Capítulo 3

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Dominic
Rubi está agora adormecida à minha frente, e não sei se agradeço aos céus por isso ou se praguejo. Por um lado poderia agora estar despejando de uma vez tudo sobre mim, e aasim saber de cara sua reação, dizem que puxar o esparadrapo de uma vez faz um estrago menor, e é indolor.

Mas por outro, por este mísero período de tempo, em que está inconsciente divagando em seus sonhos, ainda a tenho inteiramente para mim, à ela e ao seu amor puro e intocado.

Apoio os cotovelos em meus joelhos e divago sobre tudo que contarei à ela, um grunhido de dor reverbera por minha garganta sem que perceba e uma lágrima escorre por minha face.

Ainda dói, muito.

Limpo meu rosto e levanto-me seguindo em direção à cama, abraço seu corpo, especificamente sua barriga, mesmo que ainda plana emociono-me ao pensar no pequeno ser que habita ali, o fruto do nosso amor.

- Eu lhe prometo, aja o que houver, você será o serzinho mais amado deste planeta. - Sussurro, mesmo que ele, ou ela, ainda não possa ouvir, sinto a necessidade de reafirmar isso. Planto um beijo suave ali e volto a me sentar.

Faz apenas uma hora que Rubi está dormindo, e meus pensamentos já deram voltas e mais voltas. Não consigo pregar os olhos e me forçar a descansar, minha menta não para. Aproveito o tempo e envio uma mensagem à Matthew, ordenando que rodeie o hospital com segurança e mantenha dois à porta do quarto, por precaução. Se antes, apenas com Rubi, já era excrucitantemente exaustivo pensar em sua segurança, com nosso filho não posso arriscar nem um fio de cabelo.

Filho.

Uma palavra tão pequena, mas que carrega um peso imensamente grande, assim como sua responsabilidade.

Dizer que nunca imaginei-me como um pai de família, com uma bela casa branca, cercada por baixas cercas da mesma cor, um jardim verde e florido em uma vizinhança pacata, com as crianças correndo atrás dos cachorros pelo quintal, ó sim, porquê os cachorros fazem parte da família ideal, enquanto eu e minha esposa sentávamos à sombra observando, seria uma grande mentira.

Durante toda minha vida sonhei com algo assim, a vida perfeita, era isso que mantinha a alegria de uma criança de dez anos, até que tudo foi pisoteado, o sonho americano deixou de existir, no momento em que o vi morrer, de uma forma tão lenta e dolorosa que seus gritos excrucitantes permanecem em meus pensamentos até hoje.

" Quinta-feira, 12 de abril de 1995.

Há dois dias completei dez anos, mas não há nada a se comemorar. Eu costumava ser um menino otimista, sonhador até eu diria, amava meus aniversários mesmo com toda a merda que circulava ao meu redor.

Vovó fazia bolo, juntava dinheiro por semanas para comprar os ingredientes, seus bolos eram deliciosos e fofinhos, tão cheirosos, eu adorava meus aniversários, pelo menos tinha algo à ser celebrado, e alguém que gostasse de celebrar minha vida, mas agora, não há nada, eu odeio esse dia, na verdade, odeio todos os dias em que continuo neste inferno. Odeio toda essa maldita gente, exceto Hilton, ele me ensina tudo o que sabe, diz que um dia sairei daqui e preciso ser instruído e inteligente quando a hora chegar, mas agora sei que ele está errado, nunca sairei daqui, o garoto à minha frente me diz isso.

O nome dele é Henry, e acabou de completar dezoito anos, antes não sabia o que isso significava, mas agora, sei o que quer dizer.

- Acabou o sofrimento garoto... - Um dos homens de capuz diz à ele, que está preso em um objeto de madeira, amarrado com seus braços e pernas abertos.

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⏰ Última atualização: Jul 23, 2016 ⏰

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