Alguns anos atrás...
-Venha, acho que você vai gostar da sua casa nova. - Emma colocava a mão na boca e sua respiração estava pesada, enquanto o homem dirigia um furgão azul marinho.
- Acalme-se querida, nada aqui vai lhe machucar. - O jeito que o homem se dirigia a ela , assustava.
- O que eu faço aqui? - A menina perguntou para o homem , ainda tropeçando na pronúncia das palavras.
- Nada demais , você apenas vai ver que nem tudo é como você pensa. - O corpo da menina estremeceu, e observou- o fitar algumas vezes de soslaio. A garota apesar de sua pouca idade , era muito arisca e desconfiada. Aprendera isso desde que os garotas mais velhas do orfanato fingiram ser seus amigos Para depois humilha-la. A pequena menina estava muito assustada. Emma olhou pela janela e viu o homem se aproximar de uma casa branca. Suas janelas estavam todas com grades e meia abertas, a porta verde escuro que não combinava em nada com a decoração estava trancada. Ele a destrancou e foi guiando-a por um caminho até chegar em uma sala relativamente pequena e abafada. Duas crianças estavam a ponta, uma menor e outra um pouco maior. E então o homem apressou-se em apresentar:
- Meninos, essa é Emma, a garota da qual falei para vocês. - Os meninos hesitaram por um momento e parecendo extremamente assustados, o que parecia mais velho, levantou-se e se apresentou a ela :
- Sou Philip, e aquele é Jeff. E você ? - A menina hesitou por um momento e respondeu:
- Sou Emma. - O homem que havia a adotado , chamou os meninos em um canto e cochichou algo que a garota não pode ouvir. O olhar antes singular e vazio das crianças, agora a olhavam com terror e perdão...
Eu acordei me sentindo zonza. Olhei para o que estava ao meu redor para perceber que não havia nada. Minhas têmporas latejavam , e meu rosto estava inchado. Perdi totalmente a noção de tempo , já não sabia mais , a quanto tempo eu me encontrava naquele lugar, imaginei minha vida , de como seria dali em diante. Resolvi me levantar , mas esse feito foi ainda mais difícil, tentei me apoiar nas paredes do lugar para conseguir pelo menos o mínimo de equilíbrio. Quando finalmente consegui ficar de pé, varri o local com a minha visão em busca de algum tipo de brecha ou quaisquer sinais de Jefrey. Aquele lugar estava me sufocando, ouvi uma voz baixa cantando algo, e por fim, percebi uma janelinha ao lado.
- Quem está ai? - Esperei resposta e nada.
- Quem está ai?! - Falei ainda mais alto.
- Gritar , nunca adiantou. - Ouvi uma voz melodiosa e feminina me responder.
- Onde você está? - Ela passou algo na janelinha. - Como você se chama?
- Bem, depois de anos , tive acesso a conversar com alguém...- Ela pareceu nem ouvir minha pergunta - eu não sei mas quem sou , não tenho mais uma vida, meus filhos...- Ouvi-a dizer a ultima palavra carregada de emoção -... Bem, eu não os vejo a tanto tempo. - Por fim terminou. Àquilo fez com que eu sentisse compaixão pela mulher.
- Você está aqui a quanto tempo?
- Eu nem sei mais , faz tanto tempo...- A voz da mulher saía trêmula.
- Eu me chamo Emma, Emma McGuire.- A mulher respirou fundo e pareceu hesitar responder.
-Chamo-me Megan, Megan Price.
- Quanto tempo você está aqui?
- Perdi a noção... Faz tanto tempo , que eu nem me lembro a última vez que eu senti um ar puro. - Disse a mulher com pesar.
- Calma , vamos sair daqui. - A mulher soltou uma risada amarga da qual fez meu corpo todo arrepiar.
- Garota, não seja ingênua...- Ela suspirou - Você acha mesmo que é fácil sair daqui? Têm pelos menos uns 8 km em cada extensão desse lugar com homens vigiando. Isso não é um cativeiro comum, é impossível alguém fugir , ou melhor , é impossível alguém sair e sobreviver.
- Meu Deus! - Eu fiquei meio zonza e encostei na parede para não perder o equilíbrio.
- Não adianta ficar assim, eles agora a têm nas mãos...- Eu fiquei mais confusa ainda. A mulher parara de conversar comigo e voltara a cantar uma música. Minha mente estava embaralhada , um misto de dor e falta de esperança me atingia. Se o que aquela mulher disse era certo, talvez nunca mais eu pudesse voltar a ter minha liberdade, talvez nunca mais eu poderia ver Jefrey. Um arrepio me subiu a espinha, até em que pude entender exatamente o que a mulher cantava.
- voar , voar , voar... - Eu fechei meus olhos e ouvi Megan aquela letra cantado em um ritmo de canções de ninar. Deixei minha mente vagar , voar como era a música que ela cantava. Lembrei de tudo que ocorrera em minha vida , uma espécie de flashback passava por minha cabeça, meus momentos no orfanato, Lindsey, o idiotado Rolland que quase havia me violentado, e até mesmo de quando havia sido adotada anos atrás. Aquele pensamento a fez congelar. Pode sentir ainda os pequenos dedos frios e trêmulos de Philip ao redor de seus pulsos, abri meus olhos apertando-os bem para tentar observar. Tentei movimentar meus pulsos para ver a cicatriz, mas o que havia ali era muita sujeira e sangue da surra que eu tinha levado. Suspirei, lembrei de Jeff cuidando de minhas feridas, e todos os cuidados que ele tinha comigo. Lembrei dele me deitando em seu colo para não ficar desconfortável... Depois seus olhos gélidos ocuparam a minha mente. - Suspirei - eu não queria admitir a mim mesma , mas estava preocupada com um assassino. Deitada ali , naquele lugar , sem comunicação, sem ao menos conversar com ele. Me entreguei a dor , e a lastima da qual eu me encontrava e adormeci novamente.
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Caminhos sombrios
Mystery / ThrillerEm seu aniversário de dezoito anos, Emma decide ir para uma boate para comemorar. Mal sabia ela que a partir daquele momento, sua vida começaria a mudar completamente. Jeff vem vivendo sua vida criando um legado, do qual não queria fazer parte, com...