11 - Silhouettes

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-Fale logo o que quer comigo.-falei irritada.
-Eu queria te explicar...
-O que? Que você me abandonou enquanto eu estava em coma? Que me trocou por um maldito trono? Que está noivo de outra? Se é isso, nem se dê ao trabalho. Não me importo. Quero que você se exploda com sua droga de trono e sua maldita noiva.-falei amarga.
-Eu achei que você não acordaria. Que tivesse perdido você. Eu não tinha nada mais que importava no mundo. Eu fui até Asgard pronto para implorar a Odin para me condenar a morte. Mas então...-o fitei um tanto surpresa.
-Ele te ofereceu o trono, e novamente você teria algo que lhe importava, algo que sempre almejou.-completei por ele.
-Isso.-ele suspirou.-Mas se eu quisesse ser rei teria de casar com Sigyn. Eu não queria, juro, eu sempre quis somente você. Mas não havia jeito então aceitei.
-E por que está me explicando isso? Nada vai mudar, você não vai desistir disso. Ainda assim vai casar com ela. Ainda assim não iremos ficar juntos. Não quero explicações esfarrapadas que somente irão se perder ao vento. Pode guarda-las para você.
-Drika, você precisa me entender. Nunca quis tanto algo em sua vida? Algo pelo qual você faria tudo para ter?-ele se aproximou de mim e fui para trás.
Exitei antes de falar, eu não sabia direito se já quis algo tanto assim em minha vida. Não demorei muito para perceber que sim, já quis e ainda quero, e é Loki. E é doloroso saber que não o terei.
-Sim Loki, já quis. Mas eu não faria as atrocidades que você fez, não deixaria alguém que me importava tanto assim pelo que eu queria. Tenho meus princípios, não me rebaixaria a tanto.
-Você adora me julgar, você diz que entende mas não sabe o que é.-ele disse amargo.-Vivi minha vida toda a sombra de Thor, sendo desprezado por todos e, agora, finalmente posso ter o que é meu por direito, ser visto de verdade e não só pelo maluco que causou tanta destruição por onde passou. Você deveria estar feliz por mim.
-Feliz? Como quer que eu esteja feliz?-gritei com ele.-O homem que amo me trocou por outra e por um trono, enquanto eu estava lá doente e vulnerável. Me fazendo perceber que todo amor que dediquei a ele foi jogado no lixo. Tudo que lutei por ele foi tempo perdido. E ainda me diz que deveria estar feliz? Seu maldito e idiota Loki Laufeyson. Eu te odeio. Te odeio com todas as minhas forças. Eu não quero que invada mais meus sonhos para dizer suas baboseiras desnecessárias. Só quero que me deixe viver minha vida em paz.
-Eu não vou fazer isso.-ele disse convicto.
-Como é?
-Tudo que estou fazendo...-sua voz começou a ficar falhar.
Não conseguia ouvi-lo direito. Minha mente parecia estar girando. Sua imagem estava se tornando um borrão e tudo ao redor também.
-Por que eu te...-foi a última coisa que entendi ele dizer.
Então tudo era só escuridão. Senti minhas pálpebras pesadas e alguém me sacudindo. Abri os olhos devagar para me acostumar com a claridade do ambiente. Meu pai estava de pé, ao lado de minha cama. Com sua mão direita segurava uma xícara de café e com a outra ele me sacudia. Bufei e ele parou rindo.
-Bom dia foguinho. Está na hora de levantar. Vou levar você e Tamara ao aeroporto.
-Aff.
-Vejo que está de bom humor. Olhe, trouxe para você. -peguei a xícara da mão dele.
-Está tentando puxar meu saco? O que você quer?-perguntei após beber um gole.
-Que você me conte o que todos estão me escondendo.-falou sem exitar.
-Direto ao ponto.-beberiquei um pouco do café e o encarei.-Nem todos sabem, e não é apenas um assunto que estamos escondendo, mas vou ao mais importante para você no momento. Sabe o tal noivo morto da Tam?
