Capítulo 11

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Andava entre as árvores com pressa e sem olhar para trás. A cada passo que eu dava mais me distanciava do local onde ele havia me pedido para ficar. Fiquei em silêncio com um nó no meu peito... Eu não conseguia mais acreditar em Enzo. Eu não conseguia mais confiar nele, pois tudo o que ele fez nesses últimos tempos foi querer me destruir. Como poderia confiar no homem que diz que me ama, mas não hesitou em me jogar na miséria e que depois se diz arrependido?

Parei em uma clareira com os pés cansados, sentando em uma árvore caída. O céu era de um branco luminoso e de vez enquanto caiam pequeninos flocos de neve que derretiam antes mesmo de chegarem ao chão. Eu sempre o quis, eu sempre o esperei, mas agora custava a acreditar... O que ele faria? Ele me disse que queria cuidar de mim e de Isabella, mas eu não acreditava realmente. Sabe se lá o que ele realmente quer.

Em um momento, reparei no lugar onde estava. Era um lago congelado onde a tinha árvores altas de madeira escura, com galhos finos cheios de cristais de gelo afiados como faca... Em certos locais era tudo tão fechado, que a luz mal chegava ao solo. O frio era cortante assim como o silêncio. A Floresta Negra era assustadora, dando-me calafrios e arrepios... Sempre tive medo de lugares como esse. Ouvia histórias horríveis a respeito desse lugar, como no ano passado, mais precisamente em julho onde sete garotas foram encontradas mortas e nuas, penduradas com uma corda no pescoço em uma árvore. Todas elas, de acordo com o perito, eram virgens e que todo o sangue delas havia sido drenado do corpo através de cortes no pulso.

Nunca acreditei em magia negra, mágica, bruxaria ou qualquer uma dessas coisas. Acreditava em pessoas más que faziam maldade. E tinha medo delas. Dei os ombros e afastei o meu medo me concentrando em como iria chegar a Florença, pois se ficasse na cabana com Enzo provavelmente eu não resistiria ao... Charme másculo dele, e me entregaria como fiz ainda pouco. Aquele maldito sabia bem como me deixar amolecido só para tirar proveito. Abri a cesta pegando a faca e cortando um filete de carne comendo silenciosamente.

"SCLAK"

Ouvi um som de madeira sendo quebrada... Aquilo me deu um sobressalto de susto. Deveria ser impressão minha, mas mesmo assim fiquei paradinho no meu canto, segurando firme o cabo da faca. Silêncio. Depois mais um estalo.

- Lorenzo! Eu sei que és tu... Pare de gracinhas! - disse, respirando fundo. Era óbvio que deveria ser ele, TINHA que ser ele.

Silêncio. Os "sclaks" aumentaram progressivamente, e engolia o seco.

- .... Grrrrrrrrrrrrrrrrrr - um rosnado bestial ecoou entre as árvores. Meu coração deu um solavanco, e o horror me dominou quando olhei para o lado oposto de onde estava. As patas pesadas e peludas tocaram o solo congelado. Era um urso grande e albino, com o pelo branco imaculado. A íris era rosada e com a pupila vermelho-escuro, como se tivessem sangue injetado nas pupilas.

- Meu Deus... - disse baixinho. Ele andava lentamente, de um jeito ameaçador. Abriu a boca exibindo os dentes extremamente pontudos e afiados. Segurava a faca com força fazendo os nós dos meus dedos doerem, mesmo sabendo que aquela lâminazinha seria o inútil diante daquela fera.

Olhei para cesta vendo a carne e tive a ideia de joga-la ao longe, para que eu tivesse tempo para correr. Mas quanto seria? Minutos? Segundos? Ele devoraria a carne em um espaço de piscar os olhos e depois me seguiria pelo o rastro do cheiro. Se corresse agora, ele me pegaria em cheio por que minha velocidade é inferior a sua. Eu não tinha como lutar, e muito menos como sobreviver. Senti o meu medo fluir nas minhas veias, petrificando e paralisando as minhas pernas e braços. Era esperar para morrer...

- Louis?! - disse uma voz fazendo eu e o urso olharmos. Era Enzo. Eu senti uma onda tão grande de alegria ao vê-lo... Ele iria me proteger. Com certeza, ele me salvaria, afinal ele sempre disse que iria me proteger. Ele estava com um machado na mão e correu até mim se postando na minha frente. Da mesma forma que o urso rosnava e eriçava os pelos para mostrar perigo, Enzo fazia algo parecido apertando os pulsos e inchando o peito de ar fazendo-o parecer mais ameaçador. - Louis pegue essa espada e segure-a bem.

Amar ou te Matar... Eis a Questão! (Livro 02)Onde histórias criam vida. Descubra agora