Capítulo 2

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Patrick saiu a caminho para o trabalho assim que deu as ordens a Jeremy, chegando lá, descobriu que a papelada do caso que havia sido concluído ontem, ainda não estava pronta.

- Mas será possível...- disse para si mesmo- estagiário!- gritou, o garoto que tomava café se assustou, e depois se aproximou tropeçando em uma cadeira.

- Em que posso ajudar, Delegado?- Perguntou ao seu patrão que lhe chamara e o esperava impaciente.

Patrick estendeu a mão esperando que o garoto lhe entregasse os papeis.

- Eer... O quê? - O estagiário não compreendeu, por isto já previa uma bronca daquelas.

- Onde está?- Perguntou o patrão.

- Onde está o que?- Gaguejou.

- Onde está a papelada do caso de ontem?!- Patrick perdera a paciência que nunca teve.

- Aaaah, sim... a papelada- fingiu se lembrar coçando a cabeça, mas nem imaginava do que se tratava aquele assunto de "papeis"- mas é pra hoje?- O estagiário perguntou com uma expressão no rosto que Patrick classificou como "cara de besta", ficando ainda mais irritado.

- Não é para hoje! É para já! E não fique ai parado!- Ordenou- Já que não fez, eu quero pronto daqui a cinco minutos! E estou sendo bonzinho com você, então não me decepcione!

Enquanto o estagiário corria para fazer a papelada, Patrick percebeu que ninguém estava fazendo nada ainda no escritório, aquilo o deixava muito irritado. Por que as pessoas não podiam fazer as coisas na hora em que ele mandava?

O delegado saiu da sala bufando, se controlando para não matar alguém, e foi até a salinha da impressora, onde havia uma máquina de café. Uma mulher que estava lá, se retirou assim que o viu entrar. Isto não acontecia sempre, só quando o rosto dele estava todo vermelho de ódio.

Para a alegria de Patrick, a máquina estava travada.

- Calma, a máquina não tem culpa- disse Derick ao encontrar seu amigo dando murros na máquina de café.

O delegado riu junto com o colega de trabalho.

- É que ainda não vieram calibrar ela- Explicou Derick- Mas e ai, como está a família?- Usou um tom de humor e Patrick lhe olhou percebendo que este se referia a seu marido.

- Está bem, como sempre- lhe respondeu com orgulho.

- Ele já se acertou com a mãe?

O delegado fez uma careta indescritível diante da pergunta do amigo, e ele soltou um risinho. A ultima vez que Derick teve contato com Jeremy, presenciou uma cena de puro desdém da mãe de Sebastian, com seu próprio filho; mas isto já fazia algum tempo considerável.

- Você sabe muito bem que a mãe de Jeremy nunca gostou dele- Patrick acariciou seu próprio rosto, se sentindo arrepiado de se recordar de certas coisas em relação a sua sogra.

- Eu não entendo o porquê... ele é tão bacana, todo mundo gosta dele, por que a própria mãe não gostaria?- Derick percebeu que o Delegado estava inquieto, então decidiu encerrar o assunto. Suspirou e sorriu- Okay! Vamos falar de outra coisa?

- Melhor!- Patrick concordou sem hesitar.

Depois de um dia cansativo no escritório, Patrick finalmente podia voltar para casa, e Jeremy ansiava sua chegada.

O Delegado ficou incrédulo ao se deparar com a vizinha da frente no elevador.

- Você mora no 203 B ?- Scarlet perguntou quebrando silêncio.

Patrick lhe lançou olhar de nojo, e depois respondeu sem fazer cerimônia.

- Moro.- O tom que usou era de quem queria encerrar o assunto ali, mas a vizinha insistiu.

- Você divide apartamento com seu amigo?

Sentiu uma pontada de ódio ao perceber que ela olhava para sua aliança.

Patrick forçou um sorriso cínico e ajustou sua aliança com orgulho no dedo, dizendo:

- Nós somos casados- e saiu do elevador, com passos apressados, deixando Scarlet para trás com a boca aberta.

Patrick já esperava chegar em casa e encontrar tudo pronto, pois Jeremy era o único que sempre fazia as coisas que ele mandava na hora em que ele mandava. Sebastian tinha um desejo insaciável de agradar seu marido.

Chegando em casa, Patrick encontrou Jeremy novamente com o rosto enfiado na almofada, dormindo.

- Jeremy?

...

- Cala a boca sua vadia!- O grito veio acompanhado de um barulho de vidro quebrando.

Jeremy estava inquieto andando de um lado para o outro na sala de estar.

- É o marido da outra ai na frente- caçoou Patrick, enquanto resolvia algo do trabalho no notebook.

- Nós deveríamos fazer alguma coisa?- Sebastian indagou com um olhar preocupado, e seu marido o encarou por um instante, analisando a expressão em seu rosto.

- Não- disse enfim, com um tom autoritário, e voltou seu olhar ao notebook. Percebeu que o clima estava um pouco pesado e que seu marido não estava satisfeito com a resposta, então completou- Cada um tem o companheiro que merece, não acha?

Jeremy o analisou. Patrick percebera e o encarou, entendendo claramente o que estava acontecendo ali.

- Ela acha que nós somos "amigos"- o delegado quebrou o silêncio, largando o notebook de lado.

Jeremy sorriu e concordou.

- Mas nós somos amigos.

Patrick disse incrédulo:

- Eu não me casei com você para ser seu amiguinho- se levantou, indo até a cozinha.

Sebastian esfregou o rosto com as mãos. Aquela se tratava de uma discussão antiga, que era fruto da insegurança sentida por seu marido.

Patrick passou o resto da noite sem falar com Sebastian, e ele sabia que discutir não ia adiantar em nada.

...

De madrugada, Patrick estava deitado ao lado de Sebastian, e nem um dos dois dormia.

Jeremy observava as costas de seu marido, que costumava lhe abraçar todas as noites, exceto quando estava furioso com ele. O fato de não conseguir agradá-lo deixava Sebastian se sentindo um anormal.

Jeremy se aproximou com delicadeza e o abraçou por trás.

- Eu te amo- sussurrou.

Patrick deitou com a barriga para cima e o analisou, acariciando seu rosto, relembrando o quanto era lindo.

- Eu também te amo- disse, sentindo que aquelas palavras não eram o suficiente para expressar o que sentia.

Sebastian sorriu exibindo suas covinhas, estava aliviado. Se inclinou, juntando seus lábios. Não sabia exatamente o que sentia quando os dois se tocavam, mas tinha certeza de que seu marido sentia muito mais prazer do que ele. Só se sentia infinitamente feliz quando sabia que estava lhe agradando.

As leis de suplício e obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora