Capítulo - LXXXVIII

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Anahí não queria que ele a visse chorar, por isso não se virou, já que sabia que no momento em que seus olhos se encontrassem com o dele, ela desabaria, e ela não queria novamente lhe contar seus medos e fraquezas se ele não lhe contava nada sobre sua vida.

A leve brisa voltou a acariciar seu rosto, mas dessa vez, ao invés de tranquilizá-la, trouxe junto um perfume que a inebriava e fazia com que todo seu corpo se arrepiasse, já que Alfonso estava bem próximo dela.

Era visível que havia algo incomodando Anahí, e Alfonso sabia que provavelmente a culpa era dele, ele sabia que havia errado com ela, sabia que não devia ter ido correr com Perla, muito menos ir beber com ela, mas não podia suportar a ideia de brigar com Anahí por causa da raiva que sentia do Marcelo.

Alfonso se aproximou de Anahí, colocando suas mãos nos braços dela, a acariciando e beijando seu ombro, ele não se lembrava direito do que falara para Anahí quando entrara no quarto, mas se lembrava que havia sido extremamente rude.

– Não vai me falar o que está acontecendo? – ele perguntou, mas novamente Anahí permaneceu calada e, apenas balançou a cabeça negativamente. – É minha culpa? – perguntou, embora já imaginasse a resposta.

Anahí se virou para encará-lo, Alfonso estava sem camisa, vestindo apenas uma calça de moletom, parecia cansado, e seus olhos vermelhos por causa do sono, revelavam o quanto ele estava preocupado com ela.

Alfonso levou suas mão até o rosto de Anahí, a acariciando, era visível que ela havia chorado, e isso partia seu coração, ainda mais por saber que ele havia causado isso.

– Eu sinto muito. – ele disse. – Fui um grande idiota, não fui? – perguntou, e Anahí confirmou, balançando a cabeça positivamente, o que o fez sorrir torto, adorava seu jeito de menina, tão inocente as vezes. – Você está me odiando muito por isso? – perguntou, a abraçando e beijando sua testa.

– Não. – foi sincera, embora estivesse chateada, sabia que não conseguiria odiá-lo, e toda vez em que ambos se desentendiam, lhe partia o coração quando Alfonso perguntava se ela o estava odiando, como se ele esperasse por isso, com medo que ela desistisse dele por qualquer motivo, embora ele parecesse tão cheio de si, ela sabia que no fundo, Alfonso era um homem inseguro.

– Eu não me lembro exatamente do que eu disse, mas sinto muito por descontar tudo em você, sei o quanto as coisas serão difíceis para você essa semana, porque esse é só o começo, e eu não acho justo pedir que você aguente isso por mim, mas eu preciso de você do meu lado. – confessou, embora detestasse assumir quando precisava de alguém.

– Precisa? – perguntou o encarando e deixando um sorriso brotar em seus lábios, sabia que devia ser difícil para um homem tão orgulhoso como Alfonso, assumir que precisava de alguém.

– Preciso.

Anahí voltou a encostar sua cabeça no peito de Alfonso, que a afagava, ainda se sentindo mal pelo jeito como a tratara.

Durante alguns minutos nenhuma palavra foi dita, Anahí respirava fundo, como se estivesse aproveitando o momento nos braços de Alfonso, e ele permanecia em silencio, embora seus pensamentos estivessem agitados, e o fizessem se perguntar o que ele havia feito de bom para merecer uma mulher como a que estava em seus braços.

– Adoraria saber o que está se passando pela sua cabeça agora. – disse Alfonso, finalmente quebrando o silencio.

– Nada. – ela disse, achava melhor não compartilhar com Alfonso seus medos e inseguranças. – Só queria saber porque você não esta dormindo. – disse, afinal, Alfonso chegara bêbado, e provavelmente estava cansado, com sono e dor de cabeça por causa da resaca.

– Lembra quando eu te disse que eu era um cara espaçoso? – perguntou e ela confirmou, balançando a cabeça. – Você conseguiu mudar até isso em mim, porque agora até mesmo uma cama de solteiro parece incrivelmente vazia se você não está dormindo nos meus braços.

– Você me deixa realmente confusa. – foi sincera. – Primeiro você diz que não me deve satisfações e pede para que eu não me intrometa na sua vida, depois diz que precisa de mim e que a cama fica vazia se eu não estou com você. – ela se afastou dele o encarando, já com os olhos marejados.

– Pequena...– ela deu um passo em direção a ela, que se afastou ainda mais dele.

– As vezes eu sinto como se eu não te conhecesse direito, como se você não quisesse que eu te conhecesse. – disse, quando não aguentou mais segurar e suas lagrimas começaram a cair.

Alfonso passou a mão em seu cabelo, bagunçando o mesmo, assim como sempre fazia quando estava nervoso, fechou os olhos e respirou fundo, não suportava vê-la chorar.

– Você virou minha vida de cabeça para baixo, Anahí, antes éramos somente Clara e eu, e isso estava ótimo para mim, eu fazia o que eu queria, sem precisar dar satisfação para ninguém, e acredite, depois de seis anos com uma mulher como a Angelique, não ter que dar satisfação a ninguém sobre o que eu fazia era extremamente libertador. – ele passou a mão em seus cabelos novamente, enquanto Anahí evitava olhá-lo, tentando parar de chorar. – Então apareceu você, o tipo de mulher que eu passei um bom tempo evitando, e você veio com a ideia mais maluca que alguém já me propôs na vida, e invadiu meus pensamentos como nenhuma outra mulher havia feito antes, você me deixa completamente desarmado, e embora eu odeie confessar, isso me assusta.

– Por quê? – perguntou surpresa, se forçando a encará-lo.

– Porque você me faz repensar todos os meu planos. – ele se aproximou dela.

– Eu não entendo.

– Eu tinha certeza do que eu queria para a minha vida, ser independente, criar minha filha sozinho, não me envolver com ninguém, e focar na minha profissão, eu sabia exatamente onde eu queria estar, mas então, apareceu você, e a única coisa em que eu consigo pensar agora é: Eu não posso perder essa mulher.

– Você já me tem Alfonso, embora eu ainda não saiba se eu também te tenho.

– E o que te faz duvidar disso? – perguntou, queria saber o que se passava na cabeça de Anahí, e porque de suas inseguranças.

– O fato de você ser demais para mim. – respondeu rapidamente, antes que a coragem lhe faltasse, por mais que ela estivesse chateada com a forma como Alfonso a tratara, ela ainda achava que não estava a sua altura, e que ele era perfeito demais para ela.



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Devia-se dizer, que o leitor é o co-autor da historia que lê, já que é a partir dele que os personagens descritos e narrados ganham vida, já que cada um os imaginar de determinada forma, pois como dito por Joseph Conrad: " O autor escreve apenas metade de um livro. A outra metade fica por conta do leitor."

Feliz dia do Leitor! Obrigada por me acompanharem nessa historia (e a quem me acompanhou nas outras também), são vocês que me motivam a continuar escrevendo, sem vocês essa historia (nem as outras) seriam postadas.

Gratidão <3

Mentiras (finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora