Capítulo 2

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Hoje passei o dia em casa tentando estar descansado um vez na vida, mas parece que sempre que eu quero ficar sozinho alguém me interrompe o momento. Odeio esta vida!

"Bem que esta casa não é má!" Uma voz feminina invade o meu espaço e eu sinto raiva a crescer dentro de mim. QEM SE ATREVE A ENTRAR EM MINHA CASA?

"O que é que tu fazes aqui miúda?" Grito vendo a pequena que acabara de entrar na minha propriedade privada. "Ninguém invade o meu espaço! Vai embora."

O que é que ela faz aqui? Será que o James pensa mesmo que eu vou deixá-lo por estra criatura a viver comigo? Eu gosto de estar sozinho e o único local onde o posso estar é aqui, SEM NINGUÉM!

"Acordaste com os pés de fora?" Pergunta irónica com um sorriso a bailar nos seus lábios. "Sê um pouco simpático com a tua nova companheira de casa Harry!"

Eu juro que vou matar este bicho. Ela é raptada, não tem família, está a lidar com as pessoas mais perigosas do mundo e ainda continua com um sorriso na cara e com humor para me chatear? Se eu pensava que ela era louca agora tenho a confirmação.

"Eu não te quero aqui!" Reclamo como uma criança, já vi os meus modos mal-educados não resultam com ela. Ela nem tem um pouco de medo da situação em que está metida?

"Pena bicho!" Goza. "Eu também não queria estar aqui e acredita que os meus planos eram estar agora numa casa sozinha a invadir bancos do país com o meu vírus e descobrir coisas confidenciais, mas nem tudo é como queremos. Por isso levanta o cu do sofá e vai fazer alguma coisa útil na cozinha!"

Mas ela pensa que manda aqui? Quem manda aqui sou eu!

"Mas estás louca?" Abro os olhos enfrentando a sua postura de menininha. "Olha princesa, eu não vou fazer coisa nenhuma para ti. Vou é pôr-te na rua!"

Avanço até a mesma que ainda me olhava como se tudo o que eu dissesse fosse uma simples brincadeira. Agarrei o seu braço com força fazendo a mesma gemer de dor e me cuspir para a mão. O quê?

"Harry, Harry... tu não vais nem pensar em pôr-me fora de tua casa e sabes porquê?" Desafia voltando para o lado das suas malas. "Porque o James quer-me contigo e eu como boa menina que sou vou viver aqui já que não tenho outro sitio para ir. E tu vais acolher-me bem porque sabes que eu sei mais coisas sobre ti do que devia."

"Estás a ameaçar-me?!" Constato admirado com a sua coragem. Normalmente as pessoas fogem de mim ou ficam com medo só de eu as olhar com os meus olhos a explodir de raiva.

"Não, eu não era capaz de te ameaçar cabeça de atum!" Mas ela agora goste de me chamar isso? Que eu saiba não tenho nenhum atum na cabeça. "Tu não me metes medo só isso."

"Mas devias!" Rujo enquanto a rapariga carrega as mala até ao único quarto livre da casa, como se já a conhecesse de uma ponta á outra. Que rapariga estranha.

"Tens comida no frigorífico?" Pergunta com naturalidade. Mas ela pensa que somos amigos para ter estas confianças ou quê?

"Não, eu encomendo sempre pizza por isso não tenho mais comida!" Afirmo voltando para o meu confortável sofá.

E sim, eu desisti de a tirar de minha casa. E porquê? Bem, porque ela ia continuar a chantagear-me assim como o James faz e eu não posso fazer nada mais do que ceder.

"Levanta-te!" Manda e eu olho-a como se perguntasse 'estás a falar assim para quem amigas?'.

"Para?"

"Vamos ao supermercado, não é óbvio?" Suspira vestindo o seu casaco preto. "Não esperas que eu vá passar a minha vida a comer pizza como tu não é?"

"Bem podias passar! Vê-se crescias um pouco, és pequena miúda." Falo continuando sem me mexer, até sentir umas mãos geladas em contacto com o meu peito empurrando-me para o chão. "Estás louca?"

Sinto que já lhe fiz demasiadas vezes esta pergunta. Ela é mesmo louca nem vale a pena dizer mais.

"Não!" Diz como se tivesse certa do que diz e eu levanto-lhe uma sobrancelha. Olha que és mesmo. "Eu não vou sozinha se é isso que estás a pensar. Tens de vir comigo, porque como o James diz, eu posso fugir ou ser raptada pela segunda vez!"

Enrugo a testa e pergunto-me mentalmente como ela consegue estar tão á vontade com assuntos destes, quando devias estar a gritar de medo para eu a deixar voltar para Portugal.

"Tu estás bem com o assunto de seres raptada e estares a trabalhar com a máfia Inglesa?"

"Sim, então eu já vos conheço! Eu não tenho medo disto e além do mais tudo é melhor do que estar fechada num orfanato." Declara gesticulando as mãos enquanto fala.

"És estranha!" Resmungo pegando no meu casaco e indo com ela até ao pequeno supermercado que temos do outro lado da rua. Só espero que não haja qualquer problema aqui, não estou para defender esta criança.

Saímos do pequeno edifício onde se encontra o meu acolhedor apartamento e caminhamos em silêncio pelas ruas com neve. O silêncio entre nós era benzido por mim, preferia passar toda a minha vida assim em vez de a ouvir a chatear-me com merdas, como ir comprar comida porque ela não pode comer pizza para sobreviver. Pizza é a melhor coisa do mundo, tipo...

"Um dia tens de me mostrar as tuas tatuagens!" Pede e eu logo nego com a cabeça.

"Esse dia vai ser nunca, e como sabes das minhas tatuagens?" Olho para a sua cara e reparo no quão bonita ela é, mas isso não muda a minha opinião sobre a rapariga.

Ela tem um longo cabelo castanho que cai perfeitamente enrolado nos seus ombros, uns olhos verdes quase da mesma cor dos meus e uns lábios cor-de-rosa suave dando-lhe um toque de menina inocente. Tudo nela a faz parecer uma rapariga que não está envolvida em coisas como a máfia, mas no entanto ela é o contrário do que parece. Eu continuo a não gostar dela, porque vamos a ver, eu não gosto de ninguém.

"Eu já disse que sabia de tudo!" Afirma convencida. "Só não percebo que as fazes. Tu matas as pessoas e depois tatuas símbolos que as identificam na tua pele, isso não faz sentido na minha cabeça."

"Se calhar não sou eu que tenho uma cabeça de atum." Riu gozando da pequena.

"Sabes que eu te vou continuar a chamar isso não sabes?" Assinto com a cabeça mesmo deixando um pequeno sorriso permanecer no canto da minha boca.

Não sou uma pessoa de sorrir muito, mas também não ando sempre sério como a maior parte das pessoas pensam, eu só gosto de impor respeito aos outros para que ninguém se ache mais que eu. Na verdade sou eu quem é capaz de matar seis homens numa sala apenas com uma colher.

"Tu podias era não me falar mais. R ficas já a saber que não te vou dar satisfações de nada! Não tens nada a ver com a minha vida pirralha." Respondo rude como normalmente faço.

"És três anos mais velho que eu, mas eu tenho mais do dobro da tua inteligência!" Elogia-se sentindo-se orgulhosa com a sua massa cinzenta.

Para mim ser inteligente não é nada, só pela tua força consegues o que queres.

"Sou mais velho e tu tens respeito, para mim a tua cabeça não vale nada Carolina."


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