Prefácio

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Você acredita em contos de fadas?

Não?

Bom, alguma coisa me diz que até o fim deste texto você passará a acreditar.

Já parou para pensar o que eles significam, na verdade? Os contos de fadas são nada mais

do que narrativas folclóricas, dotadas de um significado implícito, que não precisam ser

interpretadas ao pé da letra, mas que também não devem ser descartadas – faça isso e

automaticamente alguns elfos e goblins morrerão a seus pés.

Heróis, princesas mágicas, orcs e trolls não só existem de fato como fazem parte

(ativamente, às vezes) de nossas vidas. São criaturas com as quais temos que lidar no dia a

dia, na escola, na faculdade, no trabalho e até mesmo no aconchego do lar. Não satisfeitas,

essas figurinhas bizarras ainda se escondem dentro de nós, afinal todos temos nosso lado

bruto, ogro, nossa faceta heroica, cavalheiresca, somos mentores e vilões em ocasiões

adversas e diante de pessoas distintas.

No passado, esses ensinamentos – do que era bom e ruim, certo e errado – eram

transmitidos a uma determinada sociedade por grandes mitos, e os contos de fadas nasceram

como suas versões infantis. Serviam para ensinar às crianças como se comportar e

principalmente para mostrar a elas o que não se devia fazer. Em vez de pedir ao filho para não

confiar em estranhos, por exemplo, já que o pequeno iria logicamente questionar o "por quê",

os pais narravam, ao invés, a clássica fábula do lobo mau, o ente perverso, devorador de

menininhos... e quem pode dizer que eles estavam mentindo?

Quando bem contadas, essas alegorias nos fazem entender a natureza humana de forma mais

ampla, como na cena de O Mágico de Oz em que Dorothy pergunta ao Espantalho como ele é

capaz de falar se não tem um cérebro. A resposta é brilhante: "Muitas pessoas sem cérebro

falam um bocado, não acha?"

BINGO!

Este é precisamente o sabor de "Branca dos Mortos e os sete zumbis".

Os contos que se revelarão nas páginas seguintes não se resumem a estórias para entreter,

declamadas ao redor da fogueira – são peças educativas, de leitura envolvente, revistas e

adaptadas sob as influências do mundo de hoje.

De Hans Christian Andersen a Edgar Allan Poe, passando por H. P. Lovecraft, Neil Gaiman

e os irmãos Grimm, todas essas referências estão enfim reunidas nesta coleção de fantasia e

mistério, montada a partir da mente genial (e perturbada) do (nem tão) enigmático Abu Fobiya.

São ecos de um reino distante, que no entanto estão, e sempre estarão, mais próximos do que a

gente imagina.

E agora, você acredita?

– Eduardo Spohr

Branca dos mortos e os 7 zumbisOnde histórias criam vida. Descubra agora