Capítulo 04

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- Vitória 

Abri o bolso da minha mochila e tirei de lá um cigarro e o isqueiro que Duarte me tinha arranjado. Dei o primeiro trago e inclinei a cabeça para trás deixando o fumo escapar pelas minhas narinas.

- Pensa Vitória! Não deve ser assim tão difícil fugir daqui para fora! - Deixei escapar em voz alta, a verdade é que sentia a falta de um verdadeiro desafio.

- Acho que não ouvi bem, estas a pensar em deixar-me sozinha? - Olhei para o lado e vi Zoé, que agora se sentara ao meu lado e pegava no que me restava do cigarro.

- Não estas sozinha! Tens a Lydia, o Duarte e o parvo do Miguel! - Disse como se fosse óbvio. Dando um trago no meu cigarro. - Vá lá, Vitória, aqui tens pessoas que gostam de ti. E estas a ser egoísta contigo e com as pessoas que gostam de ti. 

Disse com calma, pousando a mão no meu joelho e acariciando o mesmo.

{...}

- Posso saber qual foi a ideia de saíres da sala comigo, rapaz do nada? - Perguntei a Miguel, fechando  a porta do seu quarto com as costas. O meu objetivo inicial era vir falar com Duarte, para ele me arranjar mais tabaco, mas já que o Miguel está logo aqui aproveito e mato a curiosidade. 

- O bater à porta mandou cumprimentos. - Respondeu com uma certa ironia. Pousou o livro que estava a ler na mesinha junto à sua cama. - Mas respondendo à  tua pergunta, foi uma coisa do momento, as vezes é bom sentir a adrenalina de fazer a primeira coisa que nos vem à cabeça.

- Gostas-te da adrenalina de levar uma falta?! - Revirou os olhos. - O Duarte?

- Foi jantar, mas ele pediu que te entrega-se isto. - Abriu a gaveta da mesinha e tirou de lá  um maço de  tabaco, entregou-me e eu virei costas pronta a abandonar o quarto com maço dentro de uma manga da camisola, mas ele agarrou-me pelo braço obrigando-me a olhar para ele.

- O que queres agora? - Perguntei um pouco irritada e impaciente.

- Toma cuidado com isso podes ser expulsa. - Largou o meu braço.

- Quem me dera. - E eu sai do seu quarto batendo com a porta.

- Miguel  

 "Espera deixa-me adivinhar, o rapaz do nada, aquele rapaz que não é aceite só por ter uma personalidade forte, até aposto que tens um enigma dentro de ti para que ainda pareças mais misterioso." - Desde o dia em que a vi pela primeira vez isto ficou-me na cabeça é como se tivesse sido marcado com ferro quente.

Eu sempre fui uma pessoa demasiado confusa, mas no meio da confusão sempre tive tudo muito bem definido. 

Quando era mais novo ninguém  me entendia ou sempre que eu me tentava explicar nunca saia nada de jeito. Por isso os meus pais meteram-me num psicólogo, o que fez passar pela pior fase da minha vida inteira. 

Foi como se nem na minha imaginação eu fosse livre.

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⏰ Última atualização: Jun 27, 2019 ⏰

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