Capítulo 01

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- Vitória 

Acendi o cigarro e levei-o aos lábios, sentindo a calma fluir pelo meu corpo.

Imergi na água deixando só  a mão que segurava o cigarro de fora. Olhando para os meus 17 anos de vida a única coisa em que consigo pensar é na mentira em que vivo, na mentira que é a minha família, na mentira que é o casamento dos meus pais. Posso ter tudo o que peço mas nunca tive tudo o que quero, nunca tive o amor de mãe ou um conselho do meu pai, mas olhando para a minha mãe não é uma coisa que eu queira assim tanto.

- Vi! - Ouvi a minha progenitora gritar. Fiz que não ouvi pois ela ó me deve querer mostrar a porcaria de um vestido qualquer. - Vitória Castro de Aguiar! Está a fumar?!

Gritou a minha mãe, entrando e batendo com a porta da casa de banho.

- O bater à porta mandou comprimentos. - Ela encarou-me furiosa e eu dei mais um trago no cigarro.

- Vitória não seja mal educada! - Reaprendeu aparente-me irritada, massajou as têmporas.

- O quê?! Nunca te preocupas-te comigo e agora preocupas-te com os meus pulmões? Por favor mãe!  - Levantei-me e ditei o cigarro no cinzeiro perto da banheira. 

- Não seja mal criada! - Enrolei-me na toalha enquanto olhava para ela com as sobrancelhas levantadas. Passei por ela e fui para o meu quarto sequei-me e vesti umas Jeans pretas com um T-shirt branca também calcei umas sapatilhas brancas. Quando me preparava para sair do quarto ouvia gritar ainda da casa de banho:

- Não julgue que se safa desta porque o seu pai vai saber disto! 

- Certifique-se só que ele não está ocupado com a  empregada! - Gritei de volta e corri escadas a baixo, sai de casa e fui-me encontrar com James que já esperava por mim do outro lado da rua.

 - Anda que se não a minha mãe ainda nos apanha. - Puxei-o pelo braço e corremos até já estarmos o mais longe possível.

- Deixa-me adivinhar, tu e a tua mãe discutiram outra vez e tu fugis-te só para ficares com a última palavra, certo?! - Perguntou  James passando o braço em volta dos meus ombros enquanto caminhávamos lado a lado.

- Não está totalmente errado. Queres ir para onde? - Perguntei-lhe. 

- Vamos dar uma volta por aí. - Respondeu. Continuamos a conversar e a caminhar. O James é aquele tipo de rapaz popular com quem toda gente gostava de criar uma amizade e certas raparigas algo mais, mas por enquanto só eu é que tenho esse  direito mas sem rótulos pois não gosto nem nunca gostei de pertencer a alguém.  

Quando voltamos ao ponto de partida despedimos nos com algumas caricias e beijos e corri pelo meu jardim em direção á porta principal. 

Ia para tocar a campainha, mas a porta foi aberta sem ser preciso fazê-lo, revelando o meu pai com um ar serio no rosto. Descrevo este momento com duas palavras: Estou fodida.

- Posso saber onde fostes? - Perguntou o meu pai desviando-se para  eu passar.

-  Dar uma volta por aí. - Respondi entrando em casa.

- O jantar já foi servido. - Comentou passando por mim. Fez sinal para que o acompanha-se até á sala de jantar onde só estava a minha mãe a tomar café. - Senta-te temos que conversar. 

Sentei-me e a pobre coitada da empregada serviu-me.

- Eu contei ao seu pai. - Começou a minha mãe mas eu não a deixei acabar.

- A qual parte?! Eu fumar? ou foi a parte em que te começas-te a preocupar  comigo mais especificamente com os meus pulmões? - Ironizei. É sempre assim faço alguma fora dos padrões de menina de família rica e vai logo fazer queixinhas ao papá. 

-  Chega! - Gritou o meu pai levantando-se da cadeira e batendo com os punhos na mesa. - Já chega!  Não sei quem é pior tu Vitória ou tu Camila!  Não é para estragares a tua saúde que te dou mesada, se queres fumar começas a trabalhar para alimentar os teus vícios. 

- Dizes que sou eu a ter que sustentar os meus vícios, mas sustentas os da mãe, quando ela gasta três vezes o valor da minha mesada em roupa e salões de cabeleiro. - Levantei-me também e olhei-o nos olhos com toda a raiva que guardo à todos estes anos. 

- Já  para o quarto! - Gritou. Corri pelas escadas a cima e tranquei-me no quarto deita-me na cama e chorei abraçada à minha almofada. Não era muito mais digno da parte dele que me pergunte porque o faço e tentar entender? Nunca ouvi uma palavra de carinho dele a ultima vez que me desejou boa  sorte, foi quando me mandou para a casa dos meus avós de castigo por saído pela janela a meio de uma aula. Acho que este homem merece um Óscar na categoria de pior pai do mundo. 

{...}

Levantei-me eram 9h, despi a roupa de ontem com a qual acabei por adormecer e tomei um banho. Vesti-me e fui até a sala de jantar onde o pequeno almoço estava a ser servido. Não disse bom dia apenas sentei-me à mesa e comecei a tomar o meu pequeno almoço. Agora vinha a pior parte: o castigo. 

- Eu e a tua mãe estivemos a conversar e achamos que temos de tomar outro tipo de medidas. - Fez uma pausa para dar um gole no seu café.

- Vais mandar-me para onde desta vez? - Questionei. 

- Este ano létivo vais para um Colégio Interno. - Respondeu. Colégio Interno?!  Não, ele não me vai fazer isto. Já fui parra muitos lados para pensar nas minhas asneiras, mas para um Colégio Interno nunca, nem que fuja de casa. - Escuso de dizer que durante o resto do verão não saís de casa, só com a tua mãe ou comigo. 

- Parabéns Pai. Eu adoro a tua maneira resolver os problemas referentes à família à mãe não  lhe ligas nenhuma preferes a empregada e a mim mandas-me embora cada vez que saiu do teu estereótipo de filha. - Levantei-me da mesa. - Estou me pouco fodendo para o que mandas fazer. 

Virei costas e saí de casa batendo com a porta.

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The Nothing BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora