Capítulo 03 - Desconfiança

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- Bom dia. - murmurei assim que entrei na cozinha, onde meu pai, minha mãe e Jean tomavam café da manhã.

Dormi bem à noite. Mas as poucas horas de sono não foram capazes de repor minhas energias.

A preguiça predominava em meu corpo inteiro, e tudo o que eu mais queria era estar na minha cama agora.

Ainda por cima de tudo, acordei atrasada depois de apertar a soneca do despertador umas cinco vezes. Acho que por pouco não taquei-o na parede.

- Bom dia. - responderam em coro e Jean colocou a mão sobre a cabeça fazendo uma careta logo em seguida.

Provavelmente ele deve estar morrendo de dor de cabeça por conta do excesso da bebida de ontem. Ainda bem que desse mal eu não sofro. Mas em compensação estou com sono e preguiça.

Me sentei na mesa e comecei a tomar meu café lentamente, como se eu tivesse todo o tempo do mundo.

- Com sono filha? - meu pai ironizou, vendo que eu estava com preguiça até de comer, coisa que é bem incomum, se tratando de mim.

- Não pai, é só a lerdeza da manhã mesmo. - respondi com um sorrisinho sarcástico.

Eu não admitiria que não deveria ter ido na festa. Apesar de ter sido legal acabou com qualquer plano que eu tinha de fazer algo útil hoje.

- Normalmente, a lerdeza matinal não atrapalha você a comer tudo o que vê pela frente em segundos. - ironizou novamente, com a intenção de que eu admitisse o que ele queria ouvir.

E a festa, além de ter acabado com qualquer plano que eu tinha de fazer algo útil hoje, ainda tomou a minha enorme vontade de ganhar uma disputa, e formular frases para isso.

Fui salva pelo telefone do meu pai tocando.

Ele atendeu e logo se despediu dizendo que tinha que ir imediatamente para a empresa.

- Desse jeito vamos nos atrasar. - Jean disse se referindo à minha lentidão para comer.

- Falando em atrasar - minha mãe se levantou da mesa - Eu já vou indo, antes que me atrase. -  deu um beijo em minha testa e na testa do Jean - Não se atrasem, e juízo. Amo vocês. - completou e se retirou da cozinha.

Peguei mais uma bolacha para comer e Jean me olhou feio.

- Anda logo.

Terminei de comer a bolacha e me levantei.

- Se eu fosse você, ficaria calado. - avisei.

Após escovar os dentes e pegar a mochila no sofá da sala, saímos de casa.

- Por que se você fosse eu ficaria calada? - perguntou, retornando ao assunto enquanto andávamos em direção à escola.

- Por que você é um idiota. - falei cruzando os braços - Tem noção do que fez ontem?

- Bebi demais. Só isso. - deu de ombros.

- Ah, claro. Além de ter feito eu cuidar como uma babá de você, ter feito eu inventar algumas coisas pro nosso pai e... Falta alguma coisa... - fingi estar tentando me lembrar - Ah é, além de quase ter ficado pelado bem na minha frente. 

Ele arregalou os olhos e me encarou por alguns segundos. Mas logo soltou uma gargalhada.

- O quê? Você está louca. - falou ainda rindo - Só se for nos seus sonhos que eu ficaria pelado em sua frente.

- Eu consideraria isso mais como um pesadelo e não um sonho. - debochei - E eu estou falando sério, você ultrapassou todos os limites ontem, merecia um bom castigo.

Considerávelmente IrmãosOnde histórias criam vida. Descubra agora