Derick estacionou o carro em frente a uma grande mansão muito antiga.
Saiu do veículo, sentindo o ar fresco de Tamanzia.
Caminhou sem pressa até a porta e enquanto fazia isto, percebeu que em volta da casa havia uma enorme plantação de Empetulas, com uma coloração bem forte amarelada. Era lindo de se olhar.
Derick tocou a campainha e aguardou por um instante, até que uma mulher abriu a porta.
- Pois não?- Disse ela.
- Boa tarde. Eu sou da polícia,- mostrou o distintivo- estou procurando a Sra. Militares, acredito que ela more aqui.
A mulher ficou um pouco embaraçada quando ouviu que ele era da polícia.
- Desculpe, mas minha senhora está um pouco indisposta agora.
- Não tem problema, eu espero ela ficar disposta.
Ela entrou novamente na casa e depois de alguns minutos voltou e disse:
- Entre, por favor.
- Com licença- Derick entrou na mansão, que era incrivelmente limpa e bem decorada por dentro, com móveis muito antigos.
A governanta pediu que ele aguardasse numa sala. E em meio a tantas fotos na parede, uma chamou-lhe a atenção.
- Quem é aquele?- Perguntou a uma empregada. Ela olhou para o quadro a qual ele se referia, onde havia a foto de um garotinho de olhar triste em meio a muitos brinquedos.
- É o filho da senhora Militares, Jeremy Sebastian Militares- Derick estranhou o fato da mulher não ter incluído "Demalius", o sobrenome do marido de Jeremy.
Depois de meia hora de espera, uma mulher bem vestida desceu as escadas. Na hora em que Derick a viu soube que se tratava da mãe de Jeremy, pois os olhos, cabelo e pele eram muito semelhantes.
- Boa tarde- Ela se aproximou com um sorriso assustadoramente simpático como o de Sebastian.
- Boa tarde- disse Derick, enquanto a Sra. Militares lhe dava um beijo rápido no rosto.
Depois ela se sentou numa cadeira em frente a dele.
- A senhora obviamente é a Sra. Militares, não é?
- Sim, mas pode me chamar de Clarisse. E então, a que devo a sua presença?
- Eu vim buscar informações sobre algo um pouco pessoal da sua família, e não sei se terei sucesso, espero que tenha, porque acredito que você vai querer colaborar.
- Do que se trata?
- Do seu filho, Jeremy- a mulher se arrepiou dos pés a cabeça ao ouvir aquele nome, e o sorriso em seu rosto desapareceu.
- É melhor você ir embora- disse ela, num tom ríspido e decidido.
- Clarisse, ao menos me escute, por favor! Se trata da morte de duas crianças... Me dê só cinco minutos.
A Sra. Militares hesitou, mas decidiu escutá-lo.
- Está bem, você tem cinco minutos.
- Então, sinto lhe dizer que tenho bons motivos para crer que seu filho fez uma coisa horrível...mas eu não tenho certeza ainda se devo apontá-lo como culpado, pois só uma simples acusação poderia acabar com a carreira dele. Por isto eu viajei de Guardola para cá, só para vê-la, porque eu sei que você é a única que pode me dizer a verdade sobre Jeremy. E antes de qualquer coisa, eu quero te lembrar que deixar um homem culpado, em liberdade é tão injusto quanto deixar um homem inocente, preso.
Clarisse simplesmente o ouviu, depois se levantou, pegou o retrato de Jeremy em mãos e o acariciou.
- Por acaso uma criança foi encontrada morta, babando um líquido amarelo?
...
- Papai! Papai! Me leva para a escola hoje?- disse Amélia a Patrick.
- Não, o Jeremy te leva- respondeu num tom ríspido, entrando no carro.
- Tchau, papai...- falou a menina que viu o carro do delegado se afastar sem responder ao comprimento.
Depois da briga, Patrick passou a tratá-la mal, eles nem se falavam direito e ele sempre arranjava um jeito de fugir dela.
- Papai, o Patrick não gosta mais de mim?- Indagou ela a Jeremy enquanto este dirigia.
- Não é nada disso, querida, ele te ama, só está com a cabeça quente.
Sebastian e Patrick nem dormiam mais juntos, pois Jeremy passou a dormir sempre no quarto de Amélia.
Sebastian deixou a menina na escola e depois seguiu caminho de volta para casa. Foi quando olhou pela janela do carro e viu um menino de cabelos ruivos na calçada, achou-o tão bonito que decidiu parar para falar com ele. Estacionou o carro á beira da calça. Ficou observando o menino por um tempo. O garotinho se virou e o viu. Então, Jeremy começou a desenhar uma carinha feliz na janela embaçada de seu veículo. O menino sorriu pra ele.
Enquanto isto, não muito longe dali, Patrick estava dentro de seu carro, olhando para um pontinho vermelho que piscava na tela de seu celular, assim como um GPS. O pontinho vermelho começou a se movimentar e o delegado ficou atento. Quando percebeu que era o suficiente, colocou o celular onde pudesse ver enquanto dirigia e partiu com o carro.
Mas para sua infelicidade, encontrou trânsito.
- Droga!- Reclamou enquanto via o pontinho se afastar na tela do celular.
Como estava sem paciência, acelerou ainda mais quando o sinal abriu.
Patrick não sabia muito bem porque estava fazendo aquilo, e quanto mais se aproximava, mais a dor em seu peito aumentava. Ele tentava ignorá-la pois aquilo tinha de ser feito, mesmo que doesse mais do que ele poderia suportar.
- Obrigado, tio- disse o menino ruivo a Jeremy, lhe devolvendo um copo onde antes havia leite.
Sebastian começou a acariciar os cabelos de fogo do garotinho que estava sentado em seu colo.
...
Patrick estacionou o carro, e pulou dele, deixando a porta aberta.
Correu pelos degraus da escada e arrombou a porta frágil de madeira com um só golpe.
- Sabe, eu tinha uma filhinha mais novo que o Jeremy- Explicava Clarisse a Derick- Mas um dia eu cheguei em casa e a encontrei... Morta no chão babando um líquido amarelo...e Sebastian...
Patrick caiu de joelhos diante do corpo do menino, que espumava um líquido amarelo pela boca, exatamente como havia acontecido anos atrás com Clarisse...
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As leis de suplício e obsessão
Mystery / Thriller"Todos nós temos cicatrizes. Algumas mais profundas que outras. Estas cicatrizes sangram até secar quando expostas ao sol, por isto lutamos para mantê-las no escuro. Eu tenho a cicatriz mais profunda e suja que um humano poderia ter, e faria qualque...