capítulo 2

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     Olho as horas e já vejo que está quase no horário de sair. Estava indo avisar Augusth quando chegou uma emergência e saí correndo para ajudar, infelizmente, era um cachorrinho e não podemos fazer muito por ele, já estava idoso e saúde frágil, a família estava sofrendo muito, era um animal querido e não tinha como não ficar triste por termos o perdido.
    Quando lembro de ligar novamente para Augusth vir me buscar, estou saindo da clínica e ele já atende no primeiro toque.
- Estou na porta, pode vir. - olho para frente e lá está ele encostado no carro olhando para mim e vou ao seu encontro.
- Boa noite - digo ao me aproximar.
- Boa noite. - ele me puxa para um abraço e me deixa ali e eu o abraço de volta. Me sentindo aliviada, em segurança e melhor. Mas como ele sabia que eu precisava disso ?
- Sinto muito. - dizia ele enquanto acariciava meu cabelo e beijou minha testa.
- Como você sabia ?
- Eu liguei para a clínica para saber se você já estava terminando e me disseram que você estava em uma emergência e pela sua carinha quando saiu, eu soube.
- Ah, obrigada. - foi só o que consegui dizer, ele me deixava sem palavras e querendo agarra-lo por ser tão gentil quando não estava sendo um cretino.
   Ele abriu a porta do carro e voltamos para casa. Cheguei e já fui tomar um banho para relaxar na banheira enquanto August ia em direção a cozinha, mas não antes de tirar sua camiseta e me dar aquela visão que tanto me torturava.
- vou esquentar a comida para jantarmos.
- ok, só vou tomar um banho e já venho. No banheiro, tirei minha roupa, liguei a torneira e enchi a banheira, entrei e fiquei de olhos fechados, pensando no quanto eu gostaria que ele estivesse aqui e fizesse comigo o que bem quisesse.
   Então sem aguentar a ansiedade logo terminei meu banho e fui para a cozinha vestida já com minha pouca roupa de dormir.
- Você ainda não jantou ?
- Estava lhe esperando, ande, venha comer logo. - disse o delegado Francis sendo autoritário.
- Você sabe que seu irmão não gosta que você use essas roupas em casa, não é? - continuou ele.
- Eu sei, mas eu gosto. - respondi.
- Ok. Se ele chegar e nos ver aqui desse jeito, você sabe que dará problemas.
- Não sei porque dará se não há motivos para tanta preocupação, não é?
- É, não há! - disse ele mas por um momento eu poderia jurar que havia visto uma resposta diferente em seu olhar. Mas resolvi não me iludir. Ele nunca tentou nada, por mais que as vezes desejasse em secreto que ele fizesse. E sempre morrer de raiva quando ouço os rapazes comentando das festas e das garotas que ele pega.   Como podia ser diferente? Lindo com esse corpo, bem sucedido e educado.
   Voltamos a ficar em silêncio comendo até que resolvo quebra-lo.
- E você? Como foi no serviço hoje ?
- Cansativo, como sempre, mas produtivo.
- Algum caso emocionante?
- Talvez, lembra aquele caso que te falei há um tempo? Acho que temos algumas boas pistas descobertas hoje.
- Lembro, que bom, espero que possam pega-los logo, ainda não sei como pode ter gente tão má assim.
    Ele olhou pra mim e me prendeu nos seus olhos e o clima mudou, ficou pesado, logo ele limpou a garganta e continuou.
- Você sempre tenta ver bondade em tudo e em todos, está aí um porquê.
- Não é bem assim, você me faz parecer ingênua, mas não sou.
- Sim, você é.
Olhei-o desafiando, mas não deixou por menos.
   Resolvemos levantar para lavar a louça, ele me ajudava, as vezes nos esbarramos e ficamos bem próximos, sentia minha respiração falhar e coração acelerar. Tento me controlar ao máximo. Terminamos e ele chega próximo de mim, me olha nos olhos e ficamos assim por não sei quanto tempo até que ouvimos um barulho de chaves na porta e ele se aproxima e beija meu rosto - Boa noite, irei dormir. Vá também e não se atrase amanhã, você sabe como seu irmão é.
- Ok, pode deixar, eu tentarei. - eu disse pensando que talvez eu conseguisse se não demorasse tanto a dormir por pensar naquele corpo por cima do meu e depois ainda sonhar com ele de todas as formas possíveis.     
    Nos afastamos ao vermos meu irmão entrando com aquela cara a qual diz que está bem cansado.
Me aproximo e beijo-lhe o rosto.
- Você está bem, maninho ?
- sim, só preciso tomar um bom banho e de minha cama para descansar. E vocês?
- o mesmo, ja estou indo me deitar e estava dizendo para ela ir também, pois sabemos como ela é para acordar cedo. - respondeu Augusth para Marcos enquanto eu revirava meus olhos.
- eu já estou indo. Você comeu algo, mano ? Quer que eu esquente seu jantar ?
- não precisa, comi antes de vir, obrigada, querida. Vamos, vá dormir que está tarde. Boa noite ! - me deu um beijo em minha bochecha e saiu para seu quarto.
Ficando novamente só nós dois no caminho para nossos quartos e o clima parecia pesado, mas logo fui obrigada a entrar em meu quarto e fazer essa separação.