-É, sei bem.-ele falou com um certo ciúme.
-Bom, ele não está morto.
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Depois de contar tudo que aconteceu para meu pai e vê - lo dar uma surtada básica, o alertei para não contar a Tam enquanto ela não estivesse recuperada.
Ele nos levou ao aeroporto, junto de Clint, pois meu pai decidiu que precisávamos de proteção. Pff eu já era proteção o suficiente para mim e Tam, mas não falei nada, pois Clint já andava bastante para baixo depois da morte de Nat. Eu sabia que ela era como uma irmã para ele. Bruce estava na mesma, soube que quando eu estava em coma ele resolveu ir embora, mas foi Clint quem o convenceu a ficar. Os dois estavam meio que se apoiando um no outro para superar. Todos tinham sofrido, estavam sofrendo, claro. Mas ninguém como eles.
Depois de um longo, mas não tão longo vôo, chegamos a Califórnia.
-Nossa, é tão bom estar aqui novamente. -Tam disse.
-Eu quero uma cama, só isso.-resmunguei.
-Bicho preguiça.
-Tô com sono Tamara.
-Dormiu o vôo todo e ainda está com sono?-Clint perguntou.
-Não foi o suficiente e aquelas poltronas do jatinho não são lá muito confortáveis.
-Só sabe reclamar.-Tam falou e bufei.
-E você só sabe ser chata.
-Meninas, olhem lá o Happy.
Olhei na mesma direção que ele e vi o motorista e segurança de meu pai. Fazia tempo que não o via. Desde o casamento de meu pai e Tam, para ser mais exata, mas o vi muito rápido. Li a plaquinha na mão dele e bufei. Tamara riu e Clint também. "Bem - vindas, Senhora Stark, Senhor Barton e Foguinho" aposto que meu pai mandou ele escrever aquilo. Aquele velho me paga. Fui até Happy e o abracei depois de tirar a plaquinha da mão dele e amassar.
-Olá Happy, quanto tempo.
-É sim senhorita Stark. É um prazer revê-la.
-É Drika, Happy. Me chame de Drika.
-Como desejar senh...Drika.
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Passei a mão delicadamente sobre o porta retrato. Era uma foto minha e de Tam com nossa  mãe. Eu era bebê, estava no colo de Tam, que era abraçada por trás por nossa mãe. Sorri mais uma vez e guardei a foto na caixa. Arranquei as gavetas da cômoda para analisar melhor o conteúdo dentro delas. Peguei um álbum e o folheei. Olhando cada foto e relembrando. Tinham fotos minhas até com Beatriz quando tínhamos nos conhecido a pouco. Sorri mais ainda.
-Se ficar olhando tudo nunca vamos terminar.-Tam falou entrando.
-Depois eu te chamo de chata e você reclama.
-Mas é verdade, queria ver se estivéssemos arrumando livros. Aí sim não acabaríamos nunca. Você pararia para ler tudo.
-Pararia mesmo.-admiti.-Cadê Clint?
-Ele e Happy estão levando as caixas lá para baixo.
-Ah, já terminou no seu quarto?
-Já e você no seu?
-Sim, não tinha muita coisa. Levei a maioria para Nova Iorque.
-É, eu também. Quer ajuda aí?
-Se quiser, mamãe tinha muita coisa.-falei dando de ombros e voltei a mexer nas gavetas.
-Deveríamos doar tudo.-Tam falou olhando dentro do roupeiro.-Não tem nada que sirva para nós aqui.
-Faça o que achar melhor.
Depois de um tempo tirando todas as roupas do roupeiro, Tamara me chamou.
-Tô ocupada.-resmunguei.
-É sério, vem cá ver peste.
-Aff.-levantei e fui até ela.-Que é?
-Olha ali, naquele canto. O que te parece?
Olhei para onde ela apontava. Aquela parte do roupeiro já tinha sido esvaziada, e deixava a mostra uma frestinha no canto esquerdo. Havia uma porta escondida ali. Olhei embasbacada para Tam que sorria.
