Capítulo 01 - Assuntos tediantes

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Dias atuais:

Victória narrando

- Vick, só falta você, vamos nos atrasar. - meu pai gritou impaciente do andar de baixo.

Revirei os olhos colocando meu par de brincos de pedrinhas azuis, bem parecida com a cor dos meus olhos por sinal.

- Já vou. - gritei de volta, peguei meu celular e minha bolsa e desci as escadas, meu pai, minha mãe e Jean realmente já estavam todos prontos, somente me esperando - Vamos?

- Finalmente, pensei que estava se arrumando para casar. - Jean comentou sarcástico.

- Claro, um dia eu chego lá.

- Um dia bem, mas bem distante. Daqui uns vinte anos quem sabe. - meu pai comentou enquanto destravava o carro e entrávamos no mesmo.

- Ah, claro. Vou me casar com trinta e seis anos. Óbvio que quando eu estiver com essa idade vou encontrar um príncipe encantado e ele vai se apaixonar pela doce velhinha e nós vamos nos casar e viveremos felizes para sempre. - brinquei enquanto meu pai dava partida no carro.

- Maninha, acho que você não vai encontrar um príncipe encantado nem agora com seus dezesseis anos, quem dirá com seus trinta e seis. - Jean ironizou e eu lhe fuzilei com o olhar.

- Iiih filha, que idéia é essa de que com trinta e seis você já vai estar velhinha? Eu já estou beirando os quarenta e não estou tão acabada assim. - deu uma pausa - Ou estou? - olhou pra si mesma fazendo todos nós rirmos.

- Amor, você está ótima. - disse meu pai pousando sua mão na coxa da minha mãe - Depois de treze anos de casados você não mudou nada, continua maravilhosa - estávamos parados em um sinal, portanto meu pai se aproximou do ouvido da minha mãe - E quando digo que continua ótima não é só na aparência. - falou, baixíssimo, mas como tenho ouvidos muito bons, acabei escutando.

Eu e Jean reviramos os olhos fazendo uma careta. As vezes eles eram irritantemente melosos.

- Pai, o sinal abriu. - comuniquei na tentativa de faze-lo parar de trocar olhares com minha mãe e prestar mais atenção no trânsito.

E consegui.

Logo chegamos na casa dos meus avós. Aquele era o típico fim de semana chato que a família se reunia para almoçar. Não que meus avós fossem chatos, longe disso, mas eles eram bem mais legais quando estavam sozinhos sem nenhum outro adulto por perto, caso contrário eles começariam a falar sobre assuntos chatos e irritantes.

- Que bom que vocês chegaram. - disse minha avó assim que abriu a porta - Você está linda Vick. - me abraçou e eu agradeci.

Entrei na sala e encontrei o meu avô sentado, ele logo se levantou para nos abraçar.

- Que ótimo que vocês chegaram, eu estava mesmo com fome. - brincou enquanto passava a mão pela barriga.

Logo estávamos sentados ao redor da mesa, almoçavamos tranquilamente, não podia negar que a comida da vovó era perfeitamente boa.

- Vó, um dia desses você poderia me ensinar a cozinhar. Quero aprender esse seu ingrediente especial que deixa tudo mais gostoso.

- É só fazer com amor minha filha. Tudo que é feito com amor fica mais gostoso.

Percebi que Jean reprimiu a vontade de rir, e eu não estava tão diferente, estávamos pensando na mesma coisa. O segundo sentido da frase. Patético, eu sei.

- Filha, por um acaso está insinuando que a minha comida é ruim? - Dona Emanuelly perguntou fazendo cara de ofendida.

- Claro que não mamãe. - balancei a cabeça negativamente - Sua comida é ótima. Você é ótima. - joguei um beijo no ar pra ela, e novamente reprimi a vontade de rir juntamente com Jean.

Considerávelmente IrmãosOnde histórias criam vida. Descubra agora