BÔNUS, PARTE I

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[nervosismo de amor e pizza, como sempre]

kihyun, no ápice dos seus dezesseis anos, era um fracasso amorosamente falando.

cara, ele não se importava em não ter namorado ainda ou algo do tipo. o problema é que não conseguia fazer seu vizinho notá-lo de forma alguma.

na primeira vez em que kihyun pisou em sua nova vizinhança e bateu os olhos no loirinho da casa ao lado, tinha certeza de que havia encontrado o amor da sua vida. era um encontro de almas, ou sei lá como sua mãe toda good vibes chamava aquilo.

minhyuk nem notou o ruivinho, só quando este fora levar para ele seu gato preto e um tanto cheiroso. e isso faziam quase 6 anos.

kihyun era um adolescente agora.

um adolescente gay. isso diminuía suas chances de encontrar alguém, porque fala sério, num país tão preconceituoso, os gays se escondem.

mas bem, ele não ligava. tipo, poderiam vir os gays da coréia inteira, que ele ainda iria estar completa e cegamente apaixonado por minhyuk.

se fosse um francês, kihyun pensaria no caso, porque franceses eram tão finos e se vestiam tão bem. ele havia conversado com uns três no tinder, mas não rolou a química que o ruivo esperava.

passara o mês de agosto inteirinho tentando fazer com que minhyuk o notasse. pegava o mesmo ônibus que ele e sentava-se o mais próximo possível, escutava as mesmas músicas que ele no volume mais alto e passava perto dele sempre que podia nos corredores da escola.

nada adiantou. 

kihyun havia feito a promessa de que, se minhyuk não o notasse até o fim de agosto - o mês que não acaba nunca - ele desistiria dele e sairia com alguém. ficaria uns dois dias afundando o rosto num sorvete de flocos e vendo dorama de romance e então, superaria.

nesse momento, estava enrolado nas cobertas. era um casulo quente, confortável e triste. ele não queria ter feito aquela promessa, porque era o penúltimo dia do mês e minhyuk não deveria nem saber seu nome. e ele era tão lindo com aquela pele que parecia ser tão macia, os olhos amendoados e o cabelo loiro que, kihyun tinha que admitir, estava seco.

ele fungou, olhando uma foto de minhyuk que ele batera quando o loiro estava distraído durante uma das idas do ônibus até a escola.

ele estava com um cachecol marrom e um sobretudo preto, com os olhos vidrados no celular e os fones nos ouvidos, dando um sorrisinho.

kihyun apertou o botão do lado direito do celular, apagando a tela assim que a mãe entrou no quarto. secou seus olhos com as costas das mãos e sentou-se, empurrando as cobertas para longe de si com os pés descalços.

— o que é? — perguntou, cruzando os braços. a mãe percebera que ele começaria um drama. provavelmente dizendo que estava triste e que não queria ninguém no quarto. kihyun era assim quando estava com o coração partido, o que era quase toda semana. ele sempre saía com algum cara para esquecer minhyuk, mas nunca dava certo.

— bebê, limpa esse nariz cheio de ranho e troque de roupa. vamos jantar na casa dos vizinhos.

kihyun arregalou os olhos, perplexo, antes de soltar um gritinho e correr para fora do quarto. a mãe olhou para a porta confusa, caçando o filho com o olhar. ele voltou pouco tempo depois e abriu o guarda-roupa. 

— me empolguei. faz um tempo que não saio.

— sei. — a mãe cerrou as sobrancelhas, juntando peças de roupa suja no chão e atirando no filho que resmungou. — só sai quando limpar o quarto, mocinho. e não demora no chuveiro, não somos donos da companhia de energia.

Black Cat ✺ MonstaXOnde histórias criam vida. Descubra agora