-Encontramos o tesouro da mamãe.-ela disse.
Me estiquei pra dentro do roupeiro e enfiei os dedos na fresta, a puxando para o lado. Quando abri tudo parei para ver o que tinha lá. Dei espaço para Tam ver também. Eram vestidos e mais vestidos, obviamente os que ela trouxe de Asgard. Tinha uma caixinha também, que deveria ser um porta jóias. Me inclinei para frente e comecei a tirar as coisas de lá e entrega - las a Tam. Estava tudo com um cheiro terrível de tempos guardado. Mas não deixava de ser tudo lindo. Terminei e fui olhar as coisas melhor. Tamara tinha colocado tudo em cima da cama.
-Um mais lindo que o outro. Quem diria, nunca imaginei mamãe usando essas roupas. Ela sempre foi tão desleixada com essas coisas.
-Realmente.-falei pegando um azul que era quase igual ao que eu usava no meu "sonho"com Loki.
-Ficam grandes para mim. Talvez sirvam em você. Você tem mais corpo que eu.
-Está me chamando de gorda?
-Não estava, mas já que falou...
-Vai se ferrar Tamara .-resmunguei.
-Tô zoando maluca. Vai levar?
-Vou.-peguei uma mala que estava debaixo da cama e comecei a dobrar os vestidos, colocando-os lá.
Tamara abriu a pequena caixinha e realmente tinham jóias. Pequenas e delicadas, mas lindas.
-Pode ficar pra você, já que os vestidos irão ficar para mim. Não gosto muito de jóias mesmo.-dei de ombros.
-Tudo bem, mas essa aqui fica para você. Combina com aquele vestido. Olhei para o colar, que mais parecia uma gargantilha, em sua mão e então olhei para o vestido que ela apontava em cima da cama. Era vermelho e tinha alguns detalhes com pedras vermelhas iguais as do colar.
-Uau, é lindo. Mas não sei se um dia usarei isso.
-Ah vai sim, quando ir para Asgard.
-Não vai brigar por conta de eu ir?-perguntei cautelosa.
-Não, você vai ir de qualquer jeito mesmo.
-Garota esperta.-sorri para ela.
-Depois precisamos ir ver o que tem no porão.-ela disse.
-Nem morta que eu entro lá. Aquele lugar é assustador.-fechei a cara.
-Vai ir sim. Pode ter algo importante.
-Já disse que não vou nem morta.
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-Te odeio.-resmunguei parada não meio do escuro.
-Dramática.-ela cantarolou.
-Dramática vai ser minha mão na tua cara.
-Amor de irmãs é uma coisa impressionantemente linda.-Clint zombou.
-Clint, vai dizer que esse lugar não é assustador?-perguntei.
-É, um pouco.
-Não é nada. Você só está concordando porque ela pode tacar fogo em você.-Tam falou.
-Pare de ser apelona Tamara.-reclamei.
-E você pare de ser chorona. Não é você que adora coisas assustadoras?
-Eu adoro assistir filmes assustadores, e não, estar dentro deles.
-Não estamos em um filme de terror.
-Como você sabe?
-Você precisa de um psiquiatra, urgente.-ela disse e revirei os olhos.
Ouvi um barulho atrás de mim e dei um gritinho. Tam e Clint riram de mim.
-Foi mal, fui eu.-ouvi Happy e então a luz ligou.-Ai, levei um choque.-ele abanou a mão.
Ele estava colocando a lâmpada.
-Devia ter desligado antes de colocar, inteligência.
-Eu esqueci senhorita espertinha.-ele falou apertando minha bochecha e bufei o estapeando.
-Okay, vamos ao trabalho. Temos que terminar de arrumar tudo antes que Lúcifer resolva aparecer aqui.
-Maluca.-Tam resmungou.
-Cria de Satã.
-Está falando de si mesma né?
-Vou contar pro meu pai que você chamou ele de Satã.-falei e Tam riu.
