Capítulo - XIX

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– Não somos parentes – disse Alfonso. – Estou proibido de mexer nos prontuários, então se você puder me explicar o quadro dele eu agradeço.

– Me desculpe, pensei que eram parentes. Eu estava explicando isso para a Senhorita Puente assim que você entrou no quarto, não sei se você acompanha o quadro do Enzo, mas o medicamento que ele tomava foi alterado há pouco tempo porque não estava surtindo o efeito desejado, e como você deve saber...

– Crises são normais quando se altera o medicamento – Alfonso completou.

– Exato, até o organismo dele se acostumar com o remédio, isso pode levar um certo tempo, e caso ele continue com as crises, aumentaremos a dosagem do remédio.

– Ele está tomando o Depakene? – perguntou Alfonso para confirmar o que havia lido no prontuário de Enzo

– Isso, Depakene, 125g por dia – ela respondeu.

– Apenas uma vez ao dia?

– Isso, apenas uma vez – respondeu.

– Acho que ainda é cedo para falar sobre aumentar a dosagem do medicamento – disse Alfonso.

– Concordo, por isso só aumentarei a dosagem se as crises persistirem – explicou.

Assim que a Dra. Garcia saiu do quarto, Anahí caiu sentada no sofá, exausta, havia tido um dia difícil, chegara atrasada no trabalho, seu ex-marido lhe havia ligado, e por último Enzo tivera outra crise epilética.

– Ele está bem, não há com o que se preocupar – disse Alfonso se sentando ao lado de Anahí e colocando sua mão nas costas dela, para confortá-la.

– Obrigada – Anahí agradeceu. – Obrigada por estar aqui comigo – disse um pouco mais tranquila, quando uma enfermeira entrou no quarto e sorriu ao ver Alfonso ali.

A enfermeira era uma mulher bonita, ruiva natural, cabelos que pareciam compridos, mas que agora estavam presos em um coque bagunçado, o que lhe dava um ar jovial, seus olhos eram verdes claros e sua pele clara, com leves sardas no rosto.

– Dr. Herrera – ela disse sorrindo e Alfonso sorriu ao vê-la.

– Laura.

– Sentiremos sua falta durante esse mês, espero que sinta nossa falta também – ela disse e em seguida se virou para olhar o fluxo dos medicamentos que Enzo tomava pela veia. – É sempre um prazer vê-lo Dr. Herrera – disse antes de sair do leito.

– Espero que sinta nossa falta também – disse Anahí, imitando Laura. – Isso foi patético – bufou e Alfonso riu. – Claro que você deve adorar toda essa atenção.

– Não tenho do que reclamar – ele sorriu dando de ombros.

Alfonso e Anahí ficaram conversando, enquanto ele tentava tranquilizá-la cada vez mais, já havia até conseguido fazer Anahí rir, mesmo ela estando tão preocupado com Enzo que ainda dormia.

Anahí aproveitou que Alfonso estava se esforçando para tranquilizá-la, para fazer algumas perguntas para ele, tinha dúvidas sobre as crises epiléticas de Enzo, e mesmo tendo lido bastante sobre isso nos últimos meses e enchido a Dra. Claudia de perguntas, ela ainda tinha algumas dúvidas, que logo foram respondidas pacientemente por Alfonso.

– Ele ainda vai demorar para acordar – disse Alfonso, quando Anahí apoiou sua cabeça no ombro dele, exausta. – Os medicamentos que ele está tomando são fortes e ele é apenas uma criança, descanse um pouco, qualquer coisa eu te acordo – ele passou a mão pelas costas dela, a acomodando em seus braços para que ela pudesse descansar um pouco.

Mentiras (finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora