Era uma vez uma linda rainha. Dona de um corpo escultural, majestosos cabelos
loiros e penetrantes olhos azuis, ela era considerada por muitos a mais bela do mundo.
Mas, antes de ser rainha, ela era uma mulher. E o que ela mais queria na vida era ser mãe.
Mesmo já sendo casada há anos, já tendo comido as mais exóticas flores e raízes, bebido os
mais azedos chás e até mesmo a urina de animais na tentativa de gerar um filho, ela nunca
conseguira engravidar.
Em busca de seu grande sonho, a infeliz rainha se dirigiu em segredo àquele lugar em que
todas as mães alertavam os filhos para jamais irem: a floresta proibida, que diziam ser repleta
de monstros e almas penadas, separada do castelo por um enorme muro de granito.
Mesmo conhecendo as lendas sobre as bestas furiosas que ali viviam, a rainha se arriscou e
pegou a estrada de terra batida que há muitos anos não era usada. Enquanto cavalgava
freneticamente, ouvia ao seu redor sons inexplicáveis e horripilantes, como sussurros, risadas
e espirros.
Nem que ela quisesse poderia tirar os olhos da estrada, repleta de inúmeros cadáveres de
animais em diferentes estágios de putrefação, muitos deles com uma sinistra perfuração bem
no meio do crânio, tão precisa que se assemelhava a um terceiro olho.
Seguiu pela estrada até chegar a uma cabana improvisada, formada por um amontoado de
galhos, barro e excremento de pássaros.
Lá, a rainha encontrou uma velha bruxa, que tinha a pele coberta por verrugas, os olhos
saltados para fora e longos tufos de cabelos brancos que mais pareciam teias de aranha
penduradas à cabeça. Há muitos e muitos anos ela havia deixado a sanidade para trás e, com
ela, qualquer noção de higiene ou vaidade. Assim, ela exalava um odor azedo, que impregnava
até mesmo os cabelos sedosos da mulher do rei.
"Mas que visita mais ilustre!", ironizou a bruxa. "O que vossa majestade faz neste lugar tão
perigoso?"
As pernas da rainha tremiam, mas sua obstinação por um filho conseguia ser maior do que
seu medo e gaguejando, disse:
"Se-sei que tens poderes ocultos. Ajuda-me a engravidar e farei qualquer coisa que
desejares! Qualquer coisa!"
A rainha não sabia que aquelas eram as duas palavras que não se deve dizer a um demônio.
A bruxa concordou em ajudar.
"Mas por um preço", alertou.
"Dar-te-ei joias, dinheiro, títulos... O que quiseres!", aceitou a rainha, sem pensar nas
consequências.
A bruxa estendeu a mão e a rainha a apertou, achando que assim selaria o pacto. Tão logo
tocou a pele fina e gelada da velha, ela fui puxada, com uma força atípica para alguém daquela
idade, e a mão foi virada e perfurada por uma pequena agulha.
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Branca dos mortos e os 7 zumbis
Ficción GeneralVocê acredita em contos de fadas? Não? Bom, alguma coisa me diz que até o fim deste texto você passará a acreditar. Já parou para pensar o que eles significam, na verdade? Os contos de fadas são nada mais do que narrativas folclóricas, dotadas de um...