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Eu não saiba como iria reagir ao ver Michael entrando pelos portões do colégio, não sabia se começaria a chorar ou pedir desculpas ou me ajoelhar e abraçá-lo pedindo para fugir comigo para outro lugar. Não estava no meu melhor estado, minha raiva se tornou desespero de repente.

Cheguei bem cedo, quase meia hora depois do colégio começar a funcionar, sei bem que Michael quer sair logo de casa, então me prontifiquei a estar no portão esperando.

Poucos minutos passaram e finalmente o vi chegar. Com o velho moletom, com o capuz na cabeça e a mesma abaixada. Continuei a me perturbar, repetindo que deveria ter tentado ajudar, mesmo em choque.

— M-Michael, santo Deus, como você está? — ele levantou a cabeça e pude ver seu rosto. Meu coração apertou e meu peito doeu muito.

Ele estava com o olho roxo, olheiras enormes, um corte na sua bochecha, com a boca machucada e inchada, ele parecia mais branco que o normal. Pressionei meus lábios e apertei um pouco os olhos, tentando segurar minhas lágrimas. Ele me puxou pela nuca para um abraço.

— Eu estou bem, estou bem, não se preocupe — eu apertei a cintura dele e escondi meu rosto na curvatura de seu pescoço, ainda segurando o choro. — Vai me ajudar a acabar com isso, não vai? — levantei meu rosto e concordei freneticamente, vendo um sorriso pequeno no canto dos lábios dele.

Percebi que tinham pessoas a nossa volta achando estranho, alguns cochichavam e outros faziam até comentários nada discretos, contudo, ignorei ao máximo. Ali o que mais importava era aquele garoto de cabelos e olhos verdes, que sofria tanto e mesmo assim continuava sorrindo, sendo forte. Estava mais que determinado a tirá-lo daquele inferno.

Algum tempo depois, o sinal tocou e fomos obrigados a entrar na sala de aula. Então, nada nos impediria de trocar mensagens no meio da aula irritante de matemática.

O garoto de cabelos e olhos verdes // muke ✿Onde histórias criam vida. Descubra agora