-Tá Drika, vai ver se tem algo que preste daquele lado e fica quieta.
-Me obrigue.
-O que você bebeu garota?
-Iogurte vencido.-respondi brincando.
-Daí eu falo que você é maluca e ninguém me ouve.
Dei de ombros rindo e comecei a mexer nas coisas para ver se tinha algo de importante. Tam ficou do outro lado e Clint e Happy também ajudavam, mas não muito. Ficavam parando para fofocar, aqueles preguiçosos.
Depois de uma procura minuciosa, achamos pouca coisa. Apenas algumas caixas de roupas velhas de bebê. Jogos, brinquedos e livros. Que realmente parei para ler. Sacanagem minha mãe ter escondido isso aqui. Mas depois de ler entendi, eram livros asgardianos. Ameiii! Me apossei de todos.
-Acho que terminamos né?-Tam perguntou.
-Sim, não tem mais nada que preste.-falei.
-Vamos levar tudo pra cima logo então.-Clint falou e empilhou três caixas, pegando e já subindo as escadas.
Happy fez o mesmo. Tamara pegou uma e estava indo em direção a escada. Fui pegar uma, mas pisei em algo no chão, e me desequilibrei. Me apoiei na parede para não cair. Minhas mãos afundaram para dentro e levei um susto as tirando rápido.
-O que houve? Se machucou?-Tam perguntou vindo em minha direção.
-Foi só um arranhão. Tem algo aqui.
Enfiei as duas mãos e tirei de dentro do buraco uma caixa de ferro. Olhei confusa para aquilo. Larguei em cima da mesinha e vi que tinha um cadeado, bem forte por sinal. Tam franziu a testa.
Levantei a mão e uma chama surgiu em meu dedo indicador. A coloquei no cadeado. Não demorou muito e o ferro derreteu. Abri a caixa e vi álbuns de fotos e roupinhas de bebê e um diário. Peguei o álbum e folheei. Tinham fotos de dois bebês. Em cima estava escrito "As gêmeas Drika e Eadlyn." Tam e eu ofegamos surpresas e nos encaramos. Continuei folheando e vi fotos até de Tam com as duas bebês, que eram eu e minha... gêmea.  Larguei o álbum na mão de Tam e peguei o diário, arrancando o cadeado com facilidade.
Cada anotação tinha uma data. Fui folheando até que algo me chamou atenção.
"A cada dia fica mais difícil olhar para Eadlyn e lembrar que terei de me livrar dela. Isso é tão difícil, mas será necessário. Não posso permitir que minha filha provoque caos junto com minha irmã por una fraqueza mim. Já está tudo planejado. Consegui alguém que fará isso por mim. Estou me sentindo um monstro, mas é o que precisa ser feito, a profecia é clara. Tão clara quanto seria possível. "A cria mais nova de Singrid, terá grande poder, um poder dado por sua tia manipuladora. Elas causarão grande destruição. E dominarão um reino para chamar de seu. Tudo será caos se elas se encontrarem." Não posso deixar isso acontecer, e não vou. Já vejo o mal nos olhos de Eadlyn. Não sei se é paranóia, mas mesmo sendo um bebê, já sinto o mal nela. O mesmo mal que via em Maigy quando ela nasceu. Eadlyn não pode viver. Elas não podem se conhecer."
Coloquei a mão na testa, ainda zonza. E me apoiei na mesa. Tamara que ainda olhava as fotos de olhos arregalados, me fitou. Eu senti as lágrimas escorrerem de meus olhos enquanto entregava o diário aberto na página que li para ela.
-A mamãe era um monstro Tam.-falei baixo enquanto ela lia.







 A thousand silhouettes/ Mil silhuetas
 Dancing on my chest/ Dançando em meu peito
 No matter where I sleep/ Não importa onde eu durma
 You are haunting me/ Você está me assombrando - Silhouettes - Of Monsters And Men.

Live Like Legends - Season 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora