The Tailor

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Acordei devagar, só pra ter certeza de que não foi um sonho.

Não foi.

Me olhei no espelho sorrindo, isso não é cara de quem vai ver o rei, cabelo todo bagunçado, rosto amassado e roupa abarrotada, bem, eu nem me troquei ainda, mas espere até eu conhecer o alfaiate.

Bocejei mais uma vez na frente do espelho, joguei o cabelo pro lado e tentei ficar mais apresentável.

Antes de sair, dei uma última olhada no quarto, as coisas que eu havia pedido já estavam à minha disposição, era só desempacotar tudo, mas por agora, vamos ver o rei.




***

-Senhor, encontramos ela bisbilhotando por aí. -disse o idiota que estava me arrastando até a sala do trono.

-Ah, por favor, até parece que ninguém nunca se perdeu aqui. -falei revirando os olhos.

Crowley bufou irritado.

-Apenas certifiquem-se de que ela não mexeu em nada. -falou enquanto balançava a mão mandando eles irem embora.

-Vossa alteza. -fiz uma reverência um pouco exagerada. -Vim desejar um bom dia. -sorri.

-Não existe "dia" no inferno, o sol e lua não aparecem e ninguém dorme. -falou sem tirar os olhos da prancheta.

Nós só temos um mês e ele não vai me dar atenção, que maldade Crowley!

-Bem, mas meu mundo gira com o fuso horário norte americano, então eu tenho fome. -falei dando passos lentos até o trono. -Então teria como me dizer pra quem eu peço a comida, ou onde é a cozinha mais próxima, ou pelo menos olhar na minha cara? -perguntei por último puxando a prancheta de suas mãos e a escondendo atrás do meu corpo enquanto fazia biquinho.

-CLAYTON! -um cara baixinho e careca apareceu do nada. -Providencie comida para ela e a tire daqui.

-Só mais uma coisinha, onde é a sala do alfaiate? -perguntei devolvendo suas coisas com um sorrisinho de culpa que só eu sei fazer.

-E a deixe no Henry depois. -terminou voltando a atenção para seus papéis.

-Obrigado. -sorri enquanto ia até ele é lhe dava um beijo na bochecha. -Até mais tarde.

***

-Toc, toc. -falei enquanto entrava na sala do alfaiate. -É Henry, não?! Eu sou a nova hóspede, Crowley disse que eu poderia passar aqui para ver minhas roupas. -sorri.

Acho que sorrio demais. Mas não tem como não sorrir, essa sala é o paraíso: rolo de tecidos pendurados por todas as paredes, manequins infinitos com ternos e outras peças.

-Ah, sim, me avisaram de você, só não me disseram seu nome. -uma voz falou abafada no fundo da sala.

Meu nome? Ora, ninguém se deu o trabalho de perguntar antes. Demônios!

-Meu nome é Sarah. Onde o senhor está? -perguntei tentando me achar no meio daquele labirinto de estilo.

-Bem aqui. -disse aparecendo na minha frente.

-Ahhh! -Que grito agúdo foi esse?

-Que maravilha, um manequim feminino! Durante esse tempo com Crowley ele só me pede ternos, estou ficando sem imaginação! Mas uma garota aqui, quantos anos você tem? Dezoito?

-Vinte.

-Perfeito, tenho algumas idéias que venho pensando, vestido, saias, blusas... -ele falava enquanto puxava pedaços de tecidos coloridos e colocava na minha frente.

Meu Anjo é um DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora