Prólogo

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Oito anos atrás

Emanuelly narrando

- Amor, eu acho que já está na hora. - falei pro Eduardo olhando nossos filhos brincarem no jardim.

- Na hora de quê? - perguntou fazendo com que eu tirasse minha cabeça do seu ombro para encara-lo.

Analisei bem sua expressão antes de dizer, não queria que ele ficasse chateado com aquilo.

- Edu, o Jean, ele já tem... - ele me interrompeu.

- Já entendi. Ele já tem oito anos e até hoje não contamos a verdade pra ele. Amor, ele não precisa saber, não vamos estragar nossa felicidade. - eu via medo nos seus olhos.

- Vamos engana-lo a vida inteira? Assim como meus pais e toda a minha família enganou a mim e a Nat até descobrirmos depois de anos que éramos irmãs ? Isso não é certo Edu. Ele já está bem grandinho. Vai entender.

- Bem grandinho a ponto de saber ter raiva de duas pessoas que só queriam o seu bem né? O que você faria no lugar dele se descobrisse que quem você pensa ser os seus pais não são? O que você faria se na verdade não soubesse nem onde estão os seus pais biológicos? E descobrir depois de algum tempo que sua verdadeira mãe morreu para salvar a vida da mulher que hoje te cria? - ele estava nervoso.

Olhei bem pra ele, meus olhos estavam marejados e uma lágrima solitária caiu, mas rapidamente limpei-a. De um certo modo aquelas palavras me machucaram. Mas é claro que machucaram, eu ainda carregava um pouco da culpa comigo, mas não acho que seja devidamente necessário o Eduardo dizer que a mãe do Jean morreu para me salvar, morreu por minha causa.

- Claro. Você está certo. - falei e me levantei dali indo ao encontro dos meus filhos - Está na hora de tomar banho meus porquinhos. - me aproximei deles que logo prestaram atenção em mim.

- Mamãe, deixa a gente brincar só mais um pouquinho. - Jean pediu. Seus olhinhos brilhavam e eu me senti uma estúpida por pensar em tirar aquela felicidade dele, ou não, talvez ele aceitasse tudo naturalmente.

- É mamãe. - Vick concordou.

- Tudo bem, mas só até a mamãe fazer a janta, ok?

- Tá. - Vick correu novamente com Jean para o jardim.

Olhei para os meus filhos por mais alguns minutos e o medo me consumiu. Por um lado, medo de contar a verdade ao Jean e acabar com a família que eu e Eduardo tivemos que passar por tanta coisa para construir. Por outro lado, medo de esconder a verdade e ele algum dia descobrir e aí sim, ter o direito de odiar-nos.

Olhei pra onde estava com o Eduardo antes e ele já não se encontrava mais ali. Segui pra dentro de casa e fui pra cozinha fazer a janta.

[...]

Já tinha terminado de fazer a comida. Servi a mesa e fui lavar as mãos na pia quando senti braços envolverem minha cintura.

- Me perdoa. - Edu disse rouco dando um beijo no meu pescoço, fazendo com que eu me arrepie.

Me virei pra ele entrelaçando meus braços em seu pescoço.

- Tudo bem. Eu só... achei que fosse o certo a se fazer.

- Eu também acho que é o certo. - ergui a sobrancelha em sinal de questionamento - Mas eu tenho medo de perdê-lo, tenho medo de que todo esse sonho que estamos vivendo acabe. Tenho medo da reação dele.

- Eu também tenho. - me soltei dele - E você não sabe como eu me sinto em saber que ele terá motivos para me odiar quando souber que a mãe dele morreu por minha culpa. - passei a mão pelos cabelos. Eu estava nervosa. Era difícil pra mim. Seria tão mais simples se ele fosse verdadeiramente filho do Eduardo.

Considerávelmente IrmãosOnde histórias criam vida. Descubra agora