- oh August isso, querido, aah ...
- é assim que você gosta, gostosa ? Que eu lhe bata nessa bunda grande e linda que você tem ? Que eu meta com força nessa...

- Anne acorda ! Você está atrasada já!  

Escuto a porta sendo quase derrubada e a voz do meu querido vizinho de quarto me chamando. Levanto e quando abro a porta ele me olha de um jeito diferente.
- oh merda, será que ele ouviu algo ? Será que falei dormindo ?
Não, eu não faço isso. Pensava comigo mesma.
Me arrumei e meu irmão me deixou no trabalho, mas não sem antes me dizer que quem teria que me buscar hoje seria o Francis e engoli em seco.
- tudo bem, eu aviso ele quando estiver saindo, xau e cuidado.
- eu que te digo isso, baixinha, eu sempre tenho.

    No hospital veterinário foi agitado e corrido o dia.  Saindo do hospital aviso aquele que invade meus sonhos que já pode vir me buscar, não demora muito e logo ele está parando na porta da clínica. - Boa noite, você foi rápido.

- Boa noite, sim, estava aqui por perto quando ligou. Vamos ?

- Sim. Entrei no carro e o silêncio presente estava me incomodando, eu olhava para ele as vezes e tive que apertar minhas pernas para tentar aliviar a agonia que já estava sentindo lembrando da noite que tive e vendo aquelas mãos grandes e firmes segurando o volante. Talvez ele tenha percebido algo, pois surgiu um sorriso presunçoso em seu rosto quando comecei a cruzar as pernas. Respirei fundo e chegamos em casa, fui indo direto para o banheiro, queria muito tomar um banho e quem sabe, ter um alívio. Mas quando ia chegando na porta do banheiro nos esbarramos, ele me segura pelos braços,  não diz nada, apenas olha em meus olhos.
- Querida - ele se aproximou mais ainda - Me responde algo, e é bom que seja sincera - ele dizia sério e eu poderia jurar que estava bravo. - Você tem saído com alguém ultimamente?
Eu não entendi o porque daquela pergunta, logo ele. Sempre soube que Augusth e meu irmão tentaram me proteger de tudo e todos, tinham ciúmes, mas por que agora essa pergunta ?
- responda Anne ! - ele disse ainda sério. Esse era o delegado.
- Como assim ? Você sabe como meus horários estão apertados, mau tenho tempo para descansar! Por que está me perguntando isso ?
- Por nada. - Ele soltou meu braço e se virou enquanto eu fiquei parada olhando o nada tentando entender o porque disso. Quando  comecei a andar novamente sinto um novo aperto firme em meu braço e sou presa entre a parede e os músculos de quem me olhava de um jeito que queimava-me inteira.
- Para quem você estava gemendo, Anne? Me responda e saiba que eu sei quando não diz a verdade. - eu devo ter mudado de cor, quis nessa hora que a parede se abrisse e me guardasse ali. Volto à Terra quando sinto seu aperto se intensificar e sei que ele quer que eu responda.
- Do que você está falando ?
- Você sabe muito bem, querida.
- Não, eu não sei.
- Tem certeza? Quer que eu diga exatamente do que estou falando ? De você gemendo na hora que fui lhe chamar ?
- Eu, eu.. - o que eu poderia dizer ? Dizer que era ele ? Não, isso estava fora de questão.
- Não é da sua conta, Augusth!
- Oh, querida, é sim, tudo relacionado a você é da minha maldita conta. Agora me responda !
- Não! Me solte ! Aliais, quer saber ? Era pra mim mesmo, ok ? E olhei para baixo e senti seu aperto mais forte, mas sem machucar.
- Querida, eu já disse que sei quando você mente para mim, agora vou te perguntar de novo e é bom me responder. Para quem você estava gemendo ?
- Você é louco ! Só pode ! - que raiva dele ! - Quer saber ? Então vou te dizer, seu idiota, era você! Estava sonhando com você, está feliz ?
     Ele me olhou e pude ver surpresa em seus olhos e então outra coisa que poderia jurar ser desejo e satisfação.
- na verdade, estou querida, muito feliz, e é bom saber que é comigo que tem que continuar sonhando, e não com qualquer babaca que ousar se aproximar de você. - ele deu aquele sorriso que me fazia perder o rumo. Me soltou e saiu em direção a cozinha enquanto eu ficava tentando mais uma vez entender o que tinha acabado de acontecer.

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