Pizza & Games

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Acordar não parecia uma boa alternativa para ChangKyun aquela manhã.


Seus sábados eram tão tediosos quanto os domingos ou as segundas, tanto que já fazia meia hora que estava enfurnado nas cobertas, encarando o teto branco com a tinta já descascando pelo tempo. Virou-se para o outro lado, podendo ver a casa de seu vizinho.

Se ele estivesse em um desenho animado, uma lâmpada provavelmente surgiria piscando em cima de sua cabeça.

Com toda a coragem que reunira nos trinta minutos que passara deitado, o moreno levantou-se e seguiu até a janela com passos preguiçosos, a abrindo. No mesmo instante o bichano peludo e negro como a noite pulou na soleira da janela, esticando-se como se estivesse a espreguiçar-se. ChangKyun o encarou, colocando uma mão em sua cintura:

— Onde você estava, seu safado? — Elevou o tom de voz. O gato preto o olhou de forma desdenhosa, antes de enrolar-se como um caracol e fechar os olhos lentamente.

ChangKyun choramingou, antes de trocar seu pijama de flanela pelo primeiro moletom que achara e pôr uma calça jeans.

Quando ChangKyun desceu as escadas, sendo acompanhado pelo gato que esfregava a cabeça em sua perna, a mãe e a irmã mais nova já tomavam café da manhã.

A pequena Sooyoung encarou o irmão por baixo da franja espessa, cortada até a altura de suas sobrancelhas, a colher de cereal que levava até a boca parando no meio do trajeto. A pequena crispou os lábios, virando o rosto para o lado contrário de onde o irmão estava. ChangKyun riu, dando um beijo na testa da mãe e um peteleco na da irmã, que soltou um resmungo, levando as pontas dos dedos até a testa e a acariciando.

— Ela 'tá assim por qual motivo? — Changkyun questionou, enquanto enchia seu bowl com leite, em seguida despejando o cereal sobre o mesmo.

— Ela ficou brava porque você não a convidou para ir na casa do vizinho com você. — A mais velha da mesa riu, enquanto olhava o filho apoiar-se no balcão da cozinha e levar a primeira colherada de cereal até a boca.

— Eu levo você na próxima. — Respondeu com a boca cheia, levando um tapa da mãe em seu ombro.

— Cadê sua educação? — Sooyoung pulou de sua cadeira, as mãos gordinhas pegando seu copo com leite de banana e o deixando dentro da pia.

— Ei, não precisa ficar brava. — ChangKyun apertou as bochechas fartas da garota de cabelos negros, a vendo revirar os olhos.

— Pense nisso antes de ir em algum lugar e não me convidar. — Afastou as mãos do irmão com um tapa e pegou seu cereal, seguindo até a sala.

— Como um ser desses pode ter só cinco anos e ter tanta raiva acumulada? — Perguntou, olhando para a mãe. A mulher riu, uma risada gostosa que ChangKyun nunca cansava de ouvir. Às vezes, se perguntava como seria a mãe quando era mais jovem. Era muito pequeno quando o pai ainda estava vivo e sua progenitora não precisava carregar o peso de ser mãe solteira nas costas.

— ChangKyun? — Balançou a mão em frente ao rosto do garoto.

— Desculpe. — Saiu de perto da pia, deixando a mãe começar a lavar louça. — Eu só queria avisar que eu vou sair e, que talvez, nós tenhamos uma visita mais tarde. — Sorriu.

— Pelo seu sorriso, será uma visita boa, então eu não me importo. — Secou as mãos, olhando para o filho com um sorriso desenhado nos lábios. Seus olhos continuavam brilhantes apesar de tudo; a única diferença que Changkyun sentia entre sua mãe atual e a mãe de anos atrás é que ela parecia cansada.

Black Cat ✺ MonstaXOnde histórias criam vida. Descubra agora