The Deal

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Eu não acredito que estou realmente fazendo isso. Eu deveria exorcizar esse filho da mãe e continuar cuidando da minha vidinha miserável mas... Pode ser que seja legal no final, não?!

-VOCÊ QUER O QUE? EU NÃO SOU LOUCO A ESSE PONTO! NEM POR MIL ALMAS! E AINDA PRECISARIA DA AUTORIZAÇÃO DELE E PODE TER CERTEZA QUE NÃO VOU CHAMÁ-LO AQUI!

-Ah, qual é, nem é muito coisa, e ainda podem ter minha alma em dois meses! É 60 vezes mais rápido!

-NÃO! Eu não vou chamá-lo aqui por uma caçadora de quinta! Ele vai me matar!
De quinta? Quem ele pensa que é? Puxei o meu docinho da calça e atirei nele, não ia me ajudar de qualquer maneira.
Mas ele riu.

-Você é muito estúpida! Armas não...
-Estúpida? -interrompi. -Acho que uma caçadora de quinta consegue lidar com um demônio de sexta querido. A bala está entalhada com uma armadilha para demônios. -O sorriso dele sumiu. -Estúpido! Agora não saia daí que eu vou fazer mais uma armadilha ali atrás pra termos mais privacidade. Não que você tenha escolha, mas...-Ri.

***

-Quem está falando? -A voz dele é rouca, que fofo!

-Vossa alteza, me perdoe por atrapalhar seus afazeres, mas um de seus servos não foi capaz de concluir o pacto que eu propus.

Ele riu.

-E o que eu tenho a ver com isso?

-Bem, eu quero muito fazer esse pacto, e aquele idiota disse que precisava ser feito diretamente com você, já que incluía redução na coleta da alma.

-Continue.

-Terá minha alma em dois meses e eu passo um mês morando no seu palácio.-Tentei soar convincente.

Ele ficou calado.

-Crowley?

-Você deve achar que eu sou algum idiota, não vou trazer uma caçadora para o inferno!

-Ah, por favor! Só um mês e teria minha alma 60 vezes mais rápido!

-Não!

-Por favor! Eu quero saber como é a vida do rei do inferno!-Crowley ficou em silêncio.

Ele... Ele desligou? Que ódio!

-Incompetente! Qual é a senha; o celular bloqueou! -perguntei ao demônio que me "forneceu" o aparelho com o contato do rei.

-Já falou... com ele, me deixe me paz! -falou rouco.

-Pare de ser chato! -atirei novamente e ele gritou. -Qual a senha?

-666!

-Ah, claro, que idiota. -falei procurando o número nos contatos.

-Desista! Não vou te trazer para cá! -ele falou após atender à chamada novamente.

-Deixa! Por favor! Eu sou divertida e sei fazer uma ótima massagem, posso te distrair em dias de tédio! -falei manhosa.

-Não.

-Só me transporta até aí para discutirmos o contrato, se realmente não quiser, é só me jogar com as outras almas!

Ele bufou irritado.

-Isso é um sim?

E, subitamente, eu estou presa em uma cadeira em um lugar de paredes altas de tijolos cinzas, com vários arcos e uma arquitetura incrivelmente bela. Como, eu não sei, mas essa corda está me apertando e aqui está muito frio para minha regata.

-Você tem minha atenção, tem cinco minutos e não me entedie. -A mesma voz que reconheci do telefone falou na minha frente.

Movi os olhos de um canto à outro, tentando conter toda a adrenalina de conhecer o rei do inferno.

Uau.

Ele... Ele é demais! Postura perfeita, cabelo bem cortado, terno sob medida, barba aparada - que parece ser muito macia, por sinal - e olhos castanhos que... eu não sei se saio correndo ou beijo ele e... Espera um momento! O quê?

-Quatro minutos e pare de babar. -ele falou me tirando de transe.

Eu estava babando? Babando?

-Uau! Desculpa, é que você é diferente do que imaginei. -falei piscando bastante para ter certeza de que aquilo era real. -Mas considerando que a coisa mais próxima de rei do inferno que eu já vi foi Hades no filme da Disney, eu acho que vou calar a boca. -falei baixo.

Ele me olhou entediado, como se estivesse ouvindo a aula de matemática.

-Três minutos.

-Ah, bem, sim, é que, droga, fala direito!, eu queria passar um mês aqui sabe, vendo como você comanda tudo isso, o que faz para não se entediar, treinamento de cães infernais, -falei a última parte baixa. -coisas assim, como um intercâmbio.

-Por quê?

-Porque você comanda todo esse império! Milhões de demônios ao seu comando, um sistema sem falhas que está sempre operante e todos te temem, mesmo os Winchester, por mais imbatíveis, todos sabem que já precisaram da sua ajuda, eu queria ver isso tudo de perto. -terminei olhando no fundo dos seus olhos. Agora, não sei se estava tentando convencê-lo ou estava apenas hipnotizada.

-Uma caçadora dizendo isso? Novidade.

-Quero saber como funciona o lado negro da força. -respondi sem desviar os olhos.

É, com certeza eu estou hipnotizada! Droga!

E por que ele continua me olhando? Sério, para Crowley! É como se ele estivesse me analisando e vendo cada segredo meu, que sensação horrível!

-Bem, então temos que conversar os termos do nosso acordo. -disse fazendo a cadeira sumir em um estalar de dedos e me fazendo cair sentada no chão.

***

-Então, resumindo, eu não posso sair daqui.

-Certo. -Crowley respondeu com o contrato na mão.

-Meu celular está liberado, mas eu não posso conversar com ninguém e nem dar sinal de vida.

-Isso.

-Seu alfaiate está a minha disposição.

-Mas as minhas roupas são prioridade. -completou erguendo as sobrancelhas e me apontando o dedo.

-Minha lista de necessidades humano-femininas será feita assim que possível.

-E já coloque tudo o que precisar, não quero mandar meu pessoal pegar coisas desnecessárias!

-Sim, sim, claro. E eu posso desenhar como meu quarto será, certo? -sorri um pouco.

-Sem abusar! Três refeições por dia, pode decidir o horário e não precisa ser fixo, mas são três no período de 24 horas.

Eu apenas fiquei o encarando, parecendo uma criança, sentada com as pernas cruzadas aos pés do trono enquanto ele mantinha aquela pose de soberano que estava me deixando sem ação. Me apaixonando pelo rei do inferno... Por que não me surpreendo?

-Então, temos um acordo.-falou se levantando e me olhando.

Me levantei rápido e permaneci em silêncio, estávamos separados por um palmo, no máximo. Timidez agora? É claro que eu sei como os acordos são selados, e, é claro, estou com um frio na barriga que me lembra a adolescência.

-Você sabe como se selam os pactos, certo docinho? -perguntou com um sorriso sarcástico e voz rouca.

Esse demônio vai me deixar louca.
Dei um passo pra frente e o beijei enquanto o segurava pela roupa. Meu corpo está pegando fogo por dentro, que droga Crowley!

Ainda bem que ele se afastou antes que eu me afundasse mais. Tem como alguém mandar meu coração bater mais devagar? Eu estou pagando mico!

-É, você sabe. Bem-vinda ao inferno. -sorriu antes de desaparecer e me abandonar ali, olhando para o nada, lidando com a bomba hormonal que acabou de explodir.

Meu Anjo é um DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora