmo falar. Sentia a garganta ressecar como se pudesse rasgar a qualquer minuto, seu corpo todo estava pesado e parecia que havia uma caixa de cimento sobre seu peitoral esmagando seu pulmão toda a vez que tentava respirar. Sabia estar todo entubado, sabia que tinham pessoas ao seu lado, mas não conseguia exatamente distinguir quem era, as vozes eram baixas, sussurradas e agora haviam se afastado como se estivessem em um canto do quarto longe de sua cama. Não sabia quanto tempo havia ficado desacordado por completo e quando sua consciência tinha sido desperta, mas agora sabia o que acontecia e memórias do ocorrido voltaram a sua mente com vívida emoção. O incêndio, o calor, o cheiro da fumaça, Marina.. Marina? O que aconteceu com ela? Ele sabia que precisava falar, precisava abrir os olhos, mas não conseguia. Todas as suas tentativas de se mover, falar ou até mesmo respirar fundo haviam fracassado o deixando extremamente cansado e frustrado. Pensava em desistir e adormecer mesmo sem saber se sua consciência voltaria ou não, mas a necessidade de ter notícias de Marina o mantinha alerta. Lutou com todas as forças pra fazer os olhos se abrirem, estava nervoso e cada vez mais irritado. Aquele estado de incapacidade não era pra ele sempre acostumado a ter o que queria e na hora que queria. Sabia que se pudesse nesse momento estaria chorando de frustração, mas nem isso ele conseguia fazer nem expressar. Queria se debater na cama, gritar, esmurrar alguém mas não podia. Ouviu quando o apito que antes era constante de alguma máquina conectada a seu corpo, transformou-se em um apitar quase constante e estridente, notou a movimentação ao redor do quarto pelos barulhos que se seguiram, sentiu quando algo gelado foi posto em seu peito e logo uma sobrecarga de algo que doeu e pesou em seu corpo, não conseguia protesta contra aquilo, seu coração estava disparado agora, antes ele batia bem lentamente e ele mal conseguia sentir. A máquina parou o barulho irritante e isso o tranquilizou um pouco, achou que estava morrendo e provavelmente estava, o cansaço em seu corpo era além do suportável e sua mente parecia cada vez mais entorpecida, se não fosse por precisar saber de Marina ele acreditava que haveria se rendido. O ardor na garganta e no peito era uma tortura que ele era submetido a cada sopro de ar que recebia artificialmente. Ele teria suspirado se pudesse, mas então ele sentiu, percebeu ou previu, nunca iria saber. A sala foi invadida por um calor diferente, ele estava ainda mais alerta, sentiu sua mão ser tomada por mãos macias e trêmulas? Ouviu a voz em seu ouvido e achou que seu corpo todo havia se arrepiado, era ela. Marina estava viva e ao seu lado, Mark concentrou todas as suas forças em um olho apenas, queria a ver e ter certeza que ela estava bem, que seu lindo rosto era o mesmo e que ele não estava apenas alucinando, ela apertou sua mão e ele sentiu como se houvesse sido uma fonte de força pois logo conseguiu abrir o olho direito, a alegria de haver conseguido foi substituída pela dor aguda que sentiu na vista assim que a luz penetrou a escuridão na qual se encontrava. O outro olho foi aberto no susto quando piscou várias vezes tentando se acostumar com a claridade repentina, o mundo parecia explodir em cores e em sons porque o quarto se pôs em festa. Ele girou a cabeça com dificuldade porque parecia que pesava mais do que ele podia suportar mas então ele a viu, queria falar, queria perguntar mas sua garganta estava fechada, buscou com os olhos por água e a notou soltar sua mão. O protesto morreu em seus lábios sem conseguir ser pronunciado, ao outro lado da cama um movimento chamou sua atenção e ele notou pela primeira vez que seu quarto estava cheio, super populado com seus amigos, companheiros de trabalho e a família de Marina que o olhavam entre espantados, aliviados e emocionados, pareciam felizes. Pela primeira vez em muito tempo Mark se sentiu acolhido por um número muito grande de pessoas o que o emocionou. Sentiu quando algo tocou sua boca e voltando o rosto encontrou Marina debruçada sobre o seu corpo oferecendo a ele o que ele mais desejava, um canudo que o ajudaria a beber água.

 Mark estava agradecido pelos cuidados e pelo carinho que havia recebido enquanto estava internado principalmente de Marina e JB que pareciam decididos a mimar o rapaz. Os dias se passaram, os aparelhos logo foram retirados e agora ele já se sentia capaz de respirar normalmente e se mover como fazia. Recebeu algumas recomendações sobre evitar exercícios físicos mais pesados por mais um mês e ir se exercitando aos poucos para não sobrecarregar o pulmão que havia sofrido bastante com a fumaça toda que havia aspirado. JB se prontificara a ficar como enfermeiro particular de Mark durante toda a sua recuperação, deixando Marina contrariada quando ela havia pensado em fazer o mesmo, mas a menina continuava a visitar e levar flores e frutas aos dois que agora eram internos do hospital. Finalmente o dia de retornar a casa havia chegado e Mark estava demais ansioso.

 JB olhava para Marina enquanto estava sentada a seu lado no banco de trás do carro de JR que havia se prontificado a buscar Mark e levar a casa, Mark havia insistido em se sentar no banco da frente e agora o casal estava junto no banco de trás. JB esticou a mão por sobre o banco e segurou a mão de Marina que parecia tão pequena em suas grandes mãos, o pesadelo havia terminado e finalmente eles estariam livres. Marina lhe sorriu e ele se viu perdido naquele sorriso e nos olhos que brilhavam para ele, ela apertou seus dedos e se inclinou em sua direção dando um suave beijo em seus lábios acompanhado de um riso alegre e cristalino em resposta a algum comentário espirituoso de Mark que estava se mostrando um bom amigo além de herói de Marina. Eles haviam conversado em uma das inúmeras noites que JB ficara como acompanhante dele no hospital, conhecia os sentimentos de Mark por Marina mas o outro também conhecia os seus e havia confessado tudo o que tinha aprontado inclusive como a havia separado de Jackson,  se desculpara e prometera respeitar o relacionamento deles desde que ele permitisse que Marina fosse sua amiga, não a afastasse dele. JB se sentia seguro e confiava em sua namorada além de estar aprendendo a confiar em Mark, era bom saber que em sua ausência teria alguém para cuidar de Marina, mas não se sentia generoso o suficiente de abdicar dela e de seus sentimentos. A puxou para si e a envolveu em um abraço apertado enquanto beijava o topo de sua cabeça sussurrando em seu ouvido em seguida

- Você tem o direito e a obrigação de ser feliz agora. Comigo. Quando meu contrato terminar em cinco anos, vamos nos casar e construir a nossa família, ok?

Ela apenas sorriu e assentiu em seguida com um sorriso ainda mais iluminado do que o anterior. Sentia que agora tudo estava em seu lugar e que seu futuro seria tudo o que sempre havia sonhado mas nunca antes imaginado. Quem diria.. uma menina que fora expulsa de casa, longe de ser uma princesa, mandada para outro país havia encontrado seu lar nos braços de seu próprio príncipe encantado.

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⏰ Last updated: Jul 02, 2016 ⏰

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O Recomeço - Parte 2 ( Fanfic Got7)Where stories live. Discover now