Capítulo 38° - "Enfim"

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Um ano e meio depois


O quarto do hospital tinha se tornado minha casa. Foi muito difícil ter me acostumado com essa nova vida. Sim, eu ainda tinha leucemia, a doença que me afetava até hoje. Porém...

- Mama! - Benjamin veio correndo ao meu encontro, com suas pernas pequenas e gordas. Apesar de ter um ano de idade, era muito esperto.

Bem, vocês sabem o que me mantinha aqui. Mesmo com o físico cansado por agora ter que cuidar de um bebê 24 horas por dia que não parava, eu era feliz.

Benjamin durante esse ano, apresentou muita saúde, pois eu pensei que ao longo do tempo, ele iria indicar algum problema. E graças a Deus, ele tinha muita saúde.

- Mamãe vai ter que te dar um banho, tá? - Eu fazia de tudo para tentar ser uma mãe, com as ajudas, eu me sentia como babá. Não digo que tentar ser mãe é mimar, porque o que Benjamin mais era, era mimado por muitas pessoas. Tanto as do hospital, quanto meus familiares.

Ele balançou a cabeça, afirmando, enquanto esticava seus braços.

Peguei ele em meu colo e cambaleei um pouco. Segurei Benjamin firme em meus braços, para que não caísse.

Meu coração quase saiu pela boca.

- Ally, eu trouxe uma coisa para vo... - Não completou a frase ao me ver quase caída no chão.

Benjamin chorava baixinho no meu colo.

- Amor, não chore. Mamãe está aqui. - Eu tentei acalmá-lo, mesmo estando zonza.

Ele enfiou sua cabeça na curva do meu pescoço. O abracei apertado, como se tivesse passando segurança para o mesmo. Ouvir ele chorar me fazia querer chorar também.

Quando você era mãe, você desejava querer tirar toda dor do seu filho, mesmo que ás vezes não pudesse.

- O quê aconteceu? - Dylan se aproximou, e me sentou no sofá. Com Benjamin ainda no colo, dei de mamar e o pus para dormir.

- Tive só uma recaída. - Comentei, acariciando seus cabelos castanhos escuros.

- De novo? - O olhei e sorri de lado. Não gostaria de tocar nesse assunto.

- É... - Eu me calei, pois das vezes em que ele dizia que isso não era normal, acabávamos discutindo.

Para ele não podia ser normal, porém para mim era. Eu tinha essa doença, e não tive duas ou três recaídas como ele acha que contou. Já tive outras, e não quis preocupar ninguém dizendo o que acontecia. O que estava estampado na cara de Leandro, quando me via. Sabia que não era nada bom, e eu estava começando a me preparar para o pior.

- Você sabe que isso não é normal. - Suspirou, colocando a mão no meu joelho.

Fiquei quieta, observando Ben dormindo. Seu peito subia e descia, me fazendo crer que pegou em um sono pesado, e só acordava mais tarde por fome.

Me levantei e pus com cuidado, ele no berço.

Como eu disse, o quarto de hospital estava parecendo minha casa. Pedi para Dy colocar um berço, caso fosse necessário.

Ele e Ben iam para casa, ás vezes, afinal, não queria meu filho envolvido muito nesse local.

- Então, o quê você queria me dar? - Me virei, logo mudando de assunto.

Ele sorriu e se aproximou de mim.

Meus olhos se encheram de água, ao ver uma mesma caixinha de quando ele me pediu em casamento. Só que era vermelha.

- Sei que não tivemos tempo para organizar uma casamento, mas nós aqui, com nosso pequeno, nossa pequena família, me mostrou que não era necessário uma festa cheia de gente para mostrar o quão grande é nosso amor. Apesar dos contratempos, eu comprei isso. - Ele abriu a caixa vermelha e nela, haviam dois anéis dourados. Um, ele colocou em meu dedo, que tinha pedrinhas brilhantes e o outro, pus em seu dedo, que era um normal.

Olhei para ele com um olhar de amor.

Ele esboçou um sorriso.

- Enfim, casamos. - Eu ri baixo, por causa do bebê.

- Enfim. - Ele se aproximou de mim, e me olhou no fundo dos olhos. Eu tinha impressão de estar olhando para os olhos de Ben, pois dos dois, era um azul claro intenso. Um azul mar tão lindo.

Uma de suas mãos foram parar no meu rosto, enquanto a outra estava na cintura. Eu fechei os olhos, sentindo sua mão quente em cima do meu rosto. Tinha medo de não puder sentir mais isso.

Eu abri os olhos e estavam embasados.

- Eu tenho medo, Dy. - Comecei, sem esperar perguntas suas. - Medo de perder tudo isso que tenho. Passei por tanta coisa para está aqui... - Senti as lágrimas molharem meu rosto.

- Também tenho medo. Nada iria valer a pena, senão tivesse dificuldades pela vida. Depois das coisas que passamos para estar juntos, a Yolanda... - Revirei os olhos, fazendo-o rir. - Minha irmã, e as outras coisas. Você acha que estaríamos aqui, depois de eu ter feito aquela aposta? - Eu me lembrei e fiz careta. - Não, não é? Então da mesma forma que superamos aquela besteira que fiz, vamos superar isso. Eu tenho fé, e você deveria ter. Quero que pense em tudo que vamos ter juntos, e que não passe nada de negativo nessa sua cabecinha. - Com seu dedo indicador, apontou para minha cabeça. - Agora vamos dormir.

Me puxou, me dando um beijo.

Empurrei o mesmo, quando tentou fazer gracinha.

Deitamos na cama, e com o dia cansativo, dormimos.

A Gravidez - Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora