Capítulo 20 - Sentimentos nem sempre são justos

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  Os Winchester carregaram medidores de EMF nas mãos quando adentram no prédio. Dean explicava brevemente a Lia como aquilo funcionava.
- Talvez fique mais forte perto do coração? – Ela quis saber.
- Provavelmente – disse Sam. – Vamos precisar nos separar se quisermos cobrir um espaço maior em menos tempo.
- São só quatro andares. Você pode cobrir os dois primeiros, Dean pode checar o porão e eu...
- Ow, você vem comigo, kiddo – decidiu Dean. – Fique atrás.
Enquanto Sam subiu as escadas silenciosamente, Lia seguiu Dean em direção ao porão. O EMF emitia um barulho baixo, que não parecia alarmar o caçador. A garota, se pegou apenas o observando por uns momentos. Dean gostava daquilo. Não só porque seu trabalho combatia o mal e salvava pessoas. Ele gostava de caçar. Nunca teria uma vida comum.
- Você tá bem? – Ele sussurrou.
- Sim – Lia voltou a realidade.
O porão não era grande, mas era bagunçado. Haviam alguns móveis quebrados, pastas com papeladas e cheirava a mofo e...
- Enxofre – disse Dean.
Seguindo na direção oposta à de Dean, Lia distraiu-se com uma pasta cheia de papéis antigos. Já Dean, estava concentrado no EMF que começava a emitir um som mais alto. Nem um dos dois percebeu quando pés sorrateiros desceram a escada. Ou mesmo quando o dono daqueles pés atingiu Dean com uma barra de ferro na cabeça. Ele desmaiou, caindo com um baque seco no chão.
Lia virou-se. Seus olhos correram rapidamente pelo porão tentando entender. Erick parado com uma barra de ferro nas mãos, Dean desmaiado. Não fazia sentido.
- Não! – Ela gritou. – Dean!
Ela tentou correr na direção do caçador, mas Erick a interceptou no meio do caminho. Segurando-a com força e impedindo-a de mover.
- Erick, o que você tá fazendo? Me solta!
- Cala a boa, Lia! Ou vou ter que te atingir com a barra de ferro também.
- O quê...? – Ela mais uma vez vasculhou o lugar com os olhos. Droga! Fazia sentido. - Não! Dean! Dean!
Foi obrigada a parar de gritar quando o soco atingiu seu rosto. Ela sentiu gosto de sangue na boca e ficou ligeiramente sem sentidos. Ela sabia que Erick a estava arrastando até uma das pilastras e amarrando-a com uma corda, para logo em seguida fazer o mesmo com o corpo inerte de Dean. Mas Lia não conseguiu fazer nada.

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Sam não se surpreendeu pelo sinal do EMF ter ficando mais forte no quarto andar. Ele estava prestes a arrombar a porta do quarto da garota assassinada para que pudesse fazer uma investigação mais apurada. Mas uma queda abrupta de temperatura fez com que ele se virasse.
- Hey, hey! – Sam tentou acalmar a fantasma. – Estou aqui para ajudar, ok? Vamos descobrir quem fez isso com você, Amanda.
Porém, assim como Lia alertara, Amanda não parecia um espírito vingativo. Ela começou a vagar lentamente pelos corredores do quarto andar, como se quisesse que Sam a seguisse. E ele o fez.
Quando chegaram a porta do 409 o fantasma simplesmente atravessou. Com a arma em mãos, Sam foi obrigado a arrombá-la com o pé. Mas quando entrou no quarto, não havia ninguém além do fantasma.
Sam não precisou vasculhar muito. Uma caixa de aço, logo ao lado de um porta-retratos com uma foto de Lia e Erick, chamou sua atenção. Usando um pedaço de arame para destrancar o cadeado, Sam abriu. O que ele viu foi uma das coisas mais bizarras que já tinha visto em sua vida de caçador. Três corações humanos. Um ao lado do outro, guardados como troféus.
- Que merda...?!
Respirando fundo para manter a compostura, Sam virou-se para Amanda.
- Era isso que queria que soubéssemos, não é? – O fantasma confirmou com a cabeça. – Amanda, nós vamos cuidar disso. Nós vamos atrás de quem fez isso com vocês. Mas você... Você precisa seguir em frente agora, ou talvez não consiga mais. Precisa se libertar, Amanda.
A garota encarou Sam com olhos suplicantes antes de desaparecer em uma explosão de luz. Ela escolheu seguir em frente.
Agora dependia de Sam garantir sua vingança e salvar a garota para quem o coração ainda tinha um espaço reservado naquela caixa.

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- Dean! Dean, por favor!
O caçador abriu os olhos. Estava tudo embaçado e ele só conseguia ouvir ao longe alguém chamando por seu nome. Lia.
- Ah, meu Deus! Ah meu, Deus, obrigada! Dean!
- Relaxa, kiddo. É preciso mais que isso para matar um Winchester. Onde está aquele filho da mãe?
- Bem aqui! – Erick apareceu arrastando um Sam apagado. – Cara, esse aqui é grande!
- Merda! – Exclamou Dean.
- Erick... Erick, o que você está fazendo?
- Oh, isso não tinha que terminar assim, Lia. – Ele falava enquanto ia amarrando Sam. – Se esses dois não tivessem se metido. Você ia ser minha e tudo ia terminar bem.
O que ninguém sabia naquele momento é que Dean tentava romper a sua corda enquanto a friccionava contra a pilastra na qual estava amarrado. Enquanto Erick estava de costas, ele gesticulou para Lia "Distraia-o". Ela entendera.
- Terminar bem? Você matou aquelas três garotas!
- Eu matei? – Ele virou-se para ela. – Eu matei? Você matou! No plano perfeito, você iria para a cadeia e eu ia tirar você de lá, com ajuda daquele demônio. E aí, não ia ter como você me ignorar mais, não é Lia? Eu podia... Podia ter pedido pelo seu amor, mas não seria real. Queria ser seu herói, aí sim você me amaria.
- Real? Erick...
- Você foi a pior de todas! As outras três... Eu não realmente amava nenhuma delas, mas eu as queria porquê de alguma forma elas me lembravam você. Elas gostavam de me ter por perto porque isso fazia bem para o ego delas, mas eu sabia bem as regras. Mas você... Você sempre me tratou como um cachorrinho!
- Erick, você sempre foi meu amigo!
- É isso que eu quero dizer! – Ele se aproximou dela perigosamente e encostou uma faca em seu rosto. Dean começou a trabalhar ainda mais rápido na corda enquanto Sam apenas começava a despertar. – Amigo? Você sempre soube que eu te desejava! E você me dispensou? Não! Você me queria como amigo! E aí, aparece um caçador qualquer e você se apaixona por ele em cinco minutos? Isso não é justo, Lia!
- Sentimentos... nem sempre são justos – ela arriscou um olhar para Dean.
- Não são, não é? – Erick voltou a se levantar.
Ele contornou Lia e usou a faca para libertar a garota. Com um puxão, colocou-a de pé também. Empurrou-a com violência contra a coluna e manteve a faca pressionada contra sua garganta.
- O fato é: vocês tiraram o demônio da jogada. Meu pacto de ter você já era. E seu eu não posso tê-la. Ninguém mais vai.  

Supernatural - Não era apenas mais um casoOnde histórias criam vida. Descubra agora