Você provavelmente vai ter muito mais leitores prendendo a respiração para o seu próximo capítulo e recomendando a sua história para todo mundo se você lhes oferecer algo novo, fresco, original.
Mas em um tempo como o nosso, em que há tanta informação à nossa volta, tantos meios fáceis de publicar histórias e milhares de coisas sendo ditas por minuto, fica realmente muito mais difícil ser original.
De qualquer forma, você não tem que criar a Oitava Maravilha do Mundo, só tem que evitar que os seus leitores se aborreçam. E há uma coisa que aborrece extremamente os leitores (ávidos): clichê.
Antes de tudo: o que é clichê?
Clichês são ideias que já foram exploradas demais. Aquilo que faz você saber exatamente o que vai acontecer em seguida, porque você já assistiu/leu coisas iguais milhares de vezes, e você não aguenta mais encontrar isso de novo. Algumas obras excedem o nível de repetição e se tornam puras cópias de uma ideia original.
(A propósito, eu suponho que eu nem precise te dizer pra nunca copiar as ideias dos outros, certo? Copiar é feio, mau, e deixa o escritor furioso).
Não só ideias, aliás, mas personagens, cenários, falas, frases. Pode acontecer clichê até com descrições. Há um tempo atrás eu tive tipo uma crise de retorno à adolescência e passei vários dias lendo fanfics de iCarly (fandom Seddie, antes que alguém pergunte). E eu encontrei a descrição de um beijo que era igual em pelo menos vinte fanfics. Exatamente igual. Como se os autores tivessem feito control c + control v no trabalho dos outros (sim, autores diferentes, eu chequei). Algo sobre línguas numa batalha por domínio - imagino que vocês já tenham visto isso em outros fandoms também. Meio nojento. De qualquer forma, mesmo que na primeira vez eu tenha lido o parágrafo e pensado "Oh, descrição interessante", depois de ler a mesma coisa vinte vezes, eu estava tipo "Quem raios inventou isso?! Parem, só parem!" e se eu vê-la pela 21ª vez no seu livro, eu vou fechá-lo, juro.
A segunda coisa a saber sobre o clichê é que ele não é sempre mal escrito. Quer um exemplo? Harry Potter. Ele é um cara simples que de repente descobre que é importante em outro mundo, tem um arqui-inimigo poderoso a quem ele é conectado pelo destino, amigos fieis, o Cara Sábio para guiá-lo (Dumbledore), a Batalha Final, e mais: ele é órfão (pais que não o compreendem também servem). Você vai encontrar os mesmos elementos em Percy Jackson, Frodo e Soluço do "Como treinar o seu dragão". Mas Harry Potter (e alguns dos outros) são tão maravilhosamente envolventes que você não está nem aí pro clichê. Por outro lado, há milhares de outros livros de fantasia desconhecidos por aí -incluindo aqui no Wattpad - que não tiveram a mesma sorte.
Então, se você ainda não é a J. K. Rowling, você pode querer evitar o clichê (inicialmente, pelo menos).
Note que eu escolhi a palavra "evitar" em vez de "parar" ou "eliminar", porque você pode ter que usar clichê às vezes. Realmente não é fácil escapar dele. Nós o vemos com tanta frequência, que às vezes ele simplesmente escorrega pra dentro das nossas histórias sem sentirmos. Há um em uma das tramas paralelas do romance policial que estou escrevendo agora - o bom e velho "casal que se odeia, mas desenvolve sentimentos um pelo outro ao longo do livro e acaba junto". Um clássico. Eu realmente espero conseguir dar uma de J. K. Rowling e escrevê-lo de um jeito que ninguém se importe se é clichê ou não.
Geralmente, o clichê depende do gênero. Há clichê na fantasia (o cara simples que de repente descobre que ele é super importante em outro mundo, como nosso exemplo acima), clichê no terror (perguntar estupidamente "Quem está aí?" quando o assassino/monstro bate na porta), clichê na ação (coisas explodindo, pessoas sendo assassinadas praticamente sem motivo), e especialmente clichês no romance, que são demais para listar, mas aqui vão alguns: beijo na chuva, amigos implicantes que se apaixonam um pelo outro, a menina tímida e o bad boy (esse é o rei do Wattpad, ao que parece), etc. etc. etc. E eu não vou nem começar a falar dos clichês em fanfiction.
O clichê pode acontecer até em um livro de não-ficção como este. De fato, está acontecendo: até agora, eu não falei nada que vocês não possam encontrar em milhares de outros livros sobre escrita. Confuso, ahn? Mas vai ficar melhor, eu prometo: eu tenho mesmo algumas coisas pra dizer que não se ouvem em qualquer lugar. Começando... no próximo capítulo.
Resumindo a lição de hoje, eu diria: vamos tentar evitar o óbvio. E se tivermos que usá-lo, que seja de uma maneira de arrasar, de modo que ninguém vai nem se importar se é clichê, porque é tão UAU.
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Truques da Escrita
Non-FictionAlgumas dicas de escrita valiosas para melhorar a qualidade das suas histórias - e, eventualmente, atrair mais leitores, pois você sabe: todo escritor quer ser lido. Agradecimentos a Cinthia David pela sugestão do título em português. In English: ht...