studio • larry

chapter two

Nos primeiros dez minutos, eu quis chorar de desespero.

Nos vinte minutos depois, eu já estava com tédio, esperando que alguém chegasse logo e acabasse com a minha angústia.

Depois de quarenta minutos, eu só queria arrancar meus ouvidos fora por causa daquele barulho infernal.

E depois de uma hora, as minhas vidas no Candy Crush já tinham acabado, o barulho já não me incomodava e eu nem estava mais nervoso.

Parecia que eu estava no purgatório, esperando pra ir pro céu ou pro inferno. No caso, céu seria sair impune e inferno ir pra cadeia.

Eu não tinha a menor ideia de como ia explicar isso pra minha mãe, pelo menos não era prostituição, vendo pelo lado bom.

Quando eu já estava cogitando me deitar e dormir ali no chão mesmo, o barulho parou e eu sabia que agora sim, eu estava ferrado.

Continuei sentado no chão, provavelmente eu ia apanhar de algum segurança, nem fodendo que eu ia ficar de pé pra isso, talvez dê pra eu correr.

Eu vi o exato momento que a maçaneta da porta girou e prendi a respiração, era agora.

A porta se abriu e eu agradeci por estar sentado. Harry Styles passou por ela, olhando a sala de gravação inteira até parar os olhos em mim.

Nossa senhora da bicicletinha rosa de unicórnio com glitter.

Seus olhos verdes me encararam e ele franziu a testa em sinal de confusão. Seus cabelos grandes estavam presos em um coque, porém alguns fios ainda caíam por aquele rosto que parecia ter sido escupido por Michelangelo, ele vestia um sobretudo preto com botões, dando um ar ainda mais sério pra ele, e botas douradas que só ficavam boas naquele homem, não é possível.

Será que eu morri e estou vendo Deus?

Styles continuou me encarando enquanto caminhava até a porta de vidro, abrindo-a em seguida e cruzando os braços.

- O-Olha, senhor Styles... - comecei nervoso. - Eu juro que eu tenho uma explicação!

- É bom mesmo que tenha, senhor... - Santo Deus, essa voz rouca. Alô mãe? Encomenda meu caixão.

- Tomlinson. Louis Tomlinson. - respondi rapidamente.

- Então... Qual a explicação, senhor Tomlinson. - ele falava sério, mas ao mesmo seu rosto tinha uma expressão um tanto divertida. - Sabe, não é a primeira vez que alguém invade meu estúdio. Você deu sorte porque eu estava por perto e decidi dar uma passada, você não teria a mesma sorte com Anthony.

- Anthony? - perguntei ainda numa distância segura dele, não respondo por mim perto desse homem.

- Meu segurança. Pode ter certeza que ele não seria tão... Compreensivo, como eu. - ele continuou falando enquanto se encostava na porta de vidro. - Mas então, estou curioso pra ouvir sua explicação.

Minha garganta estava seca e eu senti minhas pernas começarem a tremer. Eu tinha uma explicação, mas dizer que eu queria gravar uma demo as escondidas parecia muito fantasioso.

- Bem... Então... - comecei e senti seus olhos bem atentos em mim. - Isso tudo pode soar bem falso, já vou dizendo.

Então contei tudo, apenas omitindo Stan da história, eu não precisava ferrar ele também. Styles ouviu atentamente e quieto, o que me deixava ainda mais apreensivo sobre o que ia acontecer comigo.

- Você veio de Londres pra Los Angeles confiando em um homem chamado Peter McDonald? Sério? Seus pais realmente deixaram você fazer isso? - ele perguntou calmamente.