Amélia chegou em casa, descobrindo que, obviamente, Patrick não estava lá. Mas desta vez foi diferente, ela não chorou nenhuma vez, pois a felicidade de ter visto Jeremy lhe tomou por completo. Enquanto ela fantasiava um futuro não muito distante, onde sua família estaria junta e feliz novamente.
Quando se sentia triste o dia parecia passar rapidamente, mas como aquele dia era diferente então ela sentiu tédio. Brincou com alguns brinquedos e se cansou. Uma ideia veio a sua cabeça quando quase morria de tédio no tapete da sala de estar. Levantou animada e pegou o notebook de Patrick, que estava em cima do criado mudo.
O delegado não havia se preocupado em mudar a senha, pois não imaginava que a menina se atreveria.
Amélia começou a jogar um joguinho on-line, lembrou de quando Jeremy havia lhe proibido de fazer isto, ela nunca entendeu o porque se era tão divertido. Na tela apareceu uma grande seta que indicava que ao clicar nela, o joguinho baixaria no notebook, a garotinha se animou e não pensou duas vezes antes de aceitar a proposta. Mas assim que o fez, a segurança do computador indicou que um vírus havia sido instalado e que se ela não fizesse uma coisa que ela não conseguiu entender bem o que era, toda a memória do aparelho seria apagada, e foi exatamente isto que aconteceu. A memória foi embora levando consigo todos os trabalhos de Patrick.
...
No dia seguinte, assim como havia combinado com Amélia, Jeremy estacionou o carro na mesma rua que tinha lhe encontrado um dia atrás.
Quando viu que ela não estava lá, percebeu que tinha chegado muito cedo então esperou pacientemente. Sebastian acordou uma hora depois, não acreditando que tinha cochilado. Olhou para o relógio e concluiu que Amélia teria passado pelo seu carro e não o reconhecido ou nem ao menos teria vindo. Mas por que Amélia faltaria na escola? Será que estava evitando-o? Será que tinha dito algo de errado?
Sentiu uma vontade enorme de ir até a casa dela, mas temeu que Patrick estivesse lá, e cumprisse a promessa que tinha feito de atirar nele se aparecesse de novo em sua frente.
Deu partida com o carro e voltou para o condomínio totalmente insatisfeito.
No dia seguinte de manhã, no mesmo horário, Sebastian estava lá, à beira da rua, esperando a chegada de Amélia, que novamente não apareceu. Sua angustia era enorme e sua preocupação também.
E no terceiro dia, Jeremy estava dirigindo até o local onde tinha marcado com Amélia, quando decidiu pegar um atalho pois na avenida tinha trânsito demais e ele se atrasaria sem dúvidas. Virou a esquina, quando se deparou com uma menina de aparência familiar caminhando pela calçada.
- Amélia!- Gritou Sebastian pela janela do carro ainda em movimento enquanto o estacionava alguns centímetros a frente da garotinha, que tinha sido pega de surpresa e estava paralisada na calçada, não acreditando que aquilo realmente estava acontecendo.
Jeremy saltou do carro deixando a porta aberta e foi de encontro com a menina.
- Amélia, o que faz por aqui?- Perguntou com um sorriso.
- Nada...eu só decidi cortar caminho- a garotinha disfarçou, cobrindo metade da face com o cabelo escorrido.
Sebastian que percebera a atitude, nada discreta, da menina colocou a mão delicadamente no cabelo dela, tirando da frente de seu rosto.
- Quem fez isto com você?- Perguntou, sentindo um embrulho no estômago ao ver um pequena cicatriz um pouco abaixo do olho dela.
- Ninguém...- disse ela, forçando um sorriso trêmulo- eu só cai na escola- gaguejou.
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As leis de suplício e obsessão
Mystery / Thriller"Todos nós temos cicatrizes. Algumas mais profundas que outras. Estas cicatrizes sangram até secar quando expostas ao sol, por isto lutamos para mantê-las no escuro. Eu tenho a cicatriz mais profunda e suja que um humano poderia ter, e faria qualque...