desenhos ...

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Chegando ao terapeuta tive que ficar cerca de meia hora sentada, a sala de espera era realmente assustadora, pra mim pelo menos, o balcão era cinza com a base de vidro, a recepcionista parecia saída dos filmes do Tim Burton, extremamente magra e pálidas, seus cabelos eram incrivelmente negros seus olhos eram acinzentados e profundos.
Eu estava sentada em uma poltrona vermelha meu irmão conversava com uma loura bonita acho q devia estar acompanhado alguém, ele claramente estava interessado nela e ela devia estar nele porque não parava de mexer em seus cabelos, quando eu pensei em ir falar com a recepcionista sobre a demora uma criança menor sai e vai direto em direção a loura, atrás do menino veio um homem de meia idade aproximadamente 1,80 de altura não era musculoso mas também não estava acima do peso, tinha olhos mel e cabelos grisalhos ele pegou a prancheta e disse

Terapeuta: Helena
Eu: aqui
Terapeuta: me acompanhe por favor

Eu o segui até sua sala tinha um sofá e uma poltrona no centro em uma parede tinha uma estante com livros e alguns fichários

Terapeuta: meu nome é Carlos, você deve ser Helena- disse esticando sua mão que eu não aperte em seguida- você tem alguma coisa pra me dizer
Eu: não é nada demais, somente alguns pesadelos desde que....-meus olhos marejaram novamente, sempre que eu falava do acidente eu tinha uma vontade imensurável de chorar- desde o acidente
Carlos: como você se sente quanto ao acidente
Eu: sei lá.... -me segurando para não chorar - é que desde que meus pais morreram é só eu e meu irmão... ele é tudo que eu tenho ... ele ... ele ... - não consegui terminar a frase sem chorar, Carlos me deu uma caixinha c diversos lencinhos para eu secar as lágrimas
Carlos: tudo bem pode chorar
Eu: se eu te contar algumas coisas você promete não contar pra ninguém, nem pro meu irmão - falei esticando o mindinho como sinal de confiança, ele parecia examinar a situação provavelmente me julgando uma adolescente instável
Carlos: eu tenho um voto profissional que eu não posso contar nada que for dito aqui....- ele pareceu me examinar novamente com uma breve pausa ele voltou a falar, cruzando seu mindinho no meu- mas como eu quero ser seu amigo eu juro se você prometer não esconder nada de mim, okay?
Eu: okay- senti um tremendo alívio em saber que eu podia contar com ele, um completo estranho ia ser um depósito dos meus medos ... que irônico, tenho dificuldades de falar com a minha melhor amiga e vou falar com um completo estranho....
Carlos: você disse que tinha pesadelos, com o que exatamente você sonhava
Eu: palhaço.... não era um comum, é horrível ele tem um corte em seu rosto que parece um sorriso é anda com uma faca, e uma melodia que parece vir de uma caixinha de música macabra - eu comecei a tremer só de lembrar de tudo, do que eu havia visto no corredor... ele podia estar me observando agora, será q era coisa da minha cabeça?
Carlos: então você tem medo de palhaços?
Eu: medo não... pânico -parecia tão patético de ser ouvido, uma menina da minha idade com medo de palhaços.. pelo amor de Deus ....
Carlos: mas algum medo?
Eu: sorrisos, maquiagens macabras... adesivos de parede que tem olhos ... -ele assumiu uma expressão séria enquanto anotava tudo oque eu falava
Carlos: você estava presente no acidente?
Eu: sim- eu fiz uma força enorme pra não chorar e comecei a falar- eu e meus pais estávamos indo ao shopping comprar o presente de aniversário do Adrian, Adrian estava na casa de um amigo, então começou a chover bem fraco, uma garoa de verão, então um balão azul passa na frente do carro, um balãozinho azul eu podia ouvir dá rádio q foi interrompida talvez pela chuva, ela, tinha parado de chiar e começou uma melodia macabra seguida por gargalhadas ... então o carro perdeu o controle girou pela pista e ....-não consegui mais segurar o chora ...
Carlos: se não quiser não precisa mais falar nada, eu sei que é traumatizante... por já está bom... se quiser tenho alguns jogos, é mais divertida a terapia jogando -disse ele, e pela primeira vez senti confiança, passei a gostar mais dele naquele momento...
Eu: tem uma sulfite, gosto de desenhar... - eu poderia desenhar qualquer coisa ....
Carlos: claro -disse pegando uma pasta e um caderno pra mim apoiar a folha, me entrego uma caixinha com diversos lápis coloridos ...

Então eu peguei os lápis e comecei a rabiscar, Carlos me olhava atento, quando me dei conta tinha feito o maldito palhaço segurando um balãozinho azul.... era o fim... estava louca ...
Carlos: muito bom ... realmente impressionante... -disse pegando meu desenho... - o tempo está acabando, mas quero que você desenhe tudo oque sonha ou vê,e me traga semana que vem